Uma sede insaciável por violência. Por quê eu tenho vontade de matar alguém?

Feita por >Mariana G. · 5 nov 2022 Agressividade

Tenho 25 anos. Embora esse sentimento seja muito antigo e tenha acontecido em diversas épocas e contextos da minha vida (começou aos 13 anos quando levei uma faca para a escola com a intenção de matar um colega que fazia bullying comigo, mas obviamente não cometi o ato), eu vou apenas explicar como esse sentimento floresceu hoje:

Eu tenho um ódio muito profundo de uma pessoa com a qual me relacionei por 5 anos e com a qual tive um relacionamento traumático envolvendo abusos psicológicos e sexuais. E que depois eu ainda descobri que essa pessoa fez o mesmo com outra mulher com a qual ele me traía, foi algo muito forte quimicamente e eu poderia resumir esse relacionamento com essas palavras-chaves: briga, tesão e ódio de ambas as partes, tudo muito intenso da minha parte. Inclusive esse caso quase virou caso de polícia por causa de atitudes impuslivas que eu tive de xingar e invadir a privacidade da pessoa, mas a pessoa decidiu não me processar porque ela sabia dos crimes sexuais que ela cometeu (pra mim essa pessoa é um psicopata, mas não que eu seja um anjo).

E já faz 1 ano que cortei contato com essa pessoa, mas ainda guardo um rancor muito profundo. Já tive muitos relacionamentos antes dos quais tive rancor, mas nada perto disso.

Eu faço terapia há uns 4 anos, o progresso é muito lento. Já melhorei muitas coisas e eu não tenho intenção de matar ninguém, mas é uma sede muito forte literalmente como sentir sede de água num deserto... Eu tento me distrair dessa vontade e isso funciona em geral, só que ao mesmo tempo eu sinto que se caso eu tivesse o prazer de matar uma pessoa que eu não gosto (ou com a qual sou indiferente) eu "curaria" a minha alma. Eu sei que isso não é verdade, é mentira, o que realmente aconteceria é que eu seria presa e ferraria com a minha vida, além de cometer algo imoral e talvez matar alguém de verdade não seja tão prazeroso quanto eu imagino ser e é muito provável que eu me arrependesse e me sentisse um monstro depois.

Acontece que fantasiando o assassinato desse meu ex-namorado (uma pessoa que tive o desprazer de cruzar na vida) eu comecei a pensar que seria impossível ou muito difícil eu fazer isso mesmo que eu tivesse a intenção mesmo. E em seguida pensei: "mas eu preciso. Eu preciso agredir fisicamente alguém. Eu preciso bater em alguém, eu preciso esfaquear alguém".

Desde a adolescência tentei de todas as formas direcionar essa "necessidade de violência", mas eu sinto que nada pode saciar a minha vontade a não ser cometer um ato mesmo, ou então começar a praticar violência gradativamente e, se eu ver que levo jeito para isso mesmo, continuar praticando até eu me dessensibilizar cada vez mais.

Eu já tentei saciar essa vontade vendo filmes violentos, jogando jogos violentos, vendo snuff movies (ou vídeos de assassinatos reais, como massacres filmados pelos próprios serial killers, traficantes decapitando pessoas, etc). Eu até mesmo virei faixa preta em uma arte marcial e fui atleta por 3 anos, eu gostava muito de bater e apanhar nas lutas, mas o fato de eu saber que é algo esportivo e não real me broxava... Num cenário real eu não gostaria de sofrer violência de verdade, mas sim praticar com alguém mais fraco que eu para eu ter um pouco de certeza que ficaria segura.

Eu tenho muitas fantasias de violência. Já fantasiei muito uma época em como eu poderia matar várias pessoas em massa e em quais locais... e houve uma época na qual eu pensava em matar várias pessoas e em seguida me matar, geralmente essa última fantasia eu me imaginava num shopping atirando em várias pessoas e em seguida dando um tiro na cabeça.

Eu também penso em puxar briga com pessoas aleatórias apenas pra ter uma desculpa para bater nelas. Eu já fui em protestos políticos apenas com a intenção de brigar com alguém (ou até mesmo com a polícia, o que é completamente estúpido, por isso que eu sou louca) ou assistir as brigas.

Eu já falei isso para dois psicólogos que fizeram terapia comigo. Um deles suspeitava que eu era borderline ou tinha TDAH, mas eu acho que ele suspeitava do primeiro porque eu já cheguei na primeira consulta falando para ele que eu suspeitava ser borderline e isso pode ter enviesado a leitura dela sobre mim... Fui num psiquiatra por 6 meses, fui diagnosticada com transtorno bipolar e ele suspeitava que eu fosse borderline também, mas nunca tive o diagnóstico até porque eu parei de ir.

E eu queria dizer tb que sofri muita violência na minha infância e adolescência, violência sexual, psicológica e física. Eu sei que eu sou uma alma sofrida, mas muitas pessoas são uma alma sofrida e nem por isso têm essa sede de sangue igual eu tenho.

Eu simplesmente não entendo essa minha vontade de violência e sangue. É um desespero que eu tenho em cometer algo assim... Estou tranquila que na terapia eu aprendi a lidar com a minha impulsividade, a arte marcial ajudou a ter autocontrole por quase uma década, mas eu já tive explosões de violência verbal muitas vezes, puxei briga com uma pessoa na rua que quase terminou em agressão (eu estava me preparando para pular nela) e hoje esse impulso em momentos quentes é muito mais fraco do que antigamente, mas eu ainda tenho uma sede muito forte por matar alguém. Eu queria saber a sensação de matar alguém que é um desgraçado como o meu ex-namorado, eu tenho certeza que seria um prazer eliminar um verme como ele do mundo, mas jamais farei isso por ser imoral, mas é complicado.

