Fui abusada? Estou confusa

Feita por >Anon · 29 out 2019 Violência sexual

Eu tenho uma história um pouco longa para contar. Irei resumir ao máximo. Quando eu tinha 7 anos, o filho do amigo do meu pai, que tinha entre 14~15 anos tocou em mim e queria que eu ficasse tocando nele. E que eu fizesse sexo oral, ele insistiu e eu acabei tocando nele, e ele dizia que eu nunca poderia contar aquilo para ninguém porque se não meus pais não cuidariam mais de mim. Eu apenas lembro de correr também. Bem, me lembro de vários episódios de rapazes (até uma menina) quando eu era criança (também eram) tentavam ter alguma coisa no sentido sexual. Mas eu já tinha medo por esse filho do amigo do meu pai, eu não entendia, mas me sentia desconfortável.
Eu sempre fui uma pessoa extremamente reclusa, com falta em habilidades sociais, eu estou dentro do espectro TEA. Não sai para conhecer o mundo até meus 19 anos. Infelizmente já cansada de ouvir que eu não era normal, decidi tentar ser. Conheci um rapaz, que eu o achava um escroto, pois ele tinha claras atitudes de alguém que não pode viver entre outras pessoas. Violento, ele era muito violento. Mas ele criou algum tipo de obsessão comigo, porque eu não ligava para ele (é o que ele dizia) como a maioria das outras pessoas, que eu não era interesseira ou que eu era muito boa. (Ingênua a palavra provavelmente, como sou autista eu não consigo indentificar quando as pessoas não estão sendo sinceras, eu simplesmente acredito nelas porque é o que elas dizem e não sei como saber se elas estão mentindo. Eu tenho muita dificuldade em entender emoções ou expressões). Resultado, ele nunca me pediu, mas então fiquei sabendo da pior forma que agora eu estava namorando com ele, ele me espancou na rua, na frente de muitas pessoas, ninguém me ajudou. Ele passou a controlar toda minha vida, e ameaçava minha família também. Eu só queria morrer, eu não existia mais, eu não tinha mais vida. Era um inferno, chegou a ponto de eu praticamente morar com ele (não morei exatamente), mas era um nível de controle tão grande que ele tinha sobre mim, que eu simplesmente fazia tudo que ele queria. Meus pais eu fiz o máximo que pude para esconder, principalmente do meu pai, que eu sei que iria atrás dele para matar esse cara que fazia isso comigo. Eu só não queria ferrar com minha família, era melhor eu sofrer do que eles. Tirando eles, todos ao redor sabiam. Ele me batia no meio da rua mesmo, me levava para casa dele, me batia mais e me estuprava (eu demorei a aceitar isso, talvez agora esteja entendendo que era realmente isso por algo que irei contar a frente). Ele dizia que era tudo culpa minha, que ele estava fazendo aquilo com ele, que estava surtando ele. Uma vez ele me bateu na rua pq eu não dei a mão para ele. E me levou para casa e abusou de mim. Não dormi esse dia, apenas esperei ele dormir, e pulei muro da casa dele e fugi. Andei muito e muito, com meu celular descarregado, até conseguir pedir ajuda. Bem, foi a primeira vez que ele contou para a mãe dele o que ele fazia, uma “amiga” me levou de volta para casa dele para eu pegar minha bolsa, e a mãe dele e ele estava lá, ele chorando como sempre fazia depois. Disse que procuraria tratamento, mas apenas se eu não abandonasse ele, se não ele iria piorar e que eu era a única pessoa que podia salvar ele. Já esquecendo de contar, me afundei em droga nesse período. Ele surtava se eu não usava com ele, e surtava se eu usava com ele. Acho que ele era um sociopata, sei lá, e só queria me bater e me molestar pq para ele deveria ser divertido. Eu só queria morrer, acho que a única solução seria morrer. Eu não estava mas em mim também, acho que adquiri alguns transtornos, não costumo ter medo de nada, mas fico paranóica achando que as pessoas estão me perseguindo e que querem me fazer mal.

Mesmo quando eu estava longe dele, eu tinha pavor dele, não conversava com as pessoas, mesmo elas tentando, pq eu achava que ele ia descobrir, me encontrar e me castigar por isso. Era horrível.

