Psicólogo pode se expressar?
Quem aí já escutou que psicólogo não pode demonstrar seus sentimentos? Que precisa manter a poker face? Que não pode levar experiências pessoais?
Na época da faculdade volta e meia esse questionamento aparecia pois era uma dúvida que muitos tinham, como um profissional de psicologia deve se comportar nos atendimentos? O que pode e o que não pode ser dito? Posso chorar? Posso rir? Posso não concordar com algo?
A resposta para essas perguntas não variava muito, no final basicamente era sempre basicamente que a postura ideal de um profissional de psicologia é a de relativo afastamento, não pode se expressar, não pode demonstrar suas emoções, não pode usar exemplos particulares, enfim, se expor o menos possível na frente do outro enquanto estiver em um atendimento, não levantar pontos pessoais.
Quando me formei e passei a fazer meus próprios atendimentos, fui percebendo que demonstrar minhas emoções também era uma forma de fazer com que o outro se sentisse acolhido e mais confortável em se abrir comigo, até porque, quando conversamos com outra pessoa e sentimentos que ela nos entende, que está se esforçando para se colocar no nosso lugar e sentir nossas dores, realmente está escutando o que estamos falando, a tendência é que a gente se sinta muito mais confortável e acolhido e consequentemente se abra muito mais.
Obviamente o profissional não deve fazer daquele espaço seu, como se fosse a sua terapia e um espaço para desabafo seu, principalmente porque esse não é o foco, nos atendimentos o foco deve sempre ser a outra pessoa. Mas se abrir um pouco em determinados momentos faz com que o outro se sinta mais próximo. Talvez em determinado momento falar de uma experiência parecida com a que está sendo relatada e compartilhar a sua forma de lidar com a situação possa ajudar a pessoa a ter outra perspectiva, a ter outras reflexões que antes não teve. E o processo terapêutico possui exatamente esse objetivo, de fazer com que a pessoa possa ver outras perceptivas, possa refletir sobre as queixas levantadas, refletir sobre outras formas de lidar com as situações que surgem ao longo da vida.
Até porque, se for para conversar com alguém que não demonstra nada e que fica o atendimento inteiro com cara de paisagem, não seria mais fácil conversar com um robô da internet do que pagar um profissional que parece que nem está se importante com que o que está sendo dito?
Acredito que essa questão ainda seja muito presente, até porque a postura do profissional vai variar muito por diversos motivos. Vai desde a própria abordagem que o profissional usa, isso por si só já influencia em muitas coisas, não apenas na postura da pessoa, até o perfil daquele profissional vai influenciar muito, algumas pessoas são mais reservadas, outras se abrem mais, alguns profissionais são mais sérios, outros são mais expressivos, e está tudo bem. Não existe um manual de etiqueta falando sobre como cada pessoa deve se comportar, o importante é que tanto o profissional quanto o outro, se sintam confortáveis em estar ali juntos e que possam construir um caminho bom para os dois lados.
Lembrando que também é necessário levarmos em conta o perfil da pessoa que busca acompanhamento também. Talvez a pessoa se sinta mais confortável com profissionais mais sérios, ou talvez se sinta mais confortável com profissionais que se expressem mais. E também está tudo bem!
O que vocês acham sobre esse assunto? Possuem alguma preferência de perfil?
Referências bibliográficas:
Gil, A. C.. (1985). O psicólogo e sua ideologia. Psicologia: Ciência E Profissão, 5(Psicol. cienc. prof., 1985 5(1)), 12–17. Ferreira Amendola, Marcia História da construção do Código de Ética Profissional do Psicólogo Estudos e Pesquisas em Psicologia, vol. 14, núm. 2, 2014, pp. 660-685 Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Brasil
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