Seria a minha psicóloga ruim e antiética?
Boa tarde, prezados. Escrevo esta pergunta em grande angústia, buscando compreender se determinadas percepções que tenho sobre a profissional que me atende possuem algum fundo de verdade ou são distorções minhas por estar de "saco cheio" da terapia (ou se ambas tem seu percentual de culpa rs).
Faz dez meses que comecei a terapia. Cheguei na profissional já sob o diagnóstico de TDAH e medicada para o problema. Entretanto, padeço pela dificuldade em me organizar/disciplinar, ainda que em intensidade muito menor do que sem a medicação. Também busquei ajuda por viver situações muito estressantes emocionalmente (sou jovem , órfã, estou na graduação, venho de famílias bastante complicadas e tive de aprender a administrar negócios, inventários, heranças, dívidas... enfim, toda sorte de problemas, sozinha, embaixo de muitas críticas/extorsões/tentativas de extorsão e humilhações de familiares, sobretudo). Decidi não fugir às responsabilidades, mas é evidente que alguns dias são melhores do que outros no meio disso tudo. Foi por conta disso tudo, buscando trabalhar a minha autoestima/paciência pra lidar com os problemas, que procurei a ajuda dessa profissional.
Enfim, eu cheguei ao consultório trazendo queixas sobre organização e disciplina, além de problemas na minha autoestima e uma sensação constante de depreciação/alto nível de exigência. Sim, eram problemas, mas... eu estava relativamente organizada na época e muito mais confiante do que hoje. Vivia um relacionamento abusivo e consegui terminar ainda no início. Assim, eu tinha minhas faltas e queria melhorar, mas estava coesa, ordenada, organizada... em contraste ao hoje, muito mais. O ponto é esse: piorei MUITO depois da terapia. Passei meses com a ansiedade em picos absurdos e hoje, olhando pra abril do último ano, vejo que tudo intensificou depois da terapia. Sobre posturas dela que avalio como indícios de incompetência/antiética, seguem:
1) Com menos de um mês de tratamento, ela ofertou o "pacote" pra duas sessões semanais. Pensando ser legal ter mais assiduidade, aceitei. Essa frequência era pra ser temporária, mas s estendeu por todo o tratamento: dez meses, excetuando breve período em novembro, quando suspendi por três semanas as sessões.
2) Não sei quais casos exigem sessões frequentes, mas eu não estava depressiva, dormia ok, comia ok, não tinha compulsões e crises de qualquer tipo. Estava atabalhoada com tanta coisa acontecendo, mas não tinha perdido o "fio da meada" em minha vida. Tinha rotina, tinha a faculdade e fazia o meu melhor pra suportar tudo e levar aquilo adiante. Ainda assim, ela recomendava as tais duas sessões do pacote e estas aumentavam demais o valor do tratamento.
3) Ela recomendou que eu tomasse duas doses diárias de Venvanse 70 mg, sendo que a segunda seria "jogar o pozinho" sobre um iogurte por volta das 17h, pra que eu "desse conta" de minhas obrigações noturnas também. Resultado: perdi o sono e por completo. Passei a acordar durante a madrugada e fiquei completamente desestabilizada. Informei a ela e disse que iria pra uma psiquiatra pedir alguma medicação ao sono. Resposta: "será que um remedinho natural não seria melhor?"
4) Virei uma bomba de ansiedade. Contei o fato em sessão pra ela, inclusive sobre as crises diuturnas que eu tinha; como seguro a onda e não me descontrolo por completo, a resposta dela foi: "lógico, estou te pressionando a estudar mais e essa é a sua fuga."
Fiquei muito desconfortável com aquilo, porque eu fazia o máximo que a minha capacidade de horas/humor permitia, mas estava aquém dos meus objetivos e não senti que recebi compreensão.
5) Fiz as provas que deveria fazer; em algumas obtive sucesso e em outras, não. Ela disse que não consegui porque fiz as provas "sem estudar." Não foi o caso. Cheguei a emendar faculdade, viagens pra resolver burocracias familiares e estudos preparatórios. Não tive o foco necessário, mas me embrenhei em uma rotina insana pelo objetivo. Fui diagnosticada com anemia, gastrite nervosa e depressão, tudo depois dessa empreitada amalucada. Ainda assim, fui "insuficiente."
