A clínica da criança

Em tempos modernos, a demanda infantil para o setting terapêutico aumenta gradativamente na medida em que a sociedade entende que Psicologia e terapia referem-se a um tratamento ético, eficaz, que refletirá por toda a vida dos sujeitos, e muitas vezes sem a necessidade de psicofármacos. No entanto, pais e/ou cuidadores ainda não entendem como acontece a clínica e o tratamento da criança, por isso vale a pena uma breve explanação de como ocorre o Acompanhamento Psicológico Infantil.

Antes, ressalta-se que para que a terapia da criança dê certo é necessário todo o empenho e compromisso dos pais e/ou cuidadores e demais familiares, uma vez que estes são peças fundamentais no tratamento.

Inicialmente, o psicólogo preparado para o atendimento infantil se encarrega de concluir o Psicodiagnóstico Infantil (PI), processo terapêutico que possui início, meio e fim. Trata-se de um momento em que os atendimentos são feitos exclusivamente com a criança, onde ela poderá expressar em seu entendimento o que está acontecendo.

Como o uso de palavras e significados da criança ainda são limitados, o profissional utiliza de outras técnicas para que ela expresse o seu "sintoma", seja pelo desenho, seja pela brincadeira, ou sejam por outros meios, em que a leitura feita pelo terapeuta se sustenta por toda a sua bagagem teórico-científica.

Finalizado o PI, realiza-se uma entrevista com os pais, de preferência incluindo todos os cuidadores. A partir daí, o psicólogo transfere aos familiares aquilo que foi observado e analisado entre o que a criança apresenta e o que a entrevista com os pais aponta. Assim, os demais atendimentos com a criança focam na solução do(s) conflito(s) apresentado(s), sempre com o apoio dos pais e/ou cuidadores e demais familiares.

Ressalta-se que em muitos casos o resultado das observações em terapia diz respeito a desordens no entorno da criança, inclusive no que é dito ou feito a ela, e portanto compreendido por ela. Em seu texto "Criança, Sintoma dos Pais", Maud Mannoni, psiquiatra e psicanalista francesa que elaborou teorias através de suas experiências, vem nos dizer da importância que tem o discurso dos pais em humanizar a criança. Dessa forma, a partir da distinção entre imaginário, real e simbólico, quaisquer sintomas apresentados dizem respeito não ao diálogo mas sim ao discurso, na relação entre a criança e o Outro simbólico (lugar da palavra) e a criança e o outro imaginário.

Por fim, necessita-se que os pais e/ou cuidadores compreendam a importância do vínculo terapêutico, o tempo do Psicodiagnóstico e o empenho que eles deverão disponibilizar durante todo o processo. Portanto, é cabível que as prescrições terapêuticas sejam feitas sempre que o psicólogo julgar necessário, para que o acompanhamento psicológico infantil alcance melhores resultados.

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