Dúvidas sobre sexualidade: Homo, Hétero ou Trans?

O que o corpo sente e o que a mente sente a respeito da própria sexualidade? Se há uma diferença entre o que sinto e como me penso sexualmente então haverá conflito interno.

19 JUN 2019 · Última alteração: 20 JUN 2019 · Leitura: min.
Dúvidas sobre sexualidade: Homo, Hétero ou Trans?

A sexualidade é determinada pelo corpo. Com isso quero dizer que o corpo determina por quem vou sentir atração sexual. Se o corpo se excita sexualmente com um corpo de diferente gênero se trata de heterossexualidade. Se é atraído por um corpo do mesmo gênero, se trata de homossexualidade.

Isso é aparentemente simples de determinar. O que é difícil durante toda a adolescência (12 aos 20 anos aproximadamente) é ter uma percepção clara do que o meu corpo está me mostrando. Pode ser que não esteja claro, que fique confuso ou difuso o que excita meu corpo se é um homem ou uma mulher.

Quando aparece essa confusão geralmente as pessoas tentam dissipar a dúvida usando a mente, pensando a respeito, buscando ideias com amigos, internet ou profissionais. Ideias é uma função do pensar. Sentir no corpo o que me desperta desejo sexual é uma função de percepção, perceber o que estou sentindo. Pensar pode ser diferente de sentir.

Quando penso a sexualidade a partir de uma confusão no que sinto, isso gera mais confusão mental. Agora além de estar confuso no que sinto, também estou confuso no que penso a respeito da minha sexualidade.

O que se pensa sobre a sexualidade, sem ter em conta como se sente a sexualidade, está construído sobre conceitos e pré-conceitos. Pré-conceitos porque são ideias construídas a partir da mente e não da experiencia pessoal. Conceitos podem ser construídos a partir da experiencia pessoal, mas ainda podem estar distorcidos, pois a experiencia pessoal pode estar contaminada com traumas e situações de vida anteriores ou conceitos familiares que dão um sentido pré-determinado as experiencias pessoais.

O que quero dizer é que é praticamente impossível determinar a sexualidade de cada ser humano partindo de ideias, conceitos e outras produções da mente racional. Esta mente entra quase sempre em conflito com o que se sente, o refreia, o distorce para adaptá-lo a uma ideia que seja socialmente aceitável.

O que permeia a sexualidade é sempre um conflito de aceitação. Aceitar em nossa mente nossa própria sexualidade.

Quando não se aceita a sexualidade dos outros isso provavelmente seja um reflexo da não aceitação da própria. Toda crítica sexual, toda adesão a tipos de sexualidades (homo, hétero, transsexuais) produz um bloqueio do sentir e viver a própria sexualidade de forma plena.

A experiencia sexual é uma experiencia do sentir. Nunca do pensar!

Quando a mente interfere na experiencia sexual o sentir fica diminuído. Isso é comprovado por pessoas que ficam viciadas na masturbação e/ou na pornografia que é uma fantasia sexual criada pela mente e que dispensa o contato sexual com outro corpo. As pessoas viciadas nisso perdem o interesse em ter relações sexuais com o corpo do outro.

Se quer se saber qual é a minha sexualidade deve se aguçar o sentir, aumentar a percepção do que sinto no contato sexual com outros corpos. Perceber com que tipo de corpo sinto atração e prazer. E, claro, com que tipo de corpos sinto nojo ou repulsa. E aceitar na mente o que o corpo está me mostrando através dos impulsos sexuais. A partir dessa aceitação do meu corpo e o que ele sente é que posso gerar ideias a respeito da minha sexualidade.

A não aceitação do corpo e do que ele sente leva a distúrbios mentais pois se cria um conflito entre corpo e mente, entre o que sinto e o que penso de mim mesmo.

Este é o caso da transexualidade, em que a pessoa não aceita seu corpo e quer mudá-lo. Aqui podemos fazer algumas distinções. Há transsexuais que sentem atração sexual homo e outros que sentem atração hétero a respeito do corpo original, o qual ele tem de nascimento. Mas há um "sentir" no sentido de sentimentos e um jeito de pensar que se refere a um corpo de gênero diferente ao que nasceu. Por exemplo, um corpo de mulher, porem gosta de pensar e de sentir como se fosse um homem. Ou vice-versa um corpo de homem que gosta de sentir e pensar como mulher.

Então nos transsexuais temos um corpo de nascimento masculino, por exemplo, que sente atração por mulheres (corpo tem um sentir heterossexual) mas que pensa e tem sentimentos de mulher. Também há os que tem corpo de nascimento masculino, sente atração por homens (corpo sente atração homossexual) e pensa e tem sentimentos de mulher. Isso também é válido para corpos femininos.

Tudo isso gera uma grande confusão mental e vários tipos de conflitos gerando muita falta de aceitação, seja do corpo, da mente ou dos sentimentos. Essa confusão leva a diferentes tipos de transtorno de personalidade e em muitos, mas muitos casos, a pensamentos e atitudes suicidas nesse mundo transsexual.

Em todos os casos, hétero, homo e trans, devemos buscar a ACEITAÇÃO do que o corpo sente em primeiríssimo lugar. Como me penso sexualmente ou em matéria de gênero, e a forma como meus sentimentos são sentidos (femininos ou masculinos) tem que se adequar ao sentir do corpo. Pois toda discordância leva a conflitos mentais que podem se agravar dependendo da dificuldade dessa ACEITAÇÃO chegando à depressão, desistência da vida e/ou suicídio.

Muitas pessoas transsexuais estão empenhados em provar que a natureza errou com eles, que nasceram num corpo que não é o que eles queriam. Mas a falta de aceitação desse corpo é o que traz inúmeros conflitos internos e externos levando-as a pensar em suicídio.

O mesmo para quem não ACEITA que seu corpo sinta atração homossexual. Sua mente está discordando que seu corpo sinta desejo homossexual e então se instala o conflito mente-corpo gerando transtornos de personalidade.

Se seu corpo é masculino e sente atração homossexual, se tens sentimentos femininos, se gosta de pensar de forma feminina, ACEITE-SE, mas não mude nada. O mesmo, se seu corpo é feminino e sente atração homossexual, se tens sentimentos masculinos, se gosta de pensar de forma masculina, aceite-se, não invente uma identidade a partir desses gostos e interesses. Seja você mesmo sem inventar um estereótipo, pois esse estereótipo é quem traz os conflitos, confusões, despersonalização, depressão e outros sintomas. A falta de aceitação de seu natural, a criação de estereótipos de personalidades irá a profundar esses transtornos.

Por Alejandro Ramón Allochi, psicólogo inscrito no Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina

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Escrito por

Alejandro Ramón Allochi

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Comentários 1
  • Jenice Albuquerque yoshii

    queria saber mais sobre,

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