Use sua ansiedade a seu favor

A ansiedade não precisa ser vista como sua inimiga! Ela é parte integrante do movimento de estar vivo, mas precisamos cuidar melhor dela.

14 OUT 2021 · Leitura: min.
Use sua ansiedade a seu favor

Uma das maiores dificuldades que temos é diferenciar medo de ansiedade, já que as sensações corporais são muito parecidas. Ambos são sentimentos naturais e básicos da condição humana. Não se assuste, você não é o único que não passou por isso. Único seria o ser humano que jamais tivesse passado.

Mas é preciso observar se a vida tem sido apenas dor. Ela também precisa nos oferecer algum tipo de respiro – já diria Foucault: "um pouco de possível, senão sufoco". Ainda nessa mesma ideia, gosto muito de um lema da Karina Fukumitsu: "se tem vida, tem jeito". Estamos falando das possibilidades. Pinto (2021) acredita que devemos tomar as previsões de futuro pessimistas que vemos como certeza e transformá-las em um "talvez", substituindo o "jamais". O autor pensa que devemos substituir a ansiedade pelo medo, dando tons mais concretos e realistas às nossas fantasias pessimistas, de forma que possamos encarar o medo com coragem.

No livro "dialogar com a ansiedade", Ênio vê que, como a ansiedade é uma vivencia básica do ser humano, ela também pode ser um sentimento positivo. Num acompanhamento em psicoterapia, devemos transformar nossas "ansiedades ruins em ansiedades boas", ou seja, presentificar nossos temores e encara-los com coragem.

O que marca a ansiedade como saudável ou não é a intensidade e a forma como ela se manifesta em cada momento e em cada pessoa. Uma pequena dose de ansiedade gera cuidado, zelo, podemos nos prevenir, o que é bom – aquele que sempre vê todas as possibilidades como positivas é ingênuo. Mas, se em excesso, se torna controle. Ai sim temos um problema a encarar.

A ansiedade é fruto de uma ameaça do meio, algo que não sabemos se seremos capazes de lidar, algo que queremos antecipar (Pinto, 2019).

Ou seja, sua ansiedade pode sim ser saudável desde que manejada de forma adequada.

A questão é que estamos acostumados a não querer lidar com nossas angustias, ansiedades e medos, por isso tendemos a buscar uma fuga imediata disso. Não há espaço que nos permitimos sentir ansiedade. Ninguém quer estar minimamente mal o tempo todo, não se aceita menos que isso. Mas isso não é humano.

Não podemos excluir os sentimentos ruins de nossas vidas, eles nos são muito importantes. Na Gestalt-terapia (abordagem teórica ao qual me oriento), vemos esses sentimentos como sinalização de que algo em nós pede ajuda. Esse pedido precisa ser acolhido, não silenciado.

Uma pequena observação: caso você esteja se identificando com o texto e reconhece em si sintomas de ansiedade, não quero dizer, de modo algum, que você lidou com as situações de uma forma equivocada. Entendemos que esses sintomas são a melhor adaptação possível que você tenha encontrado até então. Continuando:

O acolhimento começa na escuta e no compartilhamento desses sofrimentos. Claro que não falo de qualquer escuta, falo de uma atenção especifica (até pra você não sair por ai ouvindo coisas cruéis como "isso é frescura, para de besteira"). Me refiro a escuta que um psicólogo possui.

Busque um profissional que te ajude a escutar melhor esses sentimentos, não os deixe pra depois, as coisas tendem a acumular como uma bola de neve.

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Escrito por

Eloisa Goronci

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Bibliografia

Pinto, E. B. (2019). A ansiedade: alguns aspectos de sua vivência na contemporaneidade. Trabalho apresentado em mesa redonda na X Jornada Paulista de Gestalt, no Instituto Sedes Sapientae, em 04 de maio de 2019

Pinto, E. B. (2021). Dialogar com a ansiedade: uma vereda para o cuidado. Summus: São Paulo.

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