Bom, eu tenho um lindo e sonhado bebê de 8 meses de idade, eu cuido criticamente dele, sem faltar amor e carinho. Ele está sempre de fraldas limpas e vitaminas tomadas, sempre limpo e alimentado, sempre dou atenção e brinco com ele e por isso acho que ninguém jamais poderá fazer o que eu faço e tenho receio de deixá-lo com alguém, nem que seja por algumas horas. Eu amamento meu filho, pois quero que ele tenha o melhor, porém eu tenho transtorno de ansiedade generalizada e fui aconselhada a desmamar para continuar um tratamento com antidepressivos. A questão é que eu não consigo desmamar. Será que todo esse apego fará mal a ele? Será que fará bem ele ficar com outras pessoas... As avós por exemplo, sem eu por perto? E como lidar com a preocupação continua se ele estará bem? Minha mente não para nem por um segundo e isso me consome... Estou fazendo mal ao meu próprio filho?
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9 FEV 2023
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Ola, Kethlin
Eu sinto muito que você esteja se sentindo dessa forma.
Me atentaria ao fato de suas preocupações parecerem não te incluir. Então te pergunto: "isso está fazendo mal a você mesma?"
Esse cuidado, que talvez você julgue "excessivo" te anula como pessoa para além da maternidade?
Acho que esses e outros pontos seriam interessantes de serem cuidados num processo de terapia, assim você poderá compreender que significados esse sentimento possui para ti.
Boa sorte no seu caminho
Qualquer coisa fico a disposição
Percebo que suas preocupações e necessidades são coerentes, e dizem respeito a sua responsabilidade de mãe, como a escolha consciente com quem você deseja deixar seu filho. Neste momento seu filho precisa realmente de contato com o pai e com a mãe, pois a educação se faz com presença e com afeto de ambos os genitores. Você é sensata quando não aceita de imediato deixar de amamentar seu filho, devido ao medicamento antidepressivo. A amamentação é muito importante para o crescimento saudável da criança, e deve ser incentivada até a idade que você deseja. Conheço mães, por exemplo, que amamentaram até os 5 anos, 7 anos de seus filhos, e hoje as crianças são muito saudáveis e completas. O tempo, você deve perceber, e dizer qual o melhor momento para cessar. Neste sentido, talvez seja interessante você realmente rever o uso desse medicamento, buscando outras formas de tratamento para essa sua condição, como por exemplo, a psicoterapia (que é imprescindível nesses casos). Não se sinta culpada, você está indo bem, e a medida que seu filho for crescendo, ele vai aos poucos buscando a autonomia dele, e naturalmente, ganhando responsabilidades e seguindo sua própria trajetória. O momento agora é de cuidado, e de estar mais perto mesmo, pois você e seu marido são os verdadeiros responsáveis pela educação da criança. Os avós podem ajudar, mas a última palavra na educação é a de vocês. Procure encarar esse processo com naturalidade, e aproveite cada dia. Aos poucos você irá ganhando mais segurança, e isso será libertador para você. Se sentir necessidade, talvez em seu caso seja importante, o acompanhamento com um Psicólogo pode te ajudar muito, e é recomendado. Você está fazendo bem para seu filho, e deve continuar fazendo.
Cara Kethlin Matozo Serra!
Você está com Ansiedade e quer tratar com antidepressivos... só que não são os antidepressivos que vão te curar. Ansiedade você cura com Psicoterapia; medicamentos só podem aliviar, mas não curam. Então, não tem porque deixar de amamentar para fazer tratamento. Faça Psicoterapia.
Com relação ao filho: até 4/5 anos você e seu filho é um corpo e uma alma só... tudo o que você sente e como você sente, seu filho sente. Só a partir dessa idade seu filho vai começar a se perceber que é uma pessoa diferente de você.
Todo o exagero pode prejudicar... seu filho precisa de cuidados, mas também você precisa fazer outras coisas e para isso deixa outras pessoas para cuidar dele. Então, explique para ele que você vai se ausentar e que determinada pessoa vai cuidar dele e que tal hora, você estará com ele.
Explique isso e saia tranquila em paz porque se você ficar preocupada, seu filho vai sentir e vai chorar porque percebeu o teu estado interno. Esta é a linda comunicação que existe entre mãe e filho. Se você está tranquila, seu filho vai estar tranquilo, principalmente se alguém da tua confiança cuidar dele.
Teu filho é pequeno de corpo, mas não de alma... ele sabe tudo, percebe tudo, embora não possa falar.
Se precisar de mais, solicite
Olá Kethin! Que bom que você escreveu. Certamente é preciso confiar nas pessoas, com os devidos vínculos de qualidade e cuidado, mas é preciso confiar. Desconfiar das pessoas, envolve falta de confiança interna. Nesse momento, pelo que escreveu, pode ser que você não esteja fazendo mal a si mesma ou a seu filho, mas se continuar, fará, pois limitará a vida em muito, para manter essa intensidade de vínculo, passando a mensagem de que somente você é capaz de cuidar dele. Isso não é razoável.
Aconselho que escolha um de nós, psicólogos, e venha com mente aberta, persistência, disciplina e regularidade para um trabalho científico. Evite ficar sozinha. Tenha certeza que a sua mãe, sua sogra, amigas, parentes, profissionais de escolas infantis, todos terão cuidado e afeto com a criança.
Abraços! A Covid, a Dengue, exigem cuidados e atenção. Vacine-se, vacine as crianças. Valorize mais a Ciência. Ela não é perfeita mais permite avanços. É impressionante como falsos políticos e falsos religiosos usam a fé dos mais simples. Cuidemos do atual resgate da civilização e da democracia. Não há meios de comunicação neutro ou perfeito, mas há instituições mais sérias, mais abertas. Verifiquemos as informações com maior critério. Vejamos o que falam as TVs educativas, os canais abertos com maior tradição de cultura. Valores aprimorados por décadas, não podem ser descartados por interesses de pequenos grupos radicais. Quem apoia terrorista, antidemocrático, bárbaro, se faz um deles.
Ary Donizete Machado - psicólogo clínico e orientador ocupacional.
