Tenho 26 anos e estou no final do meu mestrado em biologia, sem perspectiva de emprego ou do que fazer no ano que vem. Até o momento, nunca tive nenhum tipo de emprego por estar focada na vida acadêmica. Me sinto muito burra, inútil, imatura, parece que só cheguei onde estou por pura sorte ou por fingir bem. Tenho o hábito de procrastinar demais tudo, seja da vida profissional ou pessoal. Não sinto ânimo ou vontade para fazer nada. Não consigo me concentrar no que preciso. Quando penso em arrumar um emprego, ao ler os requisitos/descrição da vaga, me sinto incompetente demais para ocupar qualquer cargo na minha área. Tenho medo de não saber trabalhar e acabar frustrando a mim e aos meus contratantes.
Namoro com a mesma pessoa há 11 anos, sinto que esses meus sentimentos acabam afetando meu relacionamento também. Recentemente decidimos dar um passo a mais e compramos nosso primeiro apartamento, ele quem mais investiu financeiramente. Só consegui pagar minha parte com ajuda dos meus pais. Me causa muita angústia em saber que no próximo ano não terei renda caso não consiga um emprego. Penso em dar seguimento a um doutorado pela bolsa, mas não é o que realmente gostaria de fazer.
Enfim, estou perdida. Me sinto sufocada. Não sei se acertei na carreira, na vida, nos relacionamentos. Me sinto sentada numa cadeira assistindo a vida passar, imóvel. Só queria um rumo que me desse segurança que tudo vai dar certo.
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31 AGO 2023
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Olá Amanita. Pelo seu relato você precisa trabalhar seu valor pessoal ou autoestima, e acho que isso deve estar claro pra você também, pois alguém que se acha burra ou inútil, no fundo sabe que deve se gostar mais e cuidar de si mesma, esse pode ser o primeiro passo a ser dado, mas outros tantos precisam ser dados por você para observar e descobrir o que pode estar relacionado ao sentimento de pouco valor por si mesma, digo isso porque outros sentimentos que você desconhece podem estar camuflados por trás dos seus sentimentos de inferioridade e procrastinação, investigar sua história de vida é bastante importante nesse caso, como foi criada, como era a base de afeto no seu lar e como você cresceu, e foi se moldando a partir disso. Não sei o seu caso, mas pessoas que foram criadas em ambientes em que havia cobrança excessiva pra ser e fazer de determinado modo com pouca atenção ou compreensão da parte dos pais ou cuidadores costumam se tornar adultos pouco confiantes e sente que o mundo é um lugar perigoso e assustador de se lidar. Digo isso porque me chamou a atenção pelo seu relato que por trás de toda essa pouca autoestima parece que você não quer ser uma decepção ou frustração não só pra você mesma, mas uma decepção para a família, namorado, (quem mais?) percebe que vai além do receio de decepcionar os possíveis contratantes? E de onde vem essa ideia que você não pode decepcionar ninguém? é possível sempre isso?, e ainda você acha que não pode errar e se frustrar? E porque não? É possível que tanta cobrança e exigência pode estar te paralisando, o medo é grande demais de fazer escolhas e seguir na incerteza, "tudo tem que dar certo", inclusive você! Não é à toa que procrastina, veja quanta coisa! afinal, melhor não fazer, vai que me frustro? Tudo isso dá pra trabalhar em terapia e diminuir essa pressão que você sente por se exigir, te ajudando a lidar com as frustrações, pois elas acontecem com todo mundo, não dá pra sempre ter essa segurança ou garantia que você diz, às vezes "quebramos a cara" mesmo, tudo bem às vezes não dar conta de tudo, escolhemos sem garantia, mas escolhemos e com isso nosso valor é trabalhado, pois se ganha experiência quando se arrisca, mesmo tendo que mudar de rota lá na frente. Te desestabiliza demais os pontos que coloquei aqui? Procure ajuda terapêutica quando possível. Espero ter te ajudado a refletir. Qualquer coisa estou a disposição.
Olá Amanita, este sentimento que você está passando é muito comum em jovens adultos, a pressão de começar uma carreira profissional acaba os sufocando e gerando esta insegurança, como você nunca trabalhou antes e não tem muita noção prática de como funcionaria o seu dia a dia, acaba gerando este medo de um futuro em que você não tem controle e que nunca vivenciou, que irá te tirar da zona de conforto e te exige ação, o que acaba por te manter neste estado em que você se encontra, de inação, um processo psicoterapêutico pode lhe ajudar a passar por estas novas etapas de sua vida, espero ter ajudado, um grande abraço!
Olá Amanita! Obrigado por escrever. Chamaram a atenção alguns aspectos de tua escrita. Sabemos que textos escritos refletem um recorte, uma parte do que a pessoa quer, pode ou deve dizer. Um deles é a palavra Biologia do jeito que foi posta, outra questão é aos vinte e seis anos vivenciar namoro de onze anos.
A questão central faz conexão com essas questões, mas envolve recolocar a essência de tua identidade, os sinais que tua história dá.
Você, com essas qualidades, história e dúvidas, deve passar por uma orientação ocupacional clínica, profunda, com um de nós, psicólogos, com a maior brevidade possível.
As coisas da autoestima, as questões da história, das escolhas, dos posicionamentos, precisam ser refletidas e modificadas.
Estarei a disposição.
Abraços! A Covid e a Dengue estão vigentes: sejamos cuidadosos. A maior parte dos políticos não são confiáveis. Dentre os religiosos, há muitos que se dizem religiosos, mas na verdade, são falsos: querem é dinheiro. Fazem teatro para enganar os descuidados. Os meios de comunicação não são neutros, mas aqueles que apresentam tradição de muitos anos ou recebem o selo educativo/cultural, e não estão a serviço de alguma seita religiosa, são razoáveis. Tenha sabedoria para filtrar. A Ciência não é perfeita, mas como fez o avião, a geladeira, o rádio, o celular, faz as vacinas. Confie na Ciência! Vacine-se, vacina as crianças.
Ary Donizete Machado - psicólogo clínico e orientador ocupacional.