Eu queria que essa vontade fosse embora de mim. Eu queria não ter sede de sangue, é uma merda conviver com isso porque eu toda hora tenho que me esforçar para me controlar, tenho que ficar lutando contra mim mesma.

Eu sou uma pessoa "normal" hoje. Eu tenho meu emprego e tenho ótimos feedbacks, sou financeiramente independente, saio com amigos, tenho encontros (apesar de que nenhum deles tem graça para mim porque eu ainda "não superei" meu ex e isso é ridículo), tenho uma boa formação.

Já fui acusada de ser psicopata por muita gente: minha mãe, ex-namorados e amigos próximos. Eu não me acho psicopata porque sinto emoções apesar delas serem muito êfemeras e eu sinto medo. Mas eu as vezes desconfio que eu seja sociopata no sentido que alguns estudiosos diferenciam sociopatia de psicopatia (apesar de no DSM não ter diferença).

Mas eu com certeza sou uma serial killer em potencial. Só em potencial, pois graças a deus a racionalidade prevalece e acredito que sempre irá prevalecer principalmente com a psicoterapia fazendo efeitos.

Eu tenho empatia por algumas pessoas, gosto de algumas pessoas, mas em geral eu sinto desprezo pela humanidade. Mesmo não conhecendo uma pessoa eu já tenho preconceito com ela só pelo fato de ser uma pessoa, já sinto desprezo e desinteresse e por mim essa pessoa poderia ser uma das minhas vítimas, pois pra mim ela não é um indíviduo e sim um animal humano (ou seja, algo desprezível e nisso eu me incluo como desprezível também)... Eu sei que isso é ridículo e muita gente acha que quem diz isso fala da boca para fora, mas eu não falo da boca para fora: tenho mais empatia pelos animais do que pelas pessoas, embora eu seja indiferente em relação a animais mas gosto um pouco de gatos. E não suporto filhotes humanos ou bebês... as pessoas acham fofo, mas eu sinto desprezo profundo e tenho nojo de bebês apesar de que jamais maltrataria e protegeria se necessário... Sinto muita empatia por crianças e sempre que vejo que uma criança foi maltratada tenho vontade de fazer justiça com as próprias mãos contra o adulto filho da puta que fez mal à criança porque eu fui uma criança e pré adolescente infeliz e não existe justiça para esse tipo de injustiça depois que voce vira adulto, voce as vezes até perdoa os seus malfeitores (muitas vezes seus proprios pais).

Acho que to em surto porque não é normal escrever tanto. Era pra ser só uma pergunta e virou um textão, obrigada para quem teve paciencia de ler... apesar de ter fugido do escopo eu ainda desejo uma resposta.

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A melhor resposta 6 NOV 2022

Olá Mariana.
Sim, você escreveu um textão. Escrever realmente pode ser mais uma forma que você encontrou para desabafar. Mas que tal escrever também quando não está em crise? Você pode escrever diários, crônicas, pois tem potencial para isso. Se não quiser guardar alguns pode rasgar e jogar fora. Mas pode servir para relaxar.
Que bom que já encontrou algumas formas de tratamento e atividades que sabe que lhe fazem bem, porém precisa torná-las um hábito regular em sua vida, como estudar, comer, passear, dançar, viajar, aprender mais. Mas o tratamento psiquiátrico em paralelo com a terapia também é indispensável para que você possa evitar esses pensamentos recorrentes sem controle.
Maria Nair
Psicóloga.

Maria Nair Psicólogo em Curitiba

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6 NOV 2022

Oi Mariana! Que bom que você escreveu! Foi importante ver seu relato. Há vivacidade na tua escrita. O que você escreveu aqui será muito enriquecedor, na tua troca com teu psicólogo. Veja que, ao escrever, você está descrevendo os extremos e colocando-se com vítima histórica, ao mesmo tempo, como potencial vitimizadora. Em que medida você não estará, sem querer, alimentando essa direções ruins, desconfortáveis, na tua forma de focar a ocupação do tempo relacionada com as escolhas do que fazer, ver, vivenciar?
Pessoas são sempre muito maiores, infinitamente com melhores potenciais do que diagnósticos. Diagnóstico precisa ser personalizado; para ser personalizado, nesses casos, somente com o psicólogo que te acompanhe por razoável período. Seu psicólogo de quatro anos, minimamente semanal, poderá contribuir muito nesse aspecto.
Abraços! A Covid, a Dengue, exigem cuidados e atenção. Vacine-se, vacine as crianças. Valorize mais a Ciência. Ela não é perfeita mais permite avanços. É impressionante como falsos políticos e falsos religiosos usam a fé dos mais simples, para manipular e levar vantagens. Resgatemos a democracia. Não há meios de comunicação neutro ou perfeito, mas há instituições mais sérias, mais abertas. Verifiquemos as informações com maior critério. Vejamos o que falam as TVs educativas, os canais abertos com maior tradição de cultura. Valores aprimorados por décadas, não podem ser descartados por interesses de pequenos grupos radicais. Perceba que a barbárie do momento, é orquestrada por poucos, para prejudicar trabalhadores.

Ary Donizete Machado - psicólogo clínico e orientador ocupacional.

Ary Donizete Machado Psicólogo em Limeira

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