Sinto que só vivo no automático.
Tenho 26 anos e estou me sentindo estagnada. Trabalho meio período em um emprego que odeio e estou terminando uma faculdade de Serviço Social no meio do ano que vem. Escolhi esse curso por pressão da minha mãe e para lidar com as comparações com outros familiares. Não sei se é isso mesmo que irei exercer quando terminar o curso. Mesmo gostando de causas sociais, tenho dificuldade em ser social, e isso está piorando agora com os estágios. Esperava que isso melhorasse com a prática, mas sinto que estou voltando a ser a mesma pessoa tímida de antes.
Desde o ensino médio, passei por depressão profunda, baixa autoestima e medo do futuro. Tentei o ENEM quatro vezes. Nas duas primeiras, não usei a nota porque não sabia o que queria, na terceira desisti por causa de uma crise de ansiedade, e na quarta, já com 24 anos, acabei escolhendo o curso em cima da hora para não ficar sem fazer nada, de novo. Foram longos 6 anos lidando com a minha depressão.
Sempre fui muito tímida e descobri que tenho fobia social, o que dificulta formar relacionamentos. Nunca tive um relacionamento amoroso, e isso me afeta bastante. Sinto que ninguém se interessaria por mim e tenho muito medo de sofrer preconceitos. Sou uma pessoa carente, embora não demonstre muito o que sinto e nem seja carinhosa com ninguém, nem mesmo com a minha mãe. Tento lidar com essa carência lendo livros sobre relacionamentos amorosos; se me deixam, passo o dia lendo e isso ajuda a diminuir um pouco a solidão. Vivo através deles.
Já tentei conhecer pessoas online, mas sempre fico no básico e a conversa acaba não indo para frente. Me sinto um lixo nesse âmbito. Além disso, minha situação financeira é complicada, pois minha mãe e eu enfrentamos muitas dificuldades, o que é um estresse constante. É muito difícil sobrar alguma coisa pra termos um lazer.
Minha relação com minha mãe é complicada. Cresci com muitas ameaças e uma explosividade dela, embora não tenha apanhado fisicamente. Cresci fazendo praticamente o que ela queria sem questionamento. Depois que comecei a ir ao psicólogo por um tempo, comecei a dizer “não” para coisas que não me satisfazem, e ela não aceita isso bem. Vivemos na mesma casa, mas muitas vezes evitamos ficar no mesmo ambiente por causa da tensão.
Minha mãe também teve dois relacionamentos tóxicos, um dos quais envolveu agressão física, e ela me culpa pelo fim desses relacionamentos, o que me faz sentir muita culpa. Todo final de semana, ela bebe para tentar esquecer os problemas e isso deixa a casa tensa. Quando está bêbada, fica agressiva verbal e, às vezes, fisicamente. Já fui agredida algumas vezes e tento ficar no meu quarto para evitar brigas, mas qualquer motivo é suficiente para ela explodir. A bebida dela torna a comunicação ainda mais difícil e o ambiente em casa é insuportável.
Não quero me colocar totalmente como vítima, porque sei que também tenho minha parte nas brigas. Tenho uma personalidade um pouco difícil, me estresso fácil, mas não sou explosiva como ela. Acabo guardando o que sinto para não acabar nós duas gritando. O engraçado é que, embora ela queira que eu me expresse mais, quando tento rebater nas discussões, ela me chama de bocuda ou sem educação. Então, acabo me retirando. Não somos próximas. Quando compartilhava algo íntimo com ela, ela usava isso contra mim nas discussões seguintes, então estou parando de compartilhar para não dar munição a ela. Por isso, não temos muito em comum.
Gostaria de saber como lidar com essa sensação de estagnação, insegurança e dificuldade em relacionamentos, e como melhorar a comunicação com minha mãe.