Sou um antigo Asperger, como faço para viver um grande amor?

Feita por >Anonimo · 4 set 2023 Abordagem psicológica

Olá a todos.

Sou cisgênero, heterossexual e tenho 27 anos. Desde a primeira infância, fui diagnosticado com Síndrome de Asperger, que, atualmente, corresponde ao que é classificado no DSM-V e na CID-11 como autismo nível 1 de suporte, ou seja, o autismo que requer pouco suporte em atividades cotidianas (lembrando que pouco é diferente de nenhum).

O motivo que me levou a procurar a MundoPsicologos foi o seguinte: desde a minha pré-adolescência o meu maior sonho é viver um grande amor, me casar e constituir a minha própria família. Os anos da minha pré-adolescência, adolescência e idade adulta foram se passando e, nesse ínterim, eu nunca consegui sequer um namoro sério. Isto está impactando negativamente a minha vida de tal forma, que já pensei várias vezes em morrer, por causa disso.

Isto, até onde sei, se deve a uma somatória de fatores, a constar abaixo:

❌ Geralmente, mulheres gostam de sentir que estão interagindo e/ou se envolvendo emocionalmente com um homem que, ao menos aparentemente, é bem resolvido na vida. Este "ser bem resolvido na vida" incluiria diferentes habilidades, sendo uma delas a de já ter uma fonte de renda, ou algo assim. Tem ainda questões de postura corporal, posições corporais e até mesmo expressões faciais, que [supostamente] passam uma impressão de autoconfiança que as faz se sentirem seguras perto de determinado homem, ou o oposto. Eu, por mais que tente, não consigo passar, por meio da minha linguagem corporal, essa sensação de segurança que as mulheres esperam encontrar em mim.
Seria maravilhoso se as mulheres ao menos buscassem conversar comigo, para ver além das aparências e, assim, quem sabe, surgir um relacionamento meu com alguma delas.

❌ Eu nunca fui bom em interpretar as sutilezas da linguagem não literal própria da paquera (só fui aprender isso já adulto). Consequentemente, isso me fez perder muitas oportunidades de relacionamento.
Seria maravilhoso se as mulheres fossem diretas no que querem ou não, ao invés de usar essas deixas sociais. Mesmo entendendo as deixas, o meu cérebro se esforça demais para decodificá-las, o que, na prática, se traduz em maior tensão durante a interação, o que é justamente o oposto do que se espera numa paquera.

❌ Em caso de match em apps/sites de relacionamento (o que já ocorreu comigo em alguns casos), fico confuso quando uma mulher demora a responder minhas mensagens. Não sei se ela está fazendo joguinhos de sedução ou se simplesmente está desinteressada.
Seja como for, seria maravilhoso se as mulheres deixassem claro o seu interesse ou desinteresse, dizendo claramente algo como "Estou gostando da conversa, podemos nos encontrar tal dia?" ou "Desculpe, mas sinto que não estamos na mesma sintonia. Gostaria de parar por aqui." Também seria ótimo que elas falassem de forma mais literal durante a paquera, sem usar deixas sociais, porque cada pessoa pode "pegar" essas deixas de um jeito, e elas acabam me deixando confuso. Então, nesses casos, para não "avançar o sinal", acabo não dizendo mais nada.

❌ Mesmo depois de aprender mais sobre as sutilezas da linguagem não literal e linguagem corporal próprias da paquera, tenho dificuldade em saber quando e como agir em caso de a mulher manifestar interesse recíproco.
Seria maravilhoso se as mulheres não tomassem por "inseguro" um homem que, na dúvida, pede consentimento para agir ao invés de sair agindo sem saber se há real consentimento. Ainda mais com a enormidade de leis de proteção contra assédio, importunação sexual, abuso, etc., seria ótimo se as mulheres deixassem o mais claro possível quando podemos avançar na abordagem, ou quando é melhor recuarmos. Seria ótimo se pudéssemos perguntar a elas se podemos abraçar, beijar, fazer certos tipos de comentários, etc., sem sermos tachados de "inseguros", "pervertidos" ou qualquer outro termo pejorativo. Em casos assim, para evitar "avançar o sinal", acabo não fazendo nem dizendo mais nada.

