O que é ansiedade e como tratar

Primeiro, o medo toma conta do corpo, e a sensação de que uma possível situação de perigo pode acontecer a qualquer momento.

27 JAN 2022 · Leitura: min.
O que é ansiedade e como tratar

O QUE É ANSIEDADE E COMO TRATAR

Primeiro, o medo toma conta do corpo, e a sensação de que uma possível situação de perigo pode acontecer a qualquer momento. Em seguida, o coração acelera e a respiração fica curta e ofegante, causando falta de ar e a sensação de opressão no peito. Você já sentiu esses sintomas? Isso pode ser uma crise de ansiedade.

Mas o que é ansiedade?

A ansiedade é uma resposta natural do nosso corpo para lidar com ameaças, uma mensagem para o organismo se preparar para lutar ou fugir. Ela se torna um problema quando os sintomas surgem sem uma ameaça real e concreta.

Quando pensamos e antecipamos uma situação que o nosso cérebro entende como uma situação de perigo, o sistema simpático é acionado e a amígdala que é uma parte primitiva do cérebro, responsável pelo medo e o sistema de alerta, envia informações para as glândulas supra-renais produzindo adrenalina e cortisol, fazendo com que esses hormônios sejam liberados na nossa corrente sanguínea, o que faz com que nosso organismo fique hiperativo, nos preparando para fugir, entrar em combate ou paralisar (congelar). A adrenalina e cortisol fazem com que, nosso coração acelere podendo provocar, taquicardia, sudorese, tensão muscular, falta de ar, boca seca, tontura, incontinência urinária, diarreia, tremedeira, dor no peito e fadiga muscular.

Não é só a amígdala hiperativa que saí do normal no cérebro ansioso. Os pesquisadores perceberam uma alteração na atividade do córtex pré-motor. É essa a área que prepara o corpo para se movimentar com a função de lutar ou correr.

Em alguns casos ocorre uma inibição na atividade do córtex pré-motor, e essa inibição" é exatamente o que faz o ansioso sentir que não consegue se mexer em situações de estresse: deu tilt, congelou, travou, paralisou.

O que é crise de ansiedade?

É comum se sentir ansioso em diversas situações cotidianas, como na expectativa para algum encontro, uma entrevista de emprego na preparação de um trabalho importante ou no recebimento de alguma notícia. Entretanto, quando isso se torna frequente ao ponto de dificultar tarefas diárias, a ansiedade deixa de ser uma característica para se tornar um transtorno.

Uma crise de ansiedade é como um curto-circuito gerado no corpo e na mente, provocando uma descarga de noradrenalina e adrenalina pelo organismo. As manifestações físicas da crise, em sua alta intensidade é causada por descarga dessas substâncias no organismo, junto com outros processos.

Isso acontece devido nossos medos infundados ou ainda nas situações em que passamos a viver em estado de constante alerta como se esperássemos que algo ruim fosse acontecer a qualquer momento.

O que fazer em uma crise de ansiedade?

O primeiro passo é sentar, respirar fundo com pausas, e com isso ir tentando diminuir a velocidade e controlar a respiração com exercícios de hiperventilação, controlar a respiração e fazer com que ela fique mais lenda e menos curto é fundamental.

Segundo passo, nunca tente lutar contra a ansiedade, isso apenas aumenta os sintomas indesejados. No lugar de você ficar lutando contra os pensamentos e sintomas, continue sentado e comece a olhar para os seus pés, concentre nele, observe cada detalhe do seu causado e dos seus pés, isso vai fazer com que mude o foco do gatilho que aciona a ansiedade.

Terceiro passo é identificar o que está acontecendo com o seu corpo. Observe quais as sensações e reações fisiológicas acontecem no seu corpo, e descreva também as emoções e sentimentos.

Quarto passo é você identificar o seu pensamento, em que você está pensando no momento da crise e questione e racionalize o seus pensamentos, procure evidência contra e se possível mude o foco ou substitua o pensamento negativo por um positivo. Os pensamentos podem ser o gatilho para disparar a ansiedade

Quinto passo, faça um exercício de relaxamento, tente tencionar e relaxar os músculos ao máximo. Tente alongar e soltar a musculatura de todo o corpo. na posição que se sentir mais a vontade.

Como tratar a ansiedade?

A maneira mais adequada eficaz de tratar a ansiedade é com o auxílio de um profissional capacitado, como o psicólogo ou psiquiatra. Esses profissionais são indicados para diagnosticar o problema e ajudar a lidar com ele no dia a dia.

Além da psicoterapia, juntamente com o tratamento psiquiátrico medicamentoso, também pode-se utilizar da meditação, yoga, acupuntura, atividade física e atividades ocupacionais prazerosas para o tratamento da ansiedade.

Investir em momentos de lazer também é muito importante, se descubra, faça mais daquilo que mais gosta e que traz efeitos positivos para sua vida. Pratique atividade física, a atividade física vai equilibrar os hormônios do corpo e a química do cérebro, secretando hormônios como endorfina, dopamina, serotonina e transformando os em neurotransmissores do prazer e bem estar.