Mas consegui me livrar dele já. Ou pelo menos é o que eu acredito. Eu sou uma pessoa que aparenta ser apática, porque eu não consigo compreender sentimentos e preciso que as pessoas me expliquem. Passei por um período de depressão horrível, larguei as drogas (sozinha mesmo) e decidi que precisava me reenserir na sociedade, afinal preciso trabalhar mesmo tendo dificuldades com a parte de socialização. E eu desprezo muito as pessoas e por isso não quero ser como a maioria, não é possível que todas elas sejam ruins assim. Decidi entrar para faculdade. Foi difícil, tentei ao máximo parecer normal e me encaixar (sempre fui taxada como esquisita, não gostar de barulhos, ficar me balançando, alto déficit de atenção, etc), até que foi dando certo, mas recebi muito excesso de informação que eu não estava conseguindo lidar. Conheci um garoto como eu (está no espectro também), gostei bastante dele porque vi um igual nele, e acho que ele viu o mesmo que eu. Mas eu devo ter confundido ele, e ele começou a achar que éramos mais que amigos. E eu acho comecei a gostar do amigo dele, isso era bem novo, gostar de alguém, ele também era “estranho” e comecei a me identificar nele também. Acho que isso deixou o menino que também estava no espectro como eu, irritado. Ele tinha crises possessivas, extremamente ciumentos, me sentia manipulada por ele, mesmo achando que ele não fazia de propósito e comecei a ter medo dele, mesmo que sentia pelo meu ex. Conversei isso com ele, que inclusive era melhor nos afastarmos por isso, el não estava me fazendo mal. Ele ficou chateado com essa comparação acho, disse que a vida dele era uma merda e me contou que a ex dele o acusou de estupro. Ah, acreditei na inocência dele, afinal eu não acho que ele seria capaz disso, por mais que ele lembre meu ex.

Ele causa medo nas pessoas da minha faculdade, mas eu nunca liguei para isso. Nos afastamos, e me aproximei mais do amigo dele, de conhecer família e tudo. Me sentia talvez feliz. Mas esse menino(que também está no espectro) começou a se reaproximar, e ele parecia melhor, mas acho que isso fez o menino que eu gostava de afastar. Um dia estávamos bem e no outro e virou as costas para mim. Isso me chateou. Outras pessoas pararam de falar comigo, por causa das minhas crises (excesso de barulho, etc), pq não me entendiam. No final só aquele menino ficou realmente sendo meu amigo. Eu estava bem sozinha. Eu não confio muita nas pessoas e em mim, mas ainda sou ingênua de acreditar nelas.

Ele conversou comigo e queria saber se eu não gostava mesmo dele. Deixei claro que não, que eu nunca gostaria dele assim, mas que não queria magoar ele de novo. Ele disse que ia se afastar, mas não se afastou, achei que seríamos amigos mesmo dessa vez, porque temos muitas coisas em comum, inclusive em gostos e era alguém para desabafar.

Eu estava mal e queria alguém para conversar, decidimos sair e beber. O tempo fechou muito e fomos para casa dele para não pegar chuva. Ficamos lá bebendo, e escutando música, e eu fiquei tentando conversar, estava tendo um tipo de confiança nele, e queria muito conversar. Só que ele estava realmente me ignorando maior parte do tempo, até que ficou me puxando para ele e me agarrando. Estávamos os dois bêbados (mas eu não esqueço das coisas), fiquei confusa e incomodada. Pedi para ele parar com aquilo, que ele iria se machucar também fazendo isso. Aí ele parava e começava a me chamar de chata, e depois voltava a tentar me agarrar de novo. Ele me jogou no chão depois de um tempo, mesmo eu falando para ele não insistir naquilo. Ele dizia que eu queria aquilo também, que eu só estava sendo chata, mas queria aquilo. Eu dizia que não, e que ele também não queria, que só estava bêbado. Ele nunca mais tinha feito nada depois da ex dele acusar ele de estupro. E eu dizia que ele não iria querer as coisas daquele jeito. E ele dizia que queria sim, começou a me implorar, que seria só aquela vez e no dia seguinte poderíamos esquecer. Eu disse que não daria para esquecer aquilo, que não deveríamos fazer nada pelo nosso bem. Ele chegava a parar as vezes e pedir desculpas por me incomodar, até que ele voltava a fazer e começou a tentar tirar minha roupa, mesmo eu não querendo, ele estava dizendo que eu era chata e que queria sim. Depois podíamos esquecer. Eu comecei a ficar com medo dele, mais uma vez ele parecia com meu ex.

Cheguei a concordar em um momento, mas estava chorando, e me senti muito incomodada. Mas eu não sabia se era normal ou não. Afinal ele não me bateu, e com meu ex ele me batia, e eu chorava e ele continuava. Então não sei se isso pode ser considerado abuso, aceitei por um momento, mesmo não querendo, pq com meu ex se eu negasse, ele ficava irritado e me machucava. Mas eu estava completamente desconfortável, eu tentei conversar com ele, explicar que eu tinha problema com aquilo, que meu ex fazia aquilo. Mas ele não queria saber, ele dizia que eu devia esquecer tudo e aproveitar aquele momento. E eu não queria, eu não gosto dele nesse sentido, gosto do amigo dele (que decidiu me ignorar). Eu estava me sentindo um lixo, mas acho que é normal se sentir assim, é como eu me sentia com meu ex. Mas ainda sim, parei um momento, me encolhi e mandei ele parar, que já deu e mandei ele dormir. Ele continuou tentando, falando que não queria parar. Nossa foi tudo um lixo, até ele ver que não adiantava mais, eu não queria continuar.

