Por que sentimos medo de amar?

O medo de amar é mais comum do que se imagina, levando muitas pessoas a sabotar relações que tinham tudo para dar certo.

20 OUT 2020 · Leitura: min.
Por que sentimos medo de amar?

O amor é um dos sentimentos mais sublimes que existem, mas nem sempre é fácil entendê-lo. Enquanto muitas pessoas não se sentem plenas até senti-lo de verdade, outras evitam amar. Perdem tempo em relacionamenntos sem futuro ou buscam desculpas, muitas vezes inconsciente, para seguir sozinnhas.

Na verdade, todos nós em algum momento tivemos ou teremos medo de amar. Este receio pode se manifestar de diferentes formas ou em fases distintas de um relacionamento amoroso, pois todos tendemos a criar algumas barreiras que nos protegem de ser magoados.

Em muitos casos, essa autoproteção é exagerada e nos impede de encontrar ou manter o amor que tanto queremos.

Por que algumas pessoas sentem medo de amar?

Quando falamos de amor, quase todos nós desenvolvemos algumas estratégias para nos proteger. Muita gente, inclusive se sabota. De acordo com Lisa Firestone, psicóloga e autora de inúmeros livros sobre relacionamentos amorosos, os principais motivos do medo de amar são:

1. Sentimento de fragilidade e impotência

Principalmente no início de uma relação, o amor nos deixa frágeis e vulneráveis. Começar um novo relacionamento significa entrar em um território desconhecido. E todos sentimos medo do que não conhecemos. Logo, se deixar levar por esse amor significa correr um risco real de ser magoado e decepcionado. Se estamos de fato apaixonados e envolvidos, nossas vulnerabilidades ficam mais evidentes porque passamos a depositar toda  a nossa confiança na outra pessoa. Além disso, acreditamos que quanto mais nos importamos com alguém, maior será o risco de nos decepcionar, o que nem sempre é verdade.

2. O amor pode abrir feridas do passado

Nossas feridas do passado, inclusive as da infância, têm uma forte influência em como percebemos as pessoas que nos cercam e em como construímos nossos relacionamentos. Feridas mal curadas ou experiências traumáticas podem nos fechar para o amor. Assim, podemos fugir da intimidade porque esta desperta em nós sentimentos negativos como a dor, a perda, a rejeição ou o abandono.

3. Felicidade e dor andam juntas

Todas as vezes que nos sentimos verdadeiramente felizes, plenos e que temos experiências que nos mostram como a vida pode ser maravilhosa, temos medo de sofrer quando esse estado de alegria termine. Sabemos que não há felicidade que dure para sempre e que os dias difíceis certamente chegarão. Por isso temos tanto medo de entrar de cabeça em uma história de amor, que vai encher nosso coração de bons sentimentos, mas que também pode provocar muita dor.

4. O amor é desigual

Muita gente decide não levar uma para frente se percebe que o outro está mais apaixonado. Essas pessoas têm um medo enorme de não corresponder ao sentimento da outra pessoa e magoá-la. O contrário também pode acontecer quando alguém nota que está mais envolvido no relacionamento que o parceiro. Nesse caso, surge um sentimento de autoproteção que impede o indivíduo de viver essa história. A verdade é que o amor costuma ser desigual. Somos pessoas distintas, com experiências distintas e que amamos de maneira distinta.

Além disso, nossos sentimentos não são estáticos. Eles mudam ao longo do tempo. Há fases que amamos mais, outras que temos dúvidas do que sentimos. É natural que seja assim.

Evitar começar uma relação, ou inclusive terminá-la, por essas preocupações nos impede de estar com alguém que realmentem tem um interesse genuíno em nós. E jamais devemos desperdiçar a oportunidade de construir um relacionamento que tem potencial para dar certo.

5. Medo de quebrar a conexão com a família de origem

Ter um relacionamento sólido e longo é um forte indício que crecemos e que estamos prontos para começar nossa própria vida como indivíduos independentes dos nossos pais. Embora a família de origem seguirá sendo importante, ela passa a ter um papel secundário porque agora o casal é quem decide que caminho vai seguir. Sem interferência externa. Nos casos de pais superprotetores, que tratam seus filhos adultos como crianças, pode ser bastante complicado cortar esse vínculo para começar a viver com outra pessoa.

6. Incapacidade de reconhecer o próprio valor

Muitas vezes, temos dificuldade em reconhecer nosso próprio valor e acreditar realmente que podemos despertar o interesse em alguém. Temos uma voz interna muito crítica que diz que não mercemos ser felizes e que não somos bons o bastante para ser amados. Isso se deve às experiências difíceis da vida. Essa voz interior é muito negativa, mas ao mesmo tempo nos conforta porque é familiar. Logo, quando alguém nos vê de uma forma diferente, quando nos ama e nos valoriza, isso pode desencadear um incômodo por ser algo novo e totalmente desconhecido. Assim, adotamos uma atitude defensiva, pois ser amado desafia todo o conceito que tínhamos até então sobre nós mesmos.

7. O amor desperta em nós a consciência da finitude

Quando amamos, não só temos que enfrentar o medo de perder essa pessoa como também nos tornamos mais consciente da nossa finitude. Ao entrar em um relacionamento, a vida ganha mais sentido e assim a idea de morte se torna mais aterradora. Como não é capaz de tolerar esse medo, muita gente passa a forcar em preocupações superficiais ou a sabotar a relação. De uma maneira inconsciente, essas pessoas preferem estar sozinhas que ter de encarar seus temores mais profundos.

Para refletir

Qualquer relação tem uma série de desafios. Reconhecer o medo de amar e observar como nos comportamos quando estamos envolvidos emocionalmente é fundamental para construir um relacionamento saudável e equilibrado.

Devemos estar atentos porque o medo de amar pode estar camuflado por certas atitudes como:

  • Troca constante de parceiros;
  • Sempre buscar defeitos no outro, deixando de ver as qualidade;
  • Apostar em amores platônicos;

Por isso, o autoconhecimento é tão importante na hora de amar. Ao conhecer a si próprio e os seus mecanismos de defesa, você terá mais chances de identificar seus comportamentos nocivos e assim terá mais chances de viver um amor verdadeiro.

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Bibliografia

Regina Navarro Lins, O medo de amar: https://reginanavarro.blogosfera.uol.com.br/2014/06/03/o-medo-de-amar/

Nuria Jorba,  Tengo miedo a entregarme a alguien y que me haga daño, ¿qué me ocurre?: https://www.lavanguardia.com/vivo/20180801/451084610295/miedo-entregarme-filofobia-sexo.html

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Comentários 2
  • Fabiana de almeida

    Vivendo isso tudo e com medo de não ser recíproco vivendo na incerteza e medo de me entregar

  • Ale

    Perfeito . O medo de amar provocado por trauma de romance abusivo , sem respeito onde a pessoa não te valorizou e desfez de vc . Criamos defesas para não nos decepcionarmos de novo , o que acaba nos impedindo de nos entregarmos de cabeça no amor , ficamos sempre na situação de que amamos menos para que possamos nos sentir mais amadas no relacionamento, o que nos traz uma certa segurança de que não iremos nos machucar caso termine . Importante que possamos nos conhecer e nos permitir amar , para que a felicidade seja completa .

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