❌ No menor sinal de interesse recíproco de uma mulher, acabo sendo intenso demais logo de cara, falando muitas coisas carinhosas para ela, como, por exemplo, "Você é encantadora e as pessoas que te conhecem têm a sorte de te conhecerem". Sou muito intenso quando se trata de interagir com mulheres que me despertam o interesse, e creio que isto as espanta em algum momento, talvez por se sentirem "sufocadas", ou por acharem que estou "indo rápido demais".
Seria maravilhoso se as mulheres me dissessem claramente que estou "indo rápido demais", ou que as estou "sufocando", ao invés de simplesmente pararem de respnder minhas mensagens do nada, ou então responderem de modo mais "frio", quase como que por obrigação.

Além disso, o tipo de mulher que eu gosto é muito específico (não cabe descrever aqui, em respeito aos demais leitores do MundoPsicologos). E dificilmente uma mulher com as características que busco se interessaria por um homem como eu, que não tem um trabalho formal, não passa uma sensação de segurança do jeito que as mulheres esperam e tem dificuldades em entender deixas sociais dos neurotípicos (para fins de explicação aos leigos, neurotípico é toda pessoa sem nenhum transtorno neurológico).

Até já busquei relacionamentos com mulheres fora desse padrão específico, mas, em meu íntimo, eu sinto que não seria totalmente feliz em um relacionamento com alguma delas, pois haveria características nelas que, para mim, fariam falta, e eu sei bem quais são. Repito, só não digo que características são estas, por respeito aos demais leitores do MundoPsicologos.

Alguns dos conselhos que eu provavelmente receberia numa situação dessas seriam os de ir a novos lugares para conhecer novas pessoas, começar novas atividades, etc. Porém eu sou um homem muito objetivo. Assim sendo, se vou a novos lugares para conhecer novas pessoas, vou com a mentalidade de sair dali com pelo menos uma "ficada" com uma mulher. Não consigo conceber a ideia de conhecer uma mulher "só para ver no que vai dar", muito menos a de "pelo menos sair dali com uma amizade". Então, para evitar esse tipo de situação, acabo nem me arriscando nesses ambientes sociais.

Outro tipo de conselho muito comum tem a ver com primeiramente aumentar a minha autoconfiança e o meu amor próprio, para só então buscar um relacionamento. Isto fere a minha lógica, pois conheço várias pessoas (principalmente mulheres) que são afetivamente carentes e/ou têm outros problemas na relação consigo mesmas, e, mesmo assim, têm um relacionamento. Portanto, não acho justo que outras pessoas possam sofrer de problemas de autoestima, amor próprio, etc., e mesmo assim ter um amor para chamar de seu, enquanto que eu preciso primeiro ter o meu amor próprio, autoestima, autoconfiança, etc., trabalhados, para só então poder ter algo a mais com alguém.

Outro detalhe é que me sinto muito "velho" para o amor, mas mesmo assim quero amar e ser amado.

O amor, muitas vezes, adquire diferentes dinâmicas conforme a idade dos amantes.

Por exemplo, é provável que pessoas na faixa dos 18 a 24 anos busquem um amor mais focado na paixão e no desejo carnal. Já pessoas na faixa dos 26 a 35 anos talvez procurem um relacionamento mais focado no romance, deixando o sexo em segundo plano. E pessoas na faixa dos 36 anos em diante possivelmente querem um amor mais focado no companheirismo cotidiano, de fazer coisas juntos, etc.

Eu quero o companheirismo e o romance, mas também quero prioritariamente a paixão e o desejo carnal.

Além disto, é comum que pessoas em diferentes faixas de idade tenham uma postura diferente em relação ao que o relacionamento amoroso significa para elas. Quanto mais velha uma pessoa é, teoricamente ela passa a ter outras prioridades na vida, de modo que, por exemplo, para uma pessoa de 40 anos, um relacionamento amoroso (efetivo ou não) pode não ter tanto "peso" na vida dela quanto teria para uma pessoa de 20 anos. Eu preciso de uma mulher que me ame e que coloque o relacionamento comigo como a principal prioridade em sua vida.

Inclusive, é por essa razão que tenho certo receio em me relacionar com mães solteiras. Não por machismo ou algo do tipo, mas porque, neste caso, a prioridade da mulher será/serão o(s) filho(s), e não o relacionamento dela comigo. E eu preciso de uma mulher que me priorize, assim como, em qualquer potencial relacionamento (inclusive match em apps/sites), eu coloco a mulher como prioridade, relegando até mesmo o meu trabalho a segundo plano.

