​O maior dos medos de quem ama não é o que você pensa

O maior de todos os medos é o risco da possibilidade de que o amor sentido, aquele amor intransitivo, vire uma lembrança, transforme-se em uma memória, uma história contada.

29 SET 2018 · Leitura: min.
​O maior dos medos de quem ama não é o que você pensa

O maior medo de quem ama alguém é o de não ser correspondido. A possibilidade de todo o investimento não ter retorno consome o amante que busca somente a recíproca. Tamanho é o medo que é capaz de mudar a transitividade do verbo amar…. Apenas ama-se, de maneira intransitiva. Assim, cria-se uma proteção ao amor, ao amante e ao amado. No entanto, a cada aproximação da realidade aumenta-se o medo do amor não ser recebido, e com isso, não ser concretizado. O medo, então, devora a perspectiva, o futuro e, consequentemente o presente. O maior medo de quem ama e não é correspondido é o medo desse amor cair no vazio.

O maior medo de quem é amado é a possibilidade de deixar de sê-lo. Na busca do contrário, investe-se ainda mais nesse amor com o objetivo de afastar as chances da perda. Fortalecem-se então os vínculos, recriam-se as memórias, tudo para afastar o medo da perda do amor recebido. O medo de deixar de ser amado é angustiante. Desolador. A perda do amor do outro equivale à perda da gravidade, os pés deslocam-se do chão. Perde-se o contato com a realidade. Realidade que foi construída no amor recebido. O maior medo de quem é amado é o risco, real e também imaginário, de simplesmente de deixar de existir para o outro.

Mas o maior de todos os medos de quem ama é a possibilidade que vem de dentro. É o único medo que não depende ou envolve o outro. O maior dos medos é o medo de, simplesmente deixar de amar. Chega a ser surreal, porém não impossível, deixar de amar o objeto amado, cuidadosamente escolhido, conscientemente cultivado. Medo que desafia a vulnerabilidade humana. Deixar de amar quem se escolheu para amar é um medo tão aterrorizador que não nos damos conta de sua ameaça. Optamos por suprimir, ocultar e desconsiderar, tamanha é a dor de aceitar sua possibilidade.

Em algum lugar, bem escondido, sabemos desse medo. Por isso, tratamos o amor como um amuleto da sorte. Aquele que seguramos firmes com as duas mãos e não o soltamos simplesmente pelo fato de que acreditamos que o sentimento nos pertence. Agarrado a esse amuleto, enfrentamos o tempo, a distância, as mágoas, inconstâncias e incertezas.

O maior de todos os medos é o risco da possibilidade de que o amor sentido, aquele amor intransitivo, vire uma lembrança, transforme-se em uma memória, uma história contada. Uma história na qual você não é mais o protagonista, mas apenas um espectador distante.

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Escrito por

Renato Lima

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