6) Ela entrava, SEMPRE, no modo conselheira. De começo, não percebi e dei crédito/respeito, por ser uma profissional de saúde, mas chegou em um ponto tal, que não aguentei mais! desde o início da terapia, as diretrizes dela eram algo como "troque de faculdade, porque cursando nessa instituição e aqui, você não tem futuro"; "largue tudo aqui e vá pra SP"; "Vá pra Brasília"; "sim, vale você entrar em dívidas pra pagar esse preparatório pra concursos" e etc, etc, etc. Fora depreciações como "você teria condições de pagar uma empregada, por qual motivo quer organizar a rotina pra dar conta da sua casa?", enfim... tudo isso. Conselhos atabalhoados e contraditórios, algo inadequados pra uma profissional de saúde. Relatei sobre dificuldades que eu tinha em enfrentar alguns familiares sobre pagamento de impostos relacionados ao inventário. Eu me sentia atemorizada por eles, porque são pessoas que já foram rudes comigo e muito me humilharam. Eu queria saber COMO lidar com as minhas emoções pra fazer aquilo que deveria ser feito, NÃO O QUE EU DEVERIA FAZER EM TERMOS FINANCEIROS. Ela deu de ombros às demandas emocionais e começou a fazer perguntas de cunho pessoal, tentando me "dar dicas" sobre como administrar o dinheiro diante daquilo.
7) Recentemente, veio o fato que tornou tudo limítrofe pra mim. Reduzi as sessões de duas vezes na semana pra uma, por falta de tempo e dinheiro. Isso foi em novembro, final de novembro. Desde então, ela INSISTE pra que eu retorne às duas sessões semanais EM TODO ENCONTRO QUE TEMOS. SEMPRE, SEMPRE insiste, diz que estou ansiosa, que estou com muita raiva de mim, que é necessário, que vou piorar se não for e etc, etc, etc. Oferece pacotes, fala em reajustes e etc. Não cedi. Pois bem, na última sessão, ela trouxe o assunto à tona. Tivemos uma sessão na terça-feira da semana passada, que era a nossa sessão de praxe. Nesta, ela, de novo, fez "condições especiais" pra segunda sessão semanal, disse que cobraria "preço simbólico" porque fevereiro é mês vazio de pacientes pra ela. Eu NÃO confirmei, mas disse que pensaria. Na quinta-feira, qual não foi a minha surpresa quando ela me manda uma mensagem perguntando porque eu não compareci ao horário combinado, 09:00? Eu sei que não havia confirmado nada e reiterei que precisaria pensar. Ela, então, me disse que o preço combinado pras duas sessões seria o preço de uma sessão semanal, quatro vezes ao mês, porque correspondia ao "reajuste" feito no início desde ano e pronto. Fiquei pasma!
8) Estive em consulta com psiquiatra em dezembro. Fiz todas as avaliações prescritas por ela e parece que estou com uma depressão leve e alta ansiedade, mas só. A psicóloga, entretanto, afirmou que eu entraria em "automutilação" e risco de suicídio se não aumentasse a assiduidade no tratamento.
9) Em novembro, suspendi as sessões por três semanas e melhorei muito. A minha ansiedade sessou e parece que assumi a autonomia pela minha vida novamente. Quando retornei, ela até comentou sobre como o meu raciocínio estava "mais claro", mas atribui ao aumento na dosagem da medicação (venvanse) como responsável.
10) Desde que reduzi as sessões, me sinto bem melhor. Mais proativa, menos dependente de pitacos dela e mais eu, novamente.
11) Não larguei até agora porque SEI que mudar envolve ouvir coisas das quais não gostamos, mas tudo isso aí só pode me conduzir até a conclusão que há lapsos éticos/competência por parte da profissional. Gostaria de perguntar aos senhores se os fatos relatados denotam algo de estranho/inadequado pra uma psicóloga. Obrigada e perdão pelo texto imenso, mas é simplesmente frustrante entrar em tratamento e sair pior! Grande abraço a todos.