Em vista disso, e também de outros problemas que enfrento na vida (os quais não abordarei aqui em nome da preservação da minha identidade), já tive vários episódios nos quais desejei profundamente estar morto. Só em 2023 fiz dois testes online para depressão: um acusou depressão leve e o outro depressão moderada.

Sei que não se deve fazer autodiagnóstico por meio de testes online e já adianto que não pretendo considerar nenhum deles como um diagnóstico formal, mas fiz os testes "apenas" para ver se acusariam depressão ou não. Os dois acusaram. Em diferentes graus, mas acusaram. Pretendo levar essa informação a algum profissional especializado aqui na minha região, para ver se realmente é caso de depressão ou não.

Diante dos fatos que citei, venho encarecidamente pedir a ajuda de vocês, para que me orientem sobre o que fazer para encontrar um relacionamento recíproco, feliz e duraduro. Com esta ajuda, vocês podem ter salvo uma vida.

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A melhor resposta 8 SET 2023

Quero começar expressando minha gratidão por você compartilhar tão abertamente seus sentimentos e preocupações aqui.

Relacionamentos são interções sociais extremanante complexas, envolvendo uma série de deixas e regras sociais sutís que podem ser difíceis de identificar, lidar e expressar. Dificuldaddes com essas interações sociais é uma característica do autismo e faz parte de quem é mas exsitem estratégias que podem ajudar a contornar. Uma delas é manter uma comunicação aberta sobre suas dificuldades de interação social com as pessoas que possa estar conhecendo, pedir que sejam diretas em sua comunicação, que verbalizem e sejam honestas. Isso não garante que as pessoas vão ser totalmente claras em sua comuniação, pois a comunicação "neurotípica" (de pessoas não autistas) é contruída com base em uma comunicação não tão direta, e pode ser difícil e/ou desconfortável se comunicar de outra forma, mas acredito que alguém que realmente esteja aberto a te conhecer pode se beneficiar dessas informações sobre sua maneira de se comunicar e de compreeder a comunicação.

É natural que diante do desejo de manter uma relação e na falta de um referencial anterior que se crie expectativas mas é importante levar em cosideração que expectativas dificilmente corresondem à realidade. Se prender a elas, seja com relação as características físicas, gostos, comportamentos de uma potencial pareira pode impedir que você encontre, perceba, conheça ou se envolva com alguém real, trazendo frustração e insatisfação para ambas as partes.

Uma outra questão importante é o desejo que a parceira tenha uma dedicação em que o relacionamento seja prioridade na vida dela. Se trata de uma expectativa irreal do ponto de vista prático, pois todos nós precisamos ter e manter uma série de prioridades em nossas vidas como adultos (trabalho, estudo, família, amigos, a si prórpio, etc.), todas essas prioridades são importantes para que tenhamos relacionamentos saudáveis, sejam amorosos ou não, pois do contrário corremos o risco de nos tornar dependentes daquela única relação e isso não é saudável. Quando damos importância as diferentes áreas da vida de forma equilibrada podemos contruir relações mais saudáveis, duradouras e ricas com o outro e com nós mesmos.

É necessário expandir sua área de socialização, frenquentar lugares e grupos que condizam com o que gosta e acredita, o que te faz bem. Por exemplo: academia, clube de leitura, cursos, etc. Assim aumentam as chances de encotrar alguém com quem tenha coisas em comum, uma outra boa opção é encontrar grupos de autistas adultos, seja na sua região, seja de maneira online para que possa se comunicar e trocar experiencias com pessoas que enfrentam desafios parecidos com os seus. Você pode receber boas dicas, fazer amigos ou até conhecer alguém especial, além de se sentir pertencente a um grupo ou comunidade.

Saiba que não está sozinho nesta jornada. Compreendo que enfrente muitos desafios em sua vida amorosa e relacionamentos, e há maneiras de enfrentar e superar essas dificuldades. Aqui estão algumas sugestões para você considerar:

Busque apoio profissional especializada: A ajuda de um Psicólogo que compreenda as dificuldades que pessoas autistas enfrentam pode ser um passo essencial para explorar seus sentimentos e outros desafios emocionais e sociais, além de apoiár-lo e guiá-lo no caminho para o bem-estar emocional.

