Me sinto sufocada por minha própria mãe

Feita por >Gabi · 30 ago 2020 Terapia familiar

Tenho 26 anos e durante os últimos 2 anos venho me sentindo sufocada por minha própria mãe. Durante a fase da minha infância e adolescência minha mãe sempre foi presente na vida acadêmica e privada das minhas 3 irmãs mais velhas e da minha porém nunca foi uma mãe vamos se dizer amorosa ao extremo; e eu me acostumei com o jeito dela de ser, porém desde que minhas irmãs mais velhas se casaram, saíram de casa e tiveram seus filhos minha mãe passou a focalizar mais a atenção dela em mim. Na época em que estava terminando minha faculdade, acabei rompendo um relacionamento longo e com isto passei a ficar mais tempo em casa, saía com meus amigos algumas vezes, para trabalhar estudar mas grande parte do tempo era com ela em casa; como meu pai está sempre ocupado ou trabalhando, começamos a fazer mais coisas juntas e acabamos virando mais próximas do que jamais fomos; porém isso passou a ser um problema pra mim. Desde que isto aconteceu, minha mãe passou a querer que eu fosse com ela em todos os lugares (principalmente em compras de coisa pra casa, algo que eu odeio) e passou a delegar muitas coisas da vida pessoal dela pra mim, como responsabilidade de resolver problemas de trabalho (já que ela é professora), cobrir os rombos financeiros dela quando ela gasta mais do que ganha, questões de saúde física, coisas da casa e até mesmo os problemas conjugais dela com meu pai ela quer que eu fique à par. Se eu me programo para sair de casa ela faz inúmeras perguntas e muitas das vezes se convida para ir, faz planos com meu futuro como "Se você passar em tal concurso público na sua área você vai ter que cuidar da mamãe", veta ou tenta desestimular qualquer mudança na minha vida como carreira, cidade, relacionamentos etc e muitas das vezes as falas dela claramente afirmam que eu serei responsável por anular a minha vida para cuidar da dela. Minhas irmãs nunca a deixaram desamparada em nenhuma questão mas ela está delegando à mim que eu não tenha uma vida como elas. Hoje durante a quarentena não tenho paz dentro de casa para conseguir fazer meu trabalho pois minha mãe quer atenção o tempo inteiro; se estou estudando algo do trabalho ou para meus objetivos pessoais sou interrompida toda hora; quando quero sair sozinha na grande maioria das vezes não consigo porque ela se arruma e vêm atrás e muitas das vezes quando eu só quero ter a felicidade de compartilhar algo de bom que tenha acontecido comigo mas que acarrete alguma mudança que não seja benéfica à ela, logo já ouço comentários desencorajantes. No momento estou trabalhando e estudando também e poupando dinheiro para comprar um apartamento pequeno, mas depois da quarentena forçada estou me sentindo cada dia mais sufocada por ela, que não percebe ou finge não perceber que está depositando as coisas que ela deveria fazer mas não faz na minha vida. Me ajudem, não sei mais o que fazer!

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A melhor resposta 31 AGO 2020

Olá Gabi! Grato por participar. Seu relato, muito próximo de outros, mostra componentes em comum: vinte e seis anos, filha única em casa, aproximação de mãe; mostra também outros dados: mãe professora, você com formação universitária, trabalho e perspectiva de melhora. São caminhos interessantes.
Repare que aos vinte e seis anos, a maior parte das pessoas, com razoável amadurecimento e autonomia, querem estar com vida mais livre, espaço próprio. Também é verdade que, dada a complexidade da sociedade atual, a maior parte das pessoas dessa idade, não apresentem maturidade, autonomia, e independência, para administrar de forma razoável, os próprios passos. Alguns se perdem com dinheiro, outros com profissão, mas a maioria se perde na escolha de companhias e rotina saudável de vida.
Mãe sempre quer o bem dos filhos, mas são seres humanos com limitações, falhas, acertos, forças emocionais que obscurecem a razão. A experiência dela, o amor dela, o desejo dela para que você tenha a melhor vida possível, não pode ser descartados, mas também a necessidade de você construir teus espaços, teus caminhos, não pode ser desrespeitada.
A resposta está na busca da plenitude da tua vida, para você. Para ela, é preciso que se desperte a importância de colocar você nos planos dela com a medida que respeite tua construção, tua autonomia, tua essência. Você não pode ser o plano dela, apenas parte dele. Ela não pode ser a explicação para tuas barreiras.
Sugiro que passe por conduta científica com psicólogo, para ponderar as forças emocionais envolvidas na convivências das gerações, que acabam por dificultar o desenvolvimento da plenitude de pais e filhos.
Estaremos à disposição.
Abraços virtuais (em tempos de pandemia, sejamos razoáveis; ética, abertura mental, empatia, Ciência!)

Ary Donizete Machado - psicólogo clínico.

Ary Donizete Machado Psicólogo em Limeira

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