Ele não me deixava pegar Internet da casa dele ( eu estava sem), mas consegui usar o 4G dele algumas vezes e falei com uma amiga (que sabe o que eu passei com meu ex), ela disse ele estava abusando de mim e para eu correr de lá (ela mora em outro estado), passei minha localização para ela e minha única amiga de verdade que mora aqui (que não estava entendendo nada eu acho). Ele mora em condomínio fechado, ele dormiu e eu tentei fugir, mas não deu certo. Ele ficava pedindo desculpa por qualquer coisa e queria que eu ficasse perto dele o tempo todo. Foi horrível passar a noite lá, pq ele vinha e me abraçava, e eu não queria. Mal dormi, tive muitos pesadelos, inclusive paralisia do sono, fiquei realmente muito bugada e comecei a alucinar com meu ex. Cheguei a trocar nome dele várias vezes. Acho que eu já não estava conseguindo distinguir.


Mas eu não sei se isso foi abuso realmente, eu tô muito confusa. Estou me sentindo culpada e enojada de mim, eu deveria sei lá, ter saído de lá na hora, mas comecei a me lembrar do meu ex e ficar com medo. Me sinto um lixo. E por um momento depois dele insistir eu deixei. Então acho que não foi abuso, mesmo eu chorando algumas vezes e pedindo para ele parar depois. Era assim com meu ex. Só que meu ex me batia, então ele era abusivo. E ele agredia muito mais meu psicológico e fazia questão de me colocar para baixo e depois ficar falando que me amava. Esse garoto parecia ele nas atitudes em muitas coisas. Ah eu tô muito confusa, não sei se fui abusada de novo ou se estou apenas traumatizada pelo o que meu ex fazia. É normal chorar, se sentir com nojo e desconfortável provavelmente.

Eu tô me sentindo horrível, não confio mais em ninguém, principalmente em mim, nunca mais quero deixar que alguém me toque, elas só se aproveitam de mim. Tô me sentindo burra demais e culpada. Quero só morrer mesmo. Principalmente pq ele é da minha turma e vou ter que olhar para ele. As pessoas devem sentir nojo de mim e com razão. Eu acho que ele não sabe que eu estava desconfortável... Não sei, não sei mesmo. Alguém me ajuda, eu tô muito confusa.

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A melhor resposta 30 OUT 2019

Olá.
Desde já agradeço o contato.
Um relato que demonstra ter muito sofrimento nessas relações.
Quando uma pessoa é forçada a ter relação com outra é considerado abuso. É preciso entender pouco mais dessa história para ajudar você a montar esse quebra cabeça.
Quando cita:
Eu tenho muita dificuldade em entender emoções ou expressões), faz parte do TEA, importante saber quem deu o diagnóstico e quando foi? Faz acompanhamento?
Acredito que a terapia Cognitivo Comportamental e ou terapia do esquema possa contribuir para você entender o porque esses indivíduos com esses comportamentos não adequados de certa forma estão sempre ao seu caminho.

Roberto Luiz Junior Psicólogo Psicólogo em São Paulo

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5 NOV 2019

Anon creio que seria muito importante você buscar uma ajuda psicológica porque aqui temos parte do seu relato e um psicólogo vai investigar toda a sua história por completo para que juntos vocês reeditem todas essas lembranças e sensações que te incomodam.

Abraços!

Natalia Martins Psicólogo em São Paulo

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31 OUT 2019

Olá Anon! Grato por participar. Comecei a ler seu texto. Como é longo, copiei para ler com mais calma e ponderar. Certamente, um psicólogo, com a devida sensibilidade te ajudará a reconsiderar o significado das histórias, bem como criar novas formas de posicionar diante das situações de vida. Há muitas pessoas amadurecidas, éticas e equilibradas que poderão te ajudar a trilhar um caminho de troca mais seguro e confiável. Procure por essas pessoas através da história delas, contada por vários, considerando os últimos dez anos delas. Se tiverem por hábito o respeito por dez anos seguidos, tenderão a manter com você. Dê chance a si mesma. Lerei com calma e pensarei nos seus escritos. Sendo possível acrescentarei novas considerações. Grato: Ary Donizete Machado.

Ary Donizete Machado Psicólogo em Limeira

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30 OUT 2019

Minha jovem eu posso imaginar a dor que está sentindo, segue algumas definições de abuso:
prática de atos sexuais de relevo com menores ou incapazes ou com quem, sendo capaz, se encontra inconsciente ou sem poder; resistir.
Sinônimos: Mau uso; uso excessivo ou injusto; exorbitância de atribuições; excesso de poder; ultraje ao pudor; insulto. Seria muito importante você possa procurar ajuda, precisa de acompanhamento, precisa de um psicólogo(a).
Espero ter ajudado!

Cleber Mendes Psicólogo em Brasília

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30 OUT 2019

Anon, é caracterizado abuso sempre que é obrigada fazer alguma coisa que não queira, que não tem clareza, que estás insegura. A estas alturas, o que precisas fazer é dar um término neste jogo que os guris fazem contigo e parar de ser ingênua. Tens dificuldade de lidar com as emoções, entendo e por isso não podes te deixar levar pelas choradeiras deles. Tens que ser ruim com os outros e não permitir que te abusem assim. Precisas urgentemente de orientação psicológica pera que te auxiliem a sair desse jogo, sair dessa situação. Repito: Precisas de orientação psicológica. Sozinha, não vais conseguir sair dessa.

Geime Rozanski Psicólogo em Brasília

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