16 MAR 2023
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Olá Maiara, espero que esteja tudo bem com você.
É muito cuidadoso de sua parte levantar essa questão, e isso é um sinal claro que, tanto você quanto o pai de sua filha, estão preocupados com o bem estar dela, o que é muito positivo para todos. Esse sentimento de compreensão, respeito, cuidado, responsabilidade, deve permanecer ao longo da vida de vocês três. Mesmo estando "separados", é preciso que vocês compreendam que existe ai uma família, e para sempre existirá, composta de você, o pai de sua filha e sua filha. Sua filha, assim como toda criança que vive neste contexto de pais separados, tem o direito de receber educação de ambos os genitores, e para isso você e o pai dela precisam ter para sempre um bom diálogo, constante, transparente e aberto, sobre os rumos da educação de sua filha, compartilhando decisões, dúvidas e responsabilidades, em um planejamento conjunto. Sua filha deve se sentir amparada emocionalmente por ambos, e, ao longo de seu desenvolvimento, deve compreender o papel de cada em sua vida. De forma prática, ela deve ter a oportunidade de vivenciar momentos de qualidade, tanto com você quanto com o pai dela, e, se for possível, momentos em conjunto com os três (isso é extremamente positivo). Neste sentido, a participação ativa de vocês dois na escola, é um bom caminho para que haja a manutenção dessa presença conjunta na vida dela. Agora ela ainda é muito nova, mas a partir dos 7 anos em diante, ela vai começar a compreender mais as coisas, e esse processo de compreensão deve ser tranquilo para ela, sem traumas, brigas, desentendimentos. O que prejudica mais uma criança neste contexto, não é necessariamente a separação dos genitores em si, mas a relação deles depois da separação, que na grande maioria das vezes é bem problemática. Talvez, um acompanhamento com um profissional de Psicologia possa ser interessante neste momento, é mais uma forma de trabalhar o vínculo afetivo de vocês após a separação. É preciso observar como sua filha vai reagindo a essa situação, e buscarem se adequar ao que for melhor para ela, falo especificamente aqui sobre essa transição de casas diferentes. O objetivo final é que, passado alguns anos, sua filha possa se sentir em casa, tanto em sua moradia quanto na do pai dela, e saiba que pode contar com ambos quando precisar, e que tem boas lembranças do desenvolvimento dela, tanto do pais quanto da pai. Neste sentido, é preciso que haja uma valorização também da casa do pai, e talvez seu papel seja importante para isso. Um quarto para ela, na casa dele, pode ajudar nisso, por exemplo. Um ponto que considero delicado e por isso importante, é sobre novos relacionamentos. Eu aconselho que isso não seja colocado para criança neste momento. A vida afetiva sua e do pai dela, não diz respeito a criança, e pode deixá-la confusa. Após os 10 anos, você pode introduzir uma outra pessoa, aos poucos, respeitando o espaço dela, e tudo que foi construído por vocês três até então. Ao final, ela deve realmente ter boas lembranças de você três, para que ela possa se desenvolver de maneira saudável, equilibrada, e emocionalmente segura.
Espero ter te ajudado, e desejo que fique bem.
Um abraço!
Clóvis Neto - Psicólogo Clínico CRP 17/1518