Mitomania: quando a mentira é uma compulsão

Quando a mentira passa longe de ser uma brincadeira e se converte em hábito e, inclusive, compulsão, é momento de buscar apoio psicológico para lidar com as causas de tal comportamento.

31 MAR 2017 · Leitura: min.
Mitomania: quando a mentira é uma compulsão

Quem nunca se divertiu com o famoso 1º de Abril, aproveitando para contar aquela mentirinha para os pais ou colegas de trabalho, e se divertindo com as reações antes de anunciar "Dia da Mentira!"? Brincadeiras assim, além de divertidas, podem ser saudáveis.

Mas você sabia que, para algumas pessoas, todos os dias são dia da mentira? Conheça mais sobre a mitomania, a compulsão por mentir!

O que caracteriza a mitomania?

A mitomania é quando se tem um mentiroso patológico, um quadro no qual a pessoa sente uma compulsão por mentir. Mesmo estando consciente de que sua narrativa não é verdadeira, o mitômano não consegue controlar seu hábito de mentir.

As mentiras podem estar relacionadas a fatos extremamente simples, que não agregam qualquer valor à vida do indivíduo, como, por exemplo, falar que vai até uma padaria quando na verdade seu destino é a banca de jornal. Também podem envolver fatos mais complexos, com a presença de fatores excepcionais, como dizer conhecer alguma pessoa famosa, possuir algum bem material que seja desejo daqueles que fazem parte de seu círculo social, e assim por diante.

Diferente da maioria das pessoas, os mitômanos não tendem a sentir remorso ou culpa ao contarem uma mentira, mas podem demonstrar-se constrangidos quando revelados ou contrariados.

Na mitomania, normalmente são contadas:

  • histórias que não são improváveis e que podem conter referências da realidade, havendo distorções de fatos;
  • aventuras imaginárias com diferentes tipos de conteúdo, onde normalmente o mentiroso é sempre o herói ou a vítima;
  • histórias que não visam objetivos ou recompensas.

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Causas e origens da mitomania

A mitomania ainda é objeto de estudo, sem possuir pesquisas conclusivas. Ainda não foi possível estabelecer padrões, prevalências ou possíveis causas que possam ser atribuídas a fatores neurológicos ou psicológicos.

O que sabemos é que as causas normalmente estão vinculadas com os seguintes fatores:

  • baixa autoestima: faz com que a pessoa se autodeprecie internamente, buscando, através da mentira, valorização, aceitação em grupos e estabilização de sua insegurança emocional;
  • situações traumáticas da infância: situações que podem ser intensas, fazendo com que a pessoa tenha descoberto, através da mentira, uma maneira de fugir de sua realidade e preservar conteúdos desconfortáveis de pessoas de seu convívio social;
  • necessidade de atenção e temor em romper relações: encontra, através da mentira, uma forma de manter-se em evidência, acreditando que isso possa fortalecer seus relacionamentos, o que promove segurança;
  • exemplo no convívio: reprodução de comportamentos mentirosos de pais ou familiares próximos onde a mentira foi percebida como necessária durante a construção de sua personalidade nos primeiros anos de vida.

Vale ressaltar que, por se tratar de uma compulsão, a pessoa enfrenta dificuldades em impedir o comportamento, sentindo-se vulnerável e sem controle sobre o hábito de mentir.

Tratamento da mitomania

Para o tratamento de mitomania é indicado que seja realizado acompanhamento psicológico, no qual será possível identificar possíveis causas que levaram aquela pessoa a criar esse funcionamento, possibilitando a reflexão e auxílio na compreensão e no controle de seus comportamentos diante das dificuldades que enfrenta.

É importante que a terapia seja realizada, pois a mentira compulsiva, além de poder impactar negativamente nas relações interpessoais e profissionais, pode também causar sofrimentos a quem a pratica, gerando sensações de impotência, insegurança e conflitos sobre sua identidade.

Artigo escrito pela psicóloga Maitê Hammoud

Fotos: por MundoPsicologos.com

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Escrito por

Maitê Hammoud

Psicóloga clínica com curso de aperfeiçoamento em psicanálise, é especialista no atendimento de adolescentes, adultos e terceira idade. Seguindo a abordagem psicanalítica e da terapia breve, atua com foco em transtornos emocionais e comportamentais, relacionamentos interpessoais e questões familiares.

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Comentários 2
  • Dani Pinto

    Minha sogra é exatamente assim, nunca pensei que existisse isso. Quando vi o artigo vim correndo e tudo coincidem com que ela faz, mente demais, e a todo momento. E realmente quando alguém prova que ela tá falando mentiras, ela fica toda errada. Muito estranho esse comportamento. E eu realmente não sei lhe dar com isso. São tantas mentiras que isso enoja. Bjs

  • Jocka Mendes

    Conheço uma pessoa, que tem o hábito de mentir sucessivas vezes, e mesmo a gente conhecendo todo o contexto, a história ela ainda tenta provar que você está errado.

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