Vida e morte: reflexão

O artigo a seguir faz uma reflexão sobre a vida e algumas colocações sobre o medo e como enfrentá-lo.

29 SET 2016 · Leitura: min.
Vida e morte: reflexão

"Não se pode aprender a amar, tal como não se pode aprender a morrer. Chegado o momento, o amor e a morte atacarão – mas não se tem a mínima ideia de quando isso acontecerá. Quando acontecer, vai pegar você desprevenido", fala o autor Bauman.

De fato, cada vez que respiramos, afastamos a morte que nos ameaça, mas, no final, ela vence, pois desde o nascimento esse é o nosso destino. Continuamos vivendo com grande interesse e inquietação da mesma forma que sopramos uma bolha de sabão até ficar bem grande, embora tenhamos absoluta certeza de que a mesma vai estourar. Já os estoicos, diziam: "Começamos a morrer quando nascemos".

A principal ou primeira motivação é a própria vida, ou seja, manter-se vivo e apreciar a vida; esse é um leitmoyiv que se encontra em todos os povos, em todas as classes sociais, em todos os níveis de existência.

A sensação de completude, de ter "consumado a vida", reduz a angústia da morte. O viver ou morrer nada mais é que consequência do construído. O importante é construir bem.

Esse é um assunto que com frequência nos perguntamos, Como viver bem? Como encarar o fato de sermos mortais? Para Schopenhauer o método para afastar a angústia da morte é quanto mais realização pessoal houver, menor será a angústia da morte. Este argumento é, sem dúvida, forte. Médicos que tratam de pacientes terminais já notaram que a angústia é maior nos que acham que tiveram uma vida mal realizada.

A angústia da morte outro assunto interessante. Tememos a morte porque ela é estranha e desconhecida? Estamos enganados, pois a morte é muito mais conhecida do que pensamos. Não só sentimos o que ela é todos os dias, no sono ou em estados de inconsciência, mas todos nós passamos por um estado não-ser antes de sermos concebidos.

Tememos a morte porque ela é má? (Pense nos horríveis desenhos e ilustrações que costumam representar a morte.) Yalom fala: "É absurdo considerar a não-existência como ruim: cada mal, como cada bem, pressupõe existência e consciência. (...) e claro que não é ruim perder o que não se pode ter" .

A vida é sofrimento, um mal em si. Então, será ruim perder uma coisa ruim? A morte, deveria ser considerada uma benção, um alívio da inexorável angústia da existência bípede. "Deveríamos saudar a morte como um fato feliz e desejado, em vez de, como costuma ser, com medo e tremor. Deveríamos insultar a vida por interromper nossa agradável não-existência".

Mas melhor pensemos na vida, como viver bem? Leonardo Boff lembra uma frase bíblica: "escolha a vida e viverá". Mas como? Gostaria de sugerir um pensamento de Rubens Alves: "Os filósofos antigos reduziam o essencial a quatro elementos fundamentais: a água, a terra, o ar, o fogo. Concordo com eles. Sabiam dos segredos da alma.

Pois é disto que somos feitos. Posso imaginar um mundo sem as maravilhas da técnica, sem que eu sinta, por isto, nenhuma tristeza especial. Mas não posso pensar em um mundo sem a chuva que cai, sem regatos cristalinos, sem o mar misterioso... Não posso imaginar um mundo sem o calor do sol que agrada a pele e colore o poente, sem o fogo que ilumina e aquece... Não posso imaginar um mundo sem o vento onde navegam as nuvens, os pássaros e os cheios das magnólias.

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Escrito por

Cecilia Urbina

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