É possível definir a ansiedade?

A ansiedade é um fenômeno difícil de ser descrito e comunicado, mas é raro encontrar alguém que diga nunca o ter sentido. É possível afirmar pouco. Ela se aproxima do medo e da dor, mas não se tratam da mesma coisa. Talvez seja possível descrevê-la como uma sensação desprazerosa, a qual não sabemos nomear. Aí reside o problema da ansiedade, mas também o início de um trabalho psicoterápico. A possibilidade de construir uma dupla, um vínculo com o psicoterapeuta, de modo a conseguirem encontrar palavras para aquela sensação, promove o pensamento, o planejamento e a reflexão sobre o contexto atual do paciente/cliente e as áreas em que se necessita de mudança. Portanto, a psicoterapia permite, a partir da ansiedade, encontrar informações que levem ao aprendizado e à construção de novos modos de agir.

Desta maneira, com base na linha de raciocínio da Psicanálise, entendo a ansiedade como um fenômeno amplo e complexo, cuja parte psíquica corresponde a impossibilidade de nomear as vivências subjetivas, ou mesmo de ter consciência delas. Em outras palavras, trata-se de um conflito desconhecido que é apenas sentido, e de maneira desprazerosa. Pode-se notar isso buscando lembrar de momentos em que se experimentou ansiedade. Seria possível dizer de onde ela estava vindo, qual sua origem? Poder-se-ia afirmar qual conflito estava causando aquela sensação? Meu argumento é o de que se essas perguntas tivessem alguma resposta, então não estaríamos tratando de ansiedade, mas de outras sensações, afetos e emoções, como raiva, estresse ou cansaço.

Quando falamos de ansiedade, dizemos pouco, uma vez que não há grande consciência do que está acontecendo. Note, é esta região do fenômeno da ansiedade que permite o trabalho psicoterapêutico. O profissional que realiza a psicoterapia, juntamente ao paciente/cliente, formam uma dupla de trabalho para conseguir colocar palavras, dar nome ao que está acontecendo. Porém, o trabalho não se encerra aí, mas se inicia nesse ponto. O processo de colocar palavras em um fenômeno que se desconhece, que é apenas sentido, promove a capacidade de conhecer o que está ocorrendo e, então, pensar sobre a situação, ou seja, planejar mudanças ou mesmo construir soluções.

Assim, a psicoterapia serve para transformar a ansiedade em palavras, o que levará ao aprendizado do contexto em que se vive, promovendo a capacidade de utilizar aquela energia de maneira autônoma, consciente, de acordo com os próprios desejos.

Guilherme Geha dos Santos.

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