Tendência à sociopatia desde a infância
Sou uma mulher de 21 anos de idade e quando criança passei por abandono por parte do meu pai quando eu tinha apenas quatro anos, ele literalmente largou eu, minha irmã e mãe, sumindo por quase um ano sem notícia ou telefonar.
Minha irmã desenvolveu síndrome do pânico pelo abandono e toda a atenção da minha mãe foi dada a ela.. Fora que eu nasci prematura, não tive contato direto com minha mãe ou família por quase 12 meses que estive internada na UTI logo ao nascer. Eu e minha irmã somos gêmeas, mas ela não ficou tanto tempo na UTI como eu.
A questão é que desde criança, não sei se aprendi, ou se nunca tive contato forte com minhas emoções e sentimentos. O afastamento do meu pai me gerava medo, no começo, mas conforme fui crescendo nada mais senti e hoje nada sinto ao pensar nisso. Muitos ficariam tristes, ou deprimidos pela infância, mas eu não sinto absolutamente nada, como se houvesse literalmente um vazio dentro de mim.
Atualmente, esse sentimento de apatia se manifesta em todos os quesitos da minha vida. Não sinto nada em relação ao trabalho ou a cumprir metas dentro do trabalho. Não sinto nada por parentes, ou pelo meu pai. A única pessoa por quem sinto algo afetuoso é a minha irmã gêmea, talvez pela forte conexão. Com os demais, inclusive os próximos, é uma lacuna, um nada, um vazio que não sei explicar, simplesmente não há nada.
Desde pequena, tenho dificuldades extremas em reconhecer emoções (minhas e dos outros) e, se eu as reconheço, seja em mim ou nos outros, não sei o que fazer a respeito. Não sei auxiliar alguém em dificuldades emocionais e não compreendo direito o porquê da pessoa sentir isso, já que eu raramente sinto ou não manifesto porque não consigo, nem chorar eu consigo, chorei raras vezes e quando ocorreu, foi sozinha.
Quando sinto algo, por mais leve que seja, é um afeto e pela minha irmã, apenas. Sou apática em qualquer situação, passo a imagem de carismática, tenho pessoas que gostam de mim, mas é apenas algo por fora... Por dentro geralmente nada sinto, às vezes uma leve admiração por aquela pessoa, mas não consigo me vincular com ela de fato, apenas por fora, no raso.
Por mais que eu seja legal com todos e tenha ótima relação social e muitos, inclusive quando eu estava na escola, diziam isso abertamente, elogiando como eu falava bem em público, diante de todos os alunos em trabalhos por exemplo (Nunca, nunca mesmo fui tímida, sempre falei com pessoas de uma forma persuasiva e até hoje é assim), não me sinto ou sentia de fato vinculada às pessoas com as quais eu me comunicava, ou 'fingia' (não sei se posso colocar assim) me interessar...
Já me elogiaram por eu ser 'perfeita', 'aluna exemplar' em tempos de estudo, já perguntaram se eu tinha alguma falha ou perversão, porque eu realmente sempre fui boa em tudo o que decido fazer, aparentando ser perfeita, quando na realidade eu não me enxergo assim e, pelo contrário, encaro a vida com certo niilismo. Mas os que estão próximos realmente me olham assim, quando não sinto coisa alguma e é apenas uma expressão externa, por fora, uma máscara? Não sei nem explicar. Mas por eu sempre ter sido aplicada, minha escrita sempre foi boa, minha comunicação acima do normal, me encaram assim.
Já fui ao psiquiatra, tomei medicações, mas então tive surtos de ansiedade, surtos hormonais e estou há um ano sem remédios. Os remédios não me fizeram ser quem eu queria (me vincular realmente), apenas me deixaram com ansiedade. O psiquiatra suspeitou de Asperger, mas com grande habilidade social como eu tenho e mostro desde cedo, achei muito pouco provável...
Gostaria de saber se há chances em eu haver desenvolvido, ou ter nascido, também pelo meu histórico de prematuridade, pouco vínculo materno desde o nascimento etc, algum grau de sociopatia, ou personalidade antissocial, na qual sou incapaz de sentir ou, quando sinto algo, incapaz de manifestar...
Agradeço o retorno.
