Terapia Online: vale a pena?

A ampliação da oferta de terapia online tem se revelado como reflexo da recente resolução do Conselho Federal de Psicologia (11/2018) que passou a permitir atendimentos psicológicos

28 MAR 2021 · Leitura: min.
Terapia Online: vale a pena?

A ampliação da oferta de terapia online tem se revelado como reflexo da recente resolução do Conselho Federal de Psicologia (11/2018) que passou a permitir atendimentos psicológicos, sem limite de consultas e restrição do tipo de serviço oferecido (com exceção aos atendimentos de urgência, que continuam proibidos). A medida é fruto de muita discussão a respeito do contexto que demanda e propicia um olhar atualizado, mas a eficácia ainda carece de consenso entre profissionais de diferentes abordagens clínicas: há quem defenda que o atendimento virtual compromete a relação terapêutica, pois dificulta a comunicação não verbal , mas também os que enxergam no atendimento online uma possibilidade de democratizar o acesso, uma vez que ainda é visto como elitizado.

Pensando nisso, elenquei alguns pontos para nos ajudar a refletir sobre estes e outros motivos da discussão:

Alcance de Acesso:

Embora tenhamos que considerar que nem todos os pacientes dispõem de uma estrutura física que permita privacidade durante a sessão, o ambiente virtual, de um modo geral, tem contribuído na proposta de encurtar a distância do terapeuta x paciente, tanto pela perspectiva de ganho de um "lugar acessível" quanto pelo aumento da visibilidade do serviço. Logo a abrangência dos contemplados, que varia de idosos, intercambistas, pessoas de baixa renda e que de alguma forma possuem dificuldade no deslocamento, compensa no final. A propósito, a respeito de brasileiros no exterior, nota-se uma preferência por atendimento de psicólogos brasileiros, tendo em vista a familiaridade diante de um contexto estrangeiro.

Otimização do tempo:

O deslocamento até o consultório requer tempo e dependendo da circunstância pode desestimular a continuidade do serviço, mesmo que a "resistência" do paciente possa servir como informação valiosa para o processo psicoterápico, dependendo da abordagem do psicólogo.

Economia:

E por falar em tempo, falemos então da economia de ambos os lados: do profissional que diminui os custos que um espaço físico requer (como aluguel do imóvel / sala, por exemplo) e do paciente com transporte.

Segurança:

A responsabilidade pelo sigilo é do profissional, e portanto, necessita de uma plataforma segura. Hoje temos várias possibilidades gratuitas e criptografadas que asseguram sigilo profissional. Além disso, diante de um contexto pandêmico ou de qualquer situação que seja necessária o isolamento social, a terapia online se apresenta como um recurso valioso, garantindo escuta e acolhimento.

Oscilações da Internet:

É sem dúvida uma das grandes dificuldades, quando consideramos requisito básico para comunicação. Esta quando prejudicada, interfere diretamente na construção de um raciocínio, elaboração de um conteúdo ou até mesmo nas expressões de ambos.

Flexibilidade:

Ao passo que a flexibilidade de horários e remarcações sujeitas a imprevistos se destacam como vantagens do serviço online, caso seja frequente, podem prejudicar à eficácia do processo terapêutico. Nada que não seja ajustável, através de uma revisão do contrato estabelecido.

Restrições de grupos:

Embora a proposta do atendimento clínico online seja nova e ainda careça de muito estudo, é importante ressaltar que nem todos os casos podem ser efetivos neste atendimento. O atendimento online a crianças, por exemplo, pode ser desafiador e merece um acompanhamento presencial, principalmente porque a maioria das abordagens pressupõem a ludoterapia, ou seja, o "brincar" como método. Da mesma forma, os quadros que representam risco ao paciente não podem ser contemplados à distância.

Afinal, a Terapia Online compensa?

Eu diria que sim, dependendo da gravidade do quadro e respeitando as orientações do CFP. Embora a comunicação presencial seja insubstituível, principalmente quando ponderamos a tendência de uma geração cada vez mais isolada em mundos virtuais (redes sociais, jogos online) e pouca interação social (intensificada pela pandemia), reconhecer a possibilidade desse recurso, principalmente levando em consideração os casos em que o acesso a uma clínica é privilegio para poucos, é fundamental. Além disso, o elo formado entre terapeuta e paciente é subjetivo, mesmo em um espaço físico.

Referência Bibliográfica:

Site CPF: https://site.cfp.org.br/cfp-publica-nova-resolucao-sobre-atendimento-psicologico-online/

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Escrito por

Thais Souza

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