Tratamento Cognitivo Comportamental para Ansiedade

A Terapia Cognitivo Comportamental é uma abordagem psicoterapêutica que tem dado muito resultado no tratamento para ansiedade. A TCC trabalha com o que a psicologia chama de Reestruturação Cognitiva. A Reestruturação Cognitiva é um processo onde o psicólogo identifica os pensamentos automáticos disfuncionais, através de uma ferramenta chamda, Registro de pensamentos disfuncionais (R.P.D). Onde o psicólogo discrimina com o paciente, a associação da situação, pensamentos, sentimento, emoções, comportamentos, e evidências sobre o fato. Através do R.P.D, também se identifica as atitudes, pressupostos pensamentos e crenças distorcidas que estão por trás dessas atitudes.

Após identificar as Distorções Cognitivas, Crenças e Regras envolvidas, o psicoterapeuta começa a Reestruturar a Cognição através de uma ferramenta que serve para gerar alternativas no espectro expectativa. Esse é um método de flexibilização cognitiva e desenvolvimento de um raciocínio realisticamente otimista através do espectro expectativa. Essa ferramenta é usada, sempre que houver distorções cognitivas ou atribuições pessimistas. Os nossos pensamentos podem projetar níveis diferentes de pessimismo ou otimismo. Nesse sentido, podemos conhecer os cinco níveis de avaliação, para identificar o padrão de pensamentos que estamos nutrindo. Sendo que, o nível reconhecido como o mais saudável é o do "realismo otimista", porque direciona a pessoa para soluções ou resultados positivos, sem perder a sensibilidade à realidade.

Dessa forma, o psicoterapeuta pede ao paciente para que ele identifique onde está o seu pensamento dentro do espectro expectativo, que vai de do pensamento catastrófico ao utópico. Sendo assim, o espectro tem cinco tipos de pensamentos, o catastrofismo, pessimismo, realismo, otimista, utopismo. Após o paciente identificar em qual classificação está o seu pensamento, o psicólogo pede para ele imaginar o seu pensamento nós outros espectros, fazendo com que ele desenvolva flexibilidade cognitiva e amplie seu campo de visão e possibilidades, reestruturando assim a sua cognição que antes estava distorcida.

Quando as distorções cognitivas são reestruturadas, os pensamentos disfuncionais que eram gatilhos para as respostas ansiogenicas do organismo não são mais eliciados, deixando de acontecer, reduzindo assim os sintomas chamados de transtorno de ansiedade.

Existem outras ferramentas e técnicas que podem ser aplicadas na Terapia Cognitivo Comportamental, como a seta descendente que servi para identificar crenças e regras, como o questionamento socrático para reestruturação cognitiva que vai levar o paciente a avaliar melhor os seus pensamentos e vai ensina-lo a modificar as suas preocupações e pensamentos negativos.

Vamos lá, tente racionalizar seus pensamentos, levantando questionamentos como: Que provas eu tenho da verdade de cada pensamento? Que outras possibilidades eu tenho para compreender a situação? Qual é a pior coisa que pode acontecer? A melhor? A mais provável? Eu poderia superar isso? O que de melhor poderia acontecer? Qual é o resultado mais realista? Qual o efeito de eu acreditar no pensamento automático? Qual seria o efeito de eu mudar o meu pensamento? De que forma alternativa você poderia pensar?", O que eu deveria fazer em relação a isso?

Procure imaginar um amigo que pudesse estar passando pelo que você está e tendo os sentimentos e pensamentos que você está tendo, o que você diria para ele? Como outro pensaria diante da mesma situação? Como aconselharia outra pessoa nessa situação? A sua cognição te ajudara na realização da sua meta? Qual o efeito de se crer em uma interpretação alternativa? O quanto vc crer de ( 0 a 100) Fale-me como está pensando sobre o fenômeno, sobre tudo isso. O que você está sentindo quando pensa na situação, qual emoção seus pensamentos estão evocando? Qual é agora o seu plano de ação para lidar com a situação? Em eventos no futuro como pensar, sentir e agir diferentemente?

Após o questionamento socrático sua cognição será reestruturada, reduzindo assim a frequência de pensamentos automáticos negativos que acabam produzindo a ansiedade patológica. Mas lembre-se que a reestruturação cognitiva é um processo, é deve ser feito com consistência e constância, para que ocorra de forma mais efetiva e assertiva possível.

Referências:

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CABALLO, V. E. Manual para o tratamento cognitivo-comportamental dos transtornos psicológicos, v. 1, trad. Magali de Lourdes Pedro. São Paulo: Editora Santos, 2003.

MATSUDO, V. Agita São Paulo. Disponível em: www.agitasp.com.br McMULLIN, R. Manual de técnicas em terapia cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2005.

Braga, J. E. F., Pordeus, L. C., Silva, A. T. M. C., Pimenta, F. C. F., Diniz, M. F. F. M., & Almeida, R. N. D. (2010). Ansiedade patológica: bases neurais e avanços na abordagem psicofarmacológica. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, 14(2), 93-100.

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BECK, J. Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e Prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014

WRIGHT, J.; BASCO, M.; THASE, M. Aprendendo a terapia cognivo-comportamental: um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2008

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Escrito por

Adalberto Silva

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