Amor-próprio: Comece uma jornada de transformação a partir do amor que você dedica a si mesmo. Aceitar e valorizar quem você é é o primeiro passo para atrair um relacionamento saudável. Trabalhar sua autoestima é fundamental.

Defina suas prioridades: Reflita de forma realista sobre o que é importante para você em um relacionamento. Esse processo ajudará a definir suas prioridades e encontrar alguém que compartilhe seus valores e metas.

Desenvolva habilidades sociais: Considere a possibilidade de buscar orientação de um Psicólogo que trabalhe habilidades sociais, para ajudá-lo a melhorar suas interações sociais, compreender sinais sociais e aprimorar sua comunicação interpessoal.

Participe de grupos e atividades sociais: Envolva-se em grupos e atividades que se alinhem com seus interesses. Isso pode criar oportunidades naturais para conhecer pessoas que compartilham suas paixões e interesses.

Seja paciente consigo mesmo: Encontrar o amor verdadeiro pode levar tempo, e ao longo do caminho, pode ser que você enfrente desafios e decepções. Essas experiências são oportunidades de aprendizado e crescimento.

Mantenha a mente aberta: Embora você tenha um perfil específico em mente, esteja aberto a conhecer pessoas que podem surpreendê-lo. Às vezes, a conexão emocional supera as diferenças. Se permita!

Você não está sozinho nesta jornada, e há apoio disponível para ajudá-lo a construir relacionamentos saudáveis ​​e, acima de tudo, para cuidar de sua saúde emocional. Sua vida é preciosa. Conte comigo.

Jôse Adaiane Balbino da Rocha Psicólogo em Maceió

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5 SET 2023

Olá Anônimo! Obrigado por escrever. Tua questão central não é antigo Asperger, não incompreesão das mulheres, não é falha do mundo externo. A questão é a profunda teorização, sem treinos, sem gradativos exercícios, assim sendo, você imagina coisas, exige coisas, mas não verifica a viabilidade ou não dessas imaginações ou exigências. Você, embora, se defina como adulto, conforme acontece com a imensa maioria das pessoas dos tempos atuais, aos vinte e sete anos. Na verdade o amadurecimento, em nossa sociedade complexa, acontece lá pelos trinta e cinco anos, aproximadamente. Uma observação importantíssima é o fato de que o que amadurece é a convivência real com pessoas reais, em situações socialmente saudáveis e éticas. Por exemplo é preciso construir, alimentar, manter turmas de colegas e conhecidos de convivência regular, que sejam éticos e saudáveis, é preciso estudar com seriedade, trabalho com comprometimento, vivenciar grupos de esportes coletivos de contato, grupos de teatro, arte, cultura, viagens, estudos, serviços comunitários, dentre outros.
Você está apresentando um monte de conclusões teóricas sobre testes, idades e namoros, mas perceba que o que você está fazendo é uma enorme luta por tentar entender as pessoas e as convivências. O que acontece é que você está concluindo tudo por si mesmo. Isso é altamente inadequado. É como jogar futebol, sendo ao mesmo tempo, goleiro, centroavante, juiz, bandeirinha. Não dá.
Antes de pensar namoro com outra pessoa é preciso organizar o namoro consigo mesmo, com tua essência, com tuas metas, objetivos, vivenciando, naquilo que depender de outros, empatia.
Quem escolhe as tuas regras, é você. Acontece que a mulher escolhe as regras dela. Sem negociar não é possível convivência.
Será importante você contar com o suporte de um de nós, psicólogos, por algum tempo, desde que venha com menta aberta, tolerância, persistência, disciplina e regularidade.
Abraços! A Covid e a Dengue estão vigentes: sejamos cuidadosos. A maior parte dos políticos não são confiáveis. Dentre os religiosos, há muitos que se dizem religiosos, mas na verdade, são falsos: querem é dinheiro. Fazem teatro para enganar os descuidados. Os meios de comunicação não são neutros, mas aqueles que apresentam tradição de muitos anos ou recebem o selo educativo/cultural, e não estão a serviço de alguma seita religiosa, são razoáveis. Tenha sabedoria para filtrar. A Ciência não é perfeita, mas como fez o avião, a geladeira, o rádio, o celular, faz as vacinas. Confie na Ciência! Vacine-se, vacina as crianças.
Ary Donizete Machado - psicólogo clínico e orientador ocupacional.

Ary Donizete Machado Psicólogo em Limeira

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