Recusa de um amor ou negação da dor do primeiro término?
Sou um garoto trans de 19 anos, que desde cedo sempre esteve menos ou mais incerto sobre as próprias orientações romântica e sexual (até atualmente) e teve receio de explorá-las por crescer em uma família preconceituosa e pelas possibilidades de se arrepender ou magoar a outra pessoa envolvida (mesmo que por um simples beijo). Ademais, percebi indiscutivelmente que o isolamento social decorrente da pandemia transformou meu comportamento: sinto que não consigo socializar efetivamente para estabelecer relações mais profundas.
No começo de 2022, um garoto (poucos meses mais novo do que eu, que vejo quase todo dia) se aproximou de mim, e começamos a conversar; na metade do ano, iniciamos um flerte e eu o pedi em namoro (primeiro relacionamento romântico de ambos, sem que nenhuma das famílias soubesse). Do dia do pedido em diante, meus dias com ele eram leves, sorria e ria demais, e das poucas vezes que pudemos sair juntos, não era diferente: sempre aquela euforia, risadinhas bobas, borboletas no estômago. Contudo nos últimos meses, passei a questionar meus sentimentos por ele (sem nunca conversar a respeito com ele, algo que se evidenciou de outro jeito).
Acredito que sem refletir o suficiente sobre a dúvida, junto à opinião de uma pessoa próxima de como ela não observa(va) nele algo "digno" (digamos assim) de se desejar estar em um relacionamento, terminei. No dia, fiquei tão anestesiado que pareceu que estava lidando bem com a situação (tolice minha); mais tarde, ele comentaria como havia me distanciado e esfriado, como quem não faz questão da companhia do outro.
Nas últimas semanas, a sombra de que tomei a decisão errada me assombra, tanto que fiquei 3 dias seguidos sentindo uma angústia no peito, como quando fico ansioso. Chamei-o para conversar e propus que reatassemos a relação, mas as chances de rejeição ou de aceitação (esta que me levaria a machucá-lo novamente) me preocupam.
Sei que não será como antes e levará tempo até haver reestabilização, porém os pensamentos insistem na ideia de que a falta de tentativa/perseverança é um desperdício/negligência dos meus próprios sentimentos.
Confundi uma relação social que deu certo, depois de uns 2 anos em casa sem contato presencial com amizades antigas e pessoas novas, com um romance? O preconceito com o qual cresci ainda não me permitiu entender completamente minha sexualidade ou não a aceito inconscientemente? Falhei em deixar o relacionamento cair na rotina e achei que deixei de gostar dele? Não me permito sofrer o luto do término e prefiro me iludir? Suponho que seja complexo e terapia seria o melhor para analisar, mas como agora não tenho condições de pagar por uma sessão e a situação está mexendo Demais comigo (ao ponto de afetar o físico), recorro ao aconselhamento daqui. Um retorno rápido seria um alívio.
