Hypnoparenting: é correto usar hipnose para educar um filho?
A hipnose é um recurso que permite induzir a pessoa a um estado alterado de conciência. E se começar a ser utilizada como um instrumento para educar crianças e alterar comportamentos?
A hipnose é uma abordagem de trabalho psicoterápico, que utiliza estados alterados de consciência para alcançar memórias, ideias e emoções. Como estão atreladas a um determinado problema ou transtorno, a hipnose permite acessá-las sem bloqueios, para melhor lidar com as causas e consequências.
A aplicação que vem sendo dada por hipnoterapeuta norte-americana, entretanto, vem provocando uma série de discussões éticas e funcionais sobre a técnica. De Los Angeles (Estados Unidos) e mãe de três filhos, Lisa Machenberg afirma usar o método dentro de casa, como uma solução natural para a criação dos filhos.
De acordo com a hipnoterapeuta, trata-se apenas de realizar de forma intencionada algo que todos os pais já fazem, que é influenciar as crianças ao longo do seu processo de desenvolvimento. Ao canal ABC News, Lisa explicou que começou a hipnotizar seus filhos para que conseguissem dormir a noite inteira sem fazer xixi na cama. Atualmente, utiliza a hipnose como ferramenta para controlar a ansiedade e lidar com dificuldades de concentração.
"Meus filhos são capazes de usar lógica e raciocínio. Eles têm uma perseverança e uma capacidade para se esforçar que não é comum em outras crianças", justifica a hipnoterapeuta.
Falta de comprovação científica
O uso da hipnose na educação dos filhos, também chamado de hypnoparenting (como a técnica vem sendo denominada nos Estados Unidos), é controverso, especialmente porque ainda falta comprovação científica de sua eficácia enquanto ferramenta "pedagógica". No Brasil, outro problema seria a falta de uma rígida regulamentação que pudesse controlar o uso da hipnose para esse tipo de fim.
Parte dos especialistas ressalta que, dificilmente, o uso isolado da hipnose seria suficiente para mudar radicalmente o comportamento de crianças e adolescentes, e fazer com que essas mudanças fossem duradouras e fizessem parte de sua personalidade e comportamento. Ainda coincidem em haver outros recursos mais eficazes para ajudar no desenvolvimento infantil, como motivar, ser consistente na disciplina, elogiar bons comportamentos e ajudar a estabelecer objetivos, obviamente controlando expectativas e comemorando as conquistas.
Não é o caso do psicólogo Rangel Lima, que trabalha com a hipnose e destaca sua capacidade de sugestão:
"A hipnose atuaria como uma sugestão (estado alterado de consciência ou atenção plena), que atuaria diretamente no inconsciente, que é a área responsável por nossa vida psíquica, sede das emoções e que geram os comportamentos. Da mesma forma como somos influenciados pelos exemplos, mídia, informações diversas, esse tipo de sugestão tem a mesma finalidade e pode ter ainda mais impacto quando a pessoa recebe sob transe hipnótico."
Sobre um possível dilema ético em utilizar a hipnose para interferir no desenvolvimento da criança e adolescente, Rangel é taxativo:
"Para mim, é totalmente ético, desde que seja para o bem da criança, adolescente ou adulto. Exemplo, para ela se tonar mais autoconfiante, responsável, inteligente, para ser mais calma, evitar certas circunstâncias, etc."
A norte-americana Lisa Machenberg alega já ter tratado mais de 1.000 crianças e adolescentes durante sua trajetória como hipnoterapeuta. Paralelamente, trabalharia com os pais estratégias que poderiam ser usadas em casa, além de ensinar aos pacientes processos da auto-hipnose.
Fotos: por MundoPsicologos.com
As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE