Faxinando pelo sonho

Não tem soberba ou preguiça que dê lugar a um desejo decidido. Estela e Enrique (nomes fictícios) querem se casar no "papel", com vestido, casa quase própria e festa. Mediante uma decisão gastadeira dessas, falta a grana. Não têm reserva ou salário para tanta coisa. Mas não se trata de uma vontadezinha qualquer, o desejo está lá, forte!

Pediram dinheiro emprestado para a mãe/futura sogra com finalidade de dar entrada para compra da casa, e ela emprestou. Mas como pagá-la? Os ganhos mensais já estão computados para as prestações. Pensaram daqui e dali e qual foi a surpresa? De modo peculiar decidiram oferecer o serviço de "faxinar" o escritório daquela de boa vontade. Os Reais que antes iam para o caixa da empresa responsável pela faxina, a partir de então, vai sanar a dívida do primeiro passo para aquisição da casa.

Todos os sábados, às vezes aos domingos, se vestem de humildade, tiram a bunda cadeira e lá vão eles faxinar. Dizem que às vezes ficam tão animados que até limpam os cantos que ninguém vê. Ambos estudam e trabalham.

Perguntei se não se sentiam cansados. Pergunta idiota. No fundo queria mesmo era saber como davam conta de tudo isso. Responderam que ficavam, mas que essa foi a solução encontrada. Se entendessem de Psicanálise poderiam dizer: desejo decidido.

Mediante criativa invenção, meus pensamentos entraram em ação. Primeiro me lembrei de umas baguncinhas disfarçadas há dias. Domingo que me aguarde! Depois me pus a separar meus desejos decididos das vontades que passam como vento. Faxinei as vontades e tirei a bunda da cadeira para os desejos. Alguém tem dúvida da faxinada do casal?

Foto: hatasvadasz articsoka (Flickr)

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