Tenho 18 anos e moro com meu pai desde que nasci, junto com a minha irmã de 20 e minha mãe. Meu pai desde o início era um homem rígido mas com o passar do tempo transformou-se um verdadeiro inferno viver com ele.
A primeira "discussão" que tive com ele era quando eu tinha uns 4 anos, fiz bilhetinhos para todos em casa e inclusive para ele. Ele não entendeu minha letra e mandou eu ler para ele, mas fiquei com vergonha e não quis ler e ele começou a me tratar mal.
Outra memória foi aos 7 anos, havia faltado luz em casa e ele surtou me chamando de vergonha de filha e uma filha de merda.
Meu pai também teve algumas brincadeiras estranhas; me sarrar, morder minha coxa e isso sempre me incomodou mas só me dei conta aos 13 anos e então comecei a me afastar mais ainda dele.
Com o tempo ele também se afastou de mim (sempre foi mais apegado a minha irmã) e atualmente não nos falamos ou olhamos na cara um do outro. Me incomoda porquê sinto que a culpa disso seja minha mas eu não sei mais lidar com ele; sempre que se irrita ele explode e destrata de todos em casa.
Ontem mesmo ele surtou e brigou comigo dizendo que não precisa de filhos pra nada e que não tem medo de traumatizar ninguém.
Cansei de chorar a noite por causa dele e não sei mais o que fazer, não tenho apoio da minha irmã ou mãe nesse assunto.
Outro detalhe é que faço parte da comunidade LGBTQIA+ (sou gênero-fluido) e não encontrei uma religião ainda e meu pai é super intolerante e homofóbico, sempre atacando com muito ódio quem discorda das opiniões dele.
Enfim, resumidamente é isso. Eu sou o culpado por isso e devo mudar a situação?
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15 FEV 2023
· Esta resposta foi útil a 4 pessoas
Olá, Caleby
Vamos com calma, não consigo pensar em "culpa" quando olho para seu relato, mas me vem mais um sentimento de preocupação contigo e com como você vem lidando com isso, com como está sendo viver sem falar com seu pai, como você se relaciona hoje com essas memórias.
Também sinto curiosidade em como tudo isso te afetou e pode estar te afetando. Como isso mexe com seu senso de pertencimento à família, autoestima, auto valor, expectativas de futuro, etc.
Me interesso por ouvir sua história, por isso te sugiro considerar a ideia de um processo de terapia, assim esses contornos podem ser dados, talvez até te ajudando a lidar com essa culpa, ok?
Fique bem, na medida do possível
Qualquer coisa fico a disposição
18 FEV 2023
· Esta resposta foi útil a 2 pessoas
Olá Caleby
Não! Não é normal não conseguir olhar para o pai!
Voce vivevciou fatos, experiências traumatizantes com o seu pai...
Não, a culpa não é sua! Mas precisa entender como a vida funciona.
Voce veio através deles, seus pais, mas não é deles. Eles apenas proporcionaram que voce estivesse vivendo aqui.
Uma realidade é a Vida - o que essencialmente voce é; outra coisa é sistema - local em que voce veio.
A vida te deu a liberdade para voce fazer todas as experiências que voce quiser; te deu também o livre arbítrio para voce escolher e decidir o que te serve e o que não te serve.
O sistema - ambiente familiar, educacional, social, religioso - te limita, te aprisiona, te molda, te adestra ao que ele quer. O Sistema não visa a tua realização, apenas te adapta a ele. Teu pai te educou como ele compreendeu, mas a tua mente registra os fatos como ela percebe toda esta interação entre voce e o meio ambiente.
Voce não veio a este mundo para ficar obediente aos teus pais ou outros...
Veio para se realizar... voce está com 18 anos e a partir de agora já pode ir cortando o cordão umbilical psicológico com eles, voce tornar-se pai e mãe de ti mesma, se responsabilizar pelas escolhas que voce faz, superar gradativamente suas carências, sua dependência (emocional e financeira) e quando já conseguir, pode ousar ser dona de si mesma.
Mas faça isso com muita flexibilidade, com muita diplomacia...
Não precisa brigar; se impor sim, mas com flexibilidade e diplomacia. Na vida, vence sempre quem tiver a melhor diplomacia.
Se necessitar, peça ajuda da Psicoterapia.
Está aí para te auxiliar.
16 FEV 2023
· Esta resposta foi útil a 1 pessoas
Olá, tudo bem?
Realmente essa situação é bem delicada, sou o Psicólogo Paulo V. R. Oliveira e gostaria de auxiliar nessa situação.
Primeiramente, sua angústia, dúvidas é importante para mim e sei o que está passando. Para que possa te auxiliar e ajudar de maneira assertiva e com o cuidado devido que você merece, aguardo sua mensagem diretamente para mim.
Uma consulta online ou presencial é essencial para saber o que de fato está passando.
16 FEV 2023
· Esta resposta foi útil a 1 pessoas
Olá Caleby,
Pelo seu relato vejo muitas questões pra você ressignificar em sua vida. Sempre existe formas pra mudarmos e para que você consiga as mudanças que almeja é necessário trabalhar suas angústias. Fico a disposição, abraços
15 FEV 2023
· Esta resposta foi útil a 2 pessoas
Olá Caleby! Obrigado por escrever. Todos nós, somos sempre seres em construção. Nossa construção é bastante influenciada pela forma como sentimentos e interpretamos os acontecimentos de nossa história. Todas as pessoas, literalmente todas as pessoas apresentam coerências e incoerências, erros e acertos, forças e fraquezas. Eu, você, seu pai também. Cada pessoa, vai construindo, a cada milésimo de segundos, construindo direções para a sua identidade.
Será importante você se reorganizar, com a ajuda científica de um de nós, psicólogos. Quando as pessoas estão fragilizadas - não deviam - mas buscam portos seguros e confortos em definições provisórias, muitas vezes, como forma de fuga.
Estaremos a disposição.
Abraços! A Covid, a Dengue, exigem cuidados e atenção. Vacine-se, vacine as crianças. Valorize mais a Ciência. Ela não é perfeita mais permite avanços. É impressionante como falsos políticos e falsos religiosos usam a fé dos mais simples. Cuidemos do atual resgate da civilização e da democracia. Não há meios de comunicação neutro ou perfeito, mas há instituições mais sérias, mais abertas. Verifiquemos as informações com maior critério. Vejamos o que falam as TVs educativas, os canais abertos com maior tradição de cultura. Valores aprimorados por décadas, não podem ser descartados por interesses de pequenos grupos radicais. Quem apoia terrorista, antidemocrático, bárbaro, se faz um deles.
Ary Donizete Machado - psicólogo clínico e orientador ocupacional.