Separação, uma possível busca pela reconstrução da individualidade
Quando duas pessoas se casam, elas unem universos diferentes, repertórios diferentes de educação e de sonhos que naquele momento estão caminhando juntos, lado a lado.
Até que ponto o verdadeiro amor encontra a plenitude do seu significado no momento da separação?
A você leitor, que talvez esteja num momento de refletir sobre seu relacionamento ou está pensando em formalizar uma situação já consumada...
Quando duas pessoas se casam, elas unem universos diferentes, repertórios diferentes de educação e de sonhos que naquele momento estão caminhando juntos, lado a lado. De repente, ao longo desta trajetória, e com certeza após várias tentativas de entendimento, percebem que a expectativa que tinham de vida juntos, foi frustrada. Ninguém é culpado, pois sempre se tenta o melhor, apenas não atingiram a meta, o sonho acabou.
O que acontece é que ao longo da vida, nós também vamos mudando, fazendo novas descobertas a respeito de nós mesmos, adquirimos novos desejos e muitas vezes, o que achávamos que poderíamos abrir mão, percebemos ser importante demais para abandonarmos. Quando então começamos a perder a individualidade e a fazer concessões demais, o relacionamento deixa de se desenvolver para se tornar uma prisão, e é aí que ele começa a nos conduzir a um calabouço.
É nesta hora, que o casal precisa lembrar-se de tudo o que viveu de bom, e tentar fazer um acordo, pois sempre será melhor abandonar o relacionamento de forma amigável, enquanto ainda conseguem conversar do que deixar aquela situação se arrastar e pagar depois o preço por isso.
Se há muito tempo vocês já não se falam, e quando o fazem acabam discutindo, se continuam agarrados a um sonho ou a uma tradição, que já nem faz mais sentido para vocês e isso tornou a relação uma mera formalidade, a separação pode ser a única saída coerente. É claro que o medo do arrependimento, da solidão e da falta daquela companhia, ainda que muda e fria, pode fazer você permanecer preso a esta situação, mas continuar assim não vai adiantar, apenas vai colocar ainda mais baixa a sua auto-estima e confiança.
Até porque a separação pode e deve ser vista de uma forma mais positiva, na medida em que torna possível uma reconstrução da vida, o começo de uma nova fase da existência.
É claro que num primeiro momento pode permanecer no ar a sensação da perda, a pessoa pode ter uma tendência de sentir-se muito só e até de julgar preferível a situação de uma união, ainda que insatisfeita, do que correr o risco de viver sozinho, mas inteiro. Independentemente dos motivos que levam duas pessoas a separarem-se é lógico que a situação de ruptura é sempre difícil para ambas as partes.Construir uma vida diferente, começar tudo do zero, encarar familiares e amigos, tudo isso pode ser mesmo muito difícil, mas ao invés de ficar pensando em outros, neste momento é importante se priorizar e pensar em seu próprio bem estar.
Muitos casais optam por não se separar, mas acabam por levar uma vida independente de seu companheiro. O rompimento com o passado, com o momento de união com essa pessoa, é uma tarefa dolorosa, e quando há ainda um sentimento forte a decisão é ainda mais complicada. Existem muitas pessoas que ao se separarem, passam por uma fase um tanto traumática, isolando-se, e não aceitando o apoio de ninguém. Mas tal atitude só faz diminuir as forças para a reconstrução uma vida nova e só faz o caminho parecer ainda mais negro do que quando se encontrava na situação de indecisão. É importante permitir-se conhecer novas pessoas e lugares para que um novo caminho possa ser visualizado.
Os motivos mais comuns que permitem que as pessoas permaneçam juntas são, habitualmente, dois: questões monetárias e a existência de filhos. No primeiro caso as saídas parecem ser nulas. Não existe qualquer forma de subsistir na vida, julga você, a não ser que se regresse para a casa dos pais ou encontre apoio em algum amigo. A dependência econômica e a vida estável são os motivos que o fazem ainda continuar junto a essa pessoa, mesmo que suporte a facada do silêncio ou o travo ácido das discussões.
Os filhos, quando os mesmos são ainda novos, podem ser um dos motivos que façam o casal continuar junto. Querer dar-lhes a estabilidade familiar merecida, com um pai e uma mãe sempre presentes, e assim vão deixando arrastar a situação. Qualquer uma delas pode ser tão longa que o casal pode ficar junto, pelo menos aparentemente, até a velhice.
Este medo da velhice pode ser ainda outro dos motivos que leva duas pessoas a dividirem o mesmo espaço, ainda que a vontade seja escassa.
Não tenha receio de enfrentar uma nova vida! Lute pelo seu futuro, por uma melhor existência, não se deixe ir abaixo com problemas cuja solução está bem diante dos seus olhos. Qualquer que seja o motivo que a faz estar ainda a viver com essa pessoa, mesmo que a relação esteja quase destruída, pense duas vezes se valerá realmente à pena. Há pessoas que saíram de casa com pouco dinheiro, e que com alguma ajuda conseguiram afirmar-se novamente. Existem ainda outras que conseguiram perfeitamente cuidar dos seus filhos e dar-lhes uma vida bem mais harmoniosa do que aquela que possuíam antes. É tudo uma questão de força de vontade e de preservar sempre a sua auto-estima.
Quando um relacionamento termina, pode ficar uma sensação de fracasso, por isso mesmo procurar ficar só por um tempo e cuidar de si próprio pode ser necessário para se tornar forte outra vez. Afinal amar-se é a palavra-chave, porque só depois de amar a si próprio é que alguém estará pronto para amar e deixar-se amar por alguém novamente...
Pense bem naquilo que realmente quer, meditando e refletindo bastante. A decisão é importante demais para ser tomada a partir de um impulso. Tente sempre sair dessa relação cultivando a amizade da outra pessoa, pois assim será mais fácil tratarem de tudo. Se tiverem filhos, uma separação amigável é o ideal para as crianças que não têm que estar a assistir a discussões, nem a sentirem-se motivos de brigas.
É nesta hora em que devemos procurar por um profissional que nos oriente de maneira rápida e confiável a formalizar aquele desejo, de forma desburocratizada, sem necessitar remexer demais aquele assunto já tão dolorido por si só.
Ana Lúcia Doratiotto é psicóloga pela Universidade de Guarulhos/SP e pós graduada em Jung pela Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo
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