Relacionamentos abusivos: o sonho do relacionamento perfeito transforma-se em pesadelo

"O relacionamento abusivo deixa traumas e marcas profundas na vida da vítima, tanto nos aspectos emocional, psicológico, familiar e social."

10 DEZ 2017 · Leitura: min.
Relacionamentos abusivos: o sonho do relacionamento perfeito transforma-se em pesadelo

Podemos dizer que não é somente a agressão física que é considerada violência, pois, existem outras formas de violências, que causam o mesmo dano na vida de um indivíduo, tanto emocional como psicológico. Sendo assim se denomina como violência a pressão psicológica, o abuso sexual, as ameaças de forma verbal, o abuso físico, abuso digital e entre outras.

No caso dos relacionamentos abusivos, quando a vítima está envolvida com o agressor e encontra-se emaranhada neste relacionamento, torna-se muito difícil para que a mesma consiga enxergar com clareza que está vivendo um relacionamento destrutivo, a vítima se ilude pensando que tudo vai mudar, é só uma questão de tempo.

Existem alguns fatores que apontam o homem como aquele que tem maior probabilidade de ser o agressor dentro de um relacionamento abusivo, mas não existe um padrão que classifique que esse comportamento é somente realizado pelos homens, podendo também ocorrer pelo sexo oposto. Os mesmos comportamentos abusivos também ocorrem dentro de um relacionamento homoafetivo.

Dentro de um relacionamento abusivo é muito comum que exista a possibilidade de um dos cônjuges praticarem esses comportamentos entre ambos; isso ocorre com maior frequência com os casais mais jovens pelo fato da insegurança, a falta de experiências, ciúmes exagerado e as cobranças, uma porta aberta para o início das agressividades.

Normalmente no início do relacionamento o agressor apresenta um comportamento de uma pessoa muito encantadora, sedutor, faz inúmeras juras de amor e promessas, passando para a vítima a imagem de que ele é um verdadeiro príncipe, até o momento em que esse conto se transforma em um verdadeiro pesadelo.

Um tempo depois o agressor diante de algumas situações muitas vezes usará da pressão psicológica, na intenção de fazer com que a vítima acredite que a culpa é sempre dela e não de quem praticou as agressões, e de modo sutil o agressor consegue o seu objetivo, fazendo com que a vítima se coloque numa posição de inferioridade, não estando à altura do companheiro e isso a frustra, deixando-a sem saber como reagir.

Em alguns casos, existem vítimas de relacionamentos abusivos que passam anos envolvidos neste tipo de relação, não conseguindo compreender ou reagir, com dificuldades para perceberem que estão sendo prejudicados tanto nos aspectos emocionais, psicológicos, familiares e sociais. Os anos vividos dentro de um relacionamento abusivo faz com que a vítima desenvolva uma baixa autoestima, levando-a conformidade da situação.

O agressor possui uma fragilidade psicológica muito grande e isso faz com que ele fantasie que está sendo traído ou enganado pelo cônjuge. Sendo assim podemos citar alguns dos comportamentos praticados pelo agressor dentro de um relacionamento abusivo, como:

  • Manipulação: por meio do uso de estratégias, que sempre serão a favor do agressor, o mesmo tem como objetivo fazer com que a vítima sempre carregue a culpa das agressões sofridas.
  • O consumo exagerado de drogas e bebidas alcoólicas: o ato que se torna o motivo de desculpas após as agressões contra a vítima.
  • Desconfianças e ciúmes: o agressor faz com que a vítima se afaste dos seus familiares, amigos, escola, faculdade e do trabalho, tornando-se prisioneira dentro de sua própria casa.
  • Comportamentos possessivos: o agressor tem a intenção de controlar toda a rotina diária e os comportamentos da vítima.
  • Agressividade: após um ataque de raiva, violências e pressões psicológicas o agressor apresenta-se arrependido, pedindo perdão e disposto a mudar, prometendo não repetir o episódio.
  • Afastamento do convívio social: o agressor faz com que a vítima se afaste do todos os seus vínculos sociais.
  • Expor a vítima em público: o agressor usa desta estratégia para mostrar que ele sempre tem a razão, fazendo com que a vítima se torne insegura na frente de todos.
  • Arrependimentos e promessas: o agressor sempre repete o comportamento de pedir perdão e promete que irá mudar, mas logo o ciclo de agressividade torna a se repetir.
  • Punição: o agressor usa das chantagens e do isolamento contra a vítima, durante dias e também evitando a prática do ato sexual.
  • Afastamento das redes sociais: o agressor faz com a vítima exclua todas as suas redes sociais, proibindo o uso de celulares, tablets e notebook.
  • Agressões físicas: a vítima é espancada e muitas vezes por motivo de medo, vergonha e a dependência do outro, a mesma evita denunciar os espancamentos, dizendo ter sofrido um acidente doméstico.
  • Corte dos recursos financeiros: o agressor retira da vítima todos os acessos às finanças, como cartões de créditos, cheques e dinheiro fazendo com que a mesma fique dependente do agressor.

Algumas vítimas não conseguem sair deste relacionamento disfuncional porque trazem consigo aquelas crenças enraizadas de que são normais esses comportamentos nos relacionamentos; fantasiam que com o tempo conseguirá mudar as atitudes do companheiro; colocam o casamento como algo que jamais pode ser desfeito, submetendo-se a todos os tipos de agressões apenas para manter a aparência de uma família perfeita e constituída e o medo do julgamento alheio, preocupando-se com que os outros irão pensar e falar.

Para a vítima não é fácil compreender que está envolvida em um relacionamento abusivo e quando passa a entender o que está acontecendo, torna complicado fugir desta situação; o importante agora é saber que tudo o que está acontecendo não é culpa sua e que o agressor mesmo com todas as promessas que faz não irá cumprir nada do que disse.

A possibilidade de uma verdadeira mudança no comportamento do agressor se dá a partir do momento em que o mesmo procure um tratamento por meio da psicoterapia, dentro de num processo longitudinal, podendo também participar de grupos de apoio, onde cada membro aprende com a experiência do outro, identificando-se com alguns aspectos, não podemos esquecer que a psicoterapia de casal tem ajudado muito nos diversos conflitos conjugais. Quando o agressor não quer buscar ajuda a vítima precisa sair desse relacionamento e em seguida pedir orientações a um profissional, como também aos seus familiares e amigos.

Assim que a vítima consegue sair desse relacionamento, a mesma precisa entender que o agressor tentará de todas as maneiras uma nova reconciliação, refazendo as promessas que nunca cumpriu, agora a vítima precisa ser assertiva em sua decisão; entender que a elaboração dos traumas que ficaram após o término de um relacionamento abusivo é um processo muito longo e toda essa experiência negativa vivenciada traz um abalo emocional, psicológico, familiar e social muito grande, desencadeando a baixa autoestima, estresse pós-traumático, depressão e outras psicopatologias.

Para um novo recomeço é importante que a vítima procure uma ajuda psicológica, a psicoterapia é um processo de reconstrução e do resgate da identidade do "Eu", o indivíduo precisa entrar em contato consigo mesmo, com seus conflitos e com suas dores, buscando o seu amor-próprio, a autoestima e a importância dos seus próprios valores.

Autor: Psicólogo Leandro Lúcio Férri

CRP: 06/130683

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Escrito por

Leandro Lúcio Férri

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