Pânico: uma angústia avassaladora

Angústia: afeto que não engana! Não engana porque afeta o corpo e coloca o sujeito em torno de um enigma: "o que fazer com Isso?"

19 OUT 2022 · Leitura: min.
Pânico: uma angústia avassaladora

O termo Síndrome do Pânico é uma noção psiquiátrica que busca nomear uma experiência de mal-estar subjetivo que suscita diversas sensações corporais. O sentimento de perda de controle e a dificuldade de localizar um objeto que lhe oriente é comumente descrito por quem passa por esses episódios. Diferente da fobia que tem no horizonte um objeto que causa medo, nas experiências de Pânico o indivíduo está sob uma sensação de ameaça, embora não consiga relacionar com nenhuma ocorrência no ambiente. Esse fato dificulta a possibilidade da construção de recurso psíquico para lidar com o acontecimento.

As sensações tomam as mais diversas formas, sendo o corpo o caminho para descarga do conflito subjetivo não elaborado. Os sintomas mais descritos são palpitações, sudorese (suor), tremores, falta de ar, medo de morrer e/ou enlouquecer, entre outros. Em virtude da sintomatologia é frequentemente associado com uma suspeita de infarto. Por isso, muitas pessoas vão buscar auxílio em unidades de emergências.

Há uma preocupação constante com a possibilidade de ocorrência de novos episódios em decorrência da não previsibilidade, causando repercussão na qualidade de vida de quem sofre. Além disso, ocasiona um excesso de observação das sensações corporais, elevando o nível de tensão experienciada.

A experiência de angústia intensa, como descrito acima, desvela um desamparo particularmente humano. Ao nascer, o bebê não possui condições motoras e subjetivas para manter os aparatos necessários a sua sobrevivência. Essa situação de prematuridade lhe coloca em relação de dependência com o outro que assume o papel de cuidado. Questões atuais podem reeditar a vivência de desamparo inicial e fragilizar as defesas do sujeito.

O sofrimento é uma experiência de linguagem, portanto, é necessário recorrer ao recurso da fala para atravessá-lo. O sujeito que sofre e fala sobre isso tem a oportunidade de saber mais sobre o que está lhe causando mal-estar. A angústia excessiva aponta para um sinal de morte do desejo do sujeito, logo o tratamento poderá favorecer uma nova relação do sujeito com o seu desejo.

O tratamento psicanalítico tem como pilar a singularidade do sujeito, pois o que interessa é escutar o discurso daquele que sofre e não sabe o motivo (não sabe que sabe). Qual a condição o coloca nesse estado de extrema angústia? Por que comportamentos que lhe traz sofrimento se repetem? A análise é, muitas vezes, um espaço difícil e doloroso porque traz à tona questões "esquecidas". O "não quero saber nada sobre isso" frequentemente faz as pessoas procurarem soluções paliativas que tamponam a causa dessa angústia intensa. Contudo, o que não encontra o caminho da cura encontra o da repetição, lançando o sujeito "de novo e de novo" na agonia do sofrimento.

Que as questões possam se tornar enigmas que movimentem seu saber e te faça encontrar formas menos sofridas de experimentar a vida. A angústia também pode levar ao movimento.

Ps. A imagem utilizada refere-se à obra-prima "O Grito" do pintor norueguês Edvard Munch (1893).

Referências Bibliográficas

Freud, Sigmund. (1976). Inibições, sintomas e ansiedade. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 20). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1926).

Lacan, Jacques. (2005[1962-63]) O Seminário, livro 10: a angústia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p. 440.

Laurent, Eric. (2007). Desangustiar?. In: A sociedade do sintoma: a psicanálise hoje. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, p. 111-124.

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Escrito por

Taiane Ventura

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