Será que tenho estresse pós traumático?

Feita por >Carina Izaura Maranho · 24 fev 2023 Abordagem psicológica

Olá, meu nome é Carina e tenho 24 anos. Tem alguns anos que eu ando pensando muito na morte - não no conceito de morte literal, mas, situacional (?). Antigamente quando eu pensava na morte e eu ficava tranquila, achava que era parte de vida e até via como uma coisa positiva poder descobrir o que vem depois, se é que existe um depois. Ficava tranquila pensando que seria um descanso pra esse mundo desconfortável. Eu sempre tive bastante ideação suicida, na adolescência e ainda tenho, talvez esteja pior que antes. Nunca tentei fazer nada por puro medo de sentir dor e, também, medo da sensação de morte (já que tomei ayahuasca e foi quase como uma experiência de quase-morte e mesmo tendo sensações boas durante o ritual, é aterrorizante e doloroso), e principalmente, medo do arrependimento final e das possíveis consequências caso eu não morrer (sei lá, ficar em estado vegetativo, desfigurada, em coma, seja lá a forma que eu escolher morrer).
Enfim, quando eu pensava (ou penso) na minha morte, me preocupo com o que meu amigo Andrei e meu namorado vão sentir, e me preocupo da minha calopsita ficar sozinha sem ninguém pra cuidar e se sentir solitária. O que me preocupa mais na morte não é nem a minha, é a morte das pessoas que eu amo, eu fico aterrorizada e começo a chorar muito. Fico vendo se meu namorado está bem, mando mensagem, pergunto como ele está, onde está. Muitas vezes ele vai pra algum lugar (mercado por exemplo) e eu não estou a fim de ir junto, mas quando começo a pensar que algo pode acontecer com ele no caminho, é o suficiente pra eu me arrumar pra ir com ele, se algo acontecer sem eu estar perto pra tentar proteger... Eu vou me culpar eternamente de não ter ido junto. Toda manhã quando ele sai pra trabalhar, faço questão de acordar junto só pra dar um beijo, desejar um ótimo dia e dizer que eu amo ele, porque fico com medo de nunca mais ver ele. Eu fico tão ansiosa pensando em perdê-lo que parte dos meus pensamentos do dia vão só pra isso.
Fico ansiosa pensando que minha mãe vai morrer antes de eu ter conversado com ela sobre o que eu sinto, sobre quão cruel ela foi comigo durante minha vida toda e como, mesmo tentando e tentando falhamente, eu queria ter conseguido ter uma relação boa com ela e ter ajudado ela a se sentir feliz porque eu tenho dó de quem ela foi, dó das merdas que aconteceram com ela durante a vida dela.
Outra coisa que eu ando tendo bastante são pensamentos de autoflagelação, crio situações na minha cabeça que eu sei que eu ficaria triste e desolada, e que, no final das contas, eu me mataria por frustração á vida. Um exemplo do que eu estava pensando agora: criei uma linha do tempo alternativa em que meu câncer havia voltado. E continuei criando várias situações a partir disso como: meu namorado me abandonar enquanto faço o tratamento (porque sempre vejo homens abandonando as mulheres que iniciam a quimioterapia; outra coisa que me pesou muito no pensamento foi uma vez que minha mãe disse que "homem não quer mulher que dê trabalho" ou "mulher que tenha qualquer imperfeição e não seja normal" - e isso me deixa triste até hoje porque eu tenho deficiência na perna). E na mesma linha do tempo, criei outra situação que eu já não estava mais namorando meu atual, e estava fazendo mais uma sessão de quimioterapia, e comecei a imaginar uma cena onde eu peguei meu celular e comecei a postar que preferia estar morta do que ter que passar por tudo isso de novo, que deveria ter me matado antes pra poupar tempo sofrendo porque eu ia morrer de câncer de qualquer forma. Então, me imaginei mandando mensagem pro meu namorado dizendo que queria ter tido uma vida feliz com ele e que ele foi o amor da minha vida, e que caso existisse uma vida após a morte, eu ia voltar pra confirmar isso á ele, pedi desculpas pelas mensagens e por parecer estar sendo dramática, mas que os sentimentos dentro de mim estavam esmagadores e não conseguia mais segurar (como sempre faço). E então, depois de mandar a mensagem, eu finquei uma faca no meu pulso e comecei a rir muito, rir talvez de alívio que eu ia morrer e parar de sentir tudo tão forte e confuso. Quando os médicos chegaram, eu pedi pra me deixar morrer porque eu não aguentava mais aquela realidade.
Isso é só uma das coisas que eu penso, já imaginei coisas piores, e eu sempre penso isso quando chega a hora de dormir. Muitas vezes pra dormir eu preciso chorar até conseguir pegar no sono, preciso pensar em alguma coisa pra conseguir pregar os olhos.
Eu fiz quimioterapia quando era criança porque tive um osteosarcoma parosteal no osso da perna que depois veio a dar metástase pulmonar, vi muitas crianças que conheci no hospital morrendo e eu de alguma forma devia ter aceitado que eu ia acabar da mesma forma. Lembro de uns anos depois de ter terminado a quimioterapia, minha mãe me falar que se eu ficasse doente de novo ela não ia parar a vida dela pra cuidar de mim de novo, me senti extremamente culpada de ter tido câncer e ter feito ela parar o curso dela pra cuidar de mim. Sinceramente eu não lembro de muita coisa dessa época, parece que minhas memórias sempre vão sumindo, minha memória é extremamente ruim. Fui em um psiquiatra uma vez que disse que talvez eu tivesse estresse pós traumático, mas não tenho um diagnóstico porque fui duas vezes e a consulta é muito cara pra minha condição financeira.
Bom, eu não sei o que eu tenho de verdade nunca peguei um diagnóstico, mas sei que depressão e ansiedade são coisas muito fortes em mim, a ponto de eu não conseguir seguir minha vida porque acho que vou ser péssima em tudo, porque tudo o que eu faço nunca está bom pra mim. São inúmeros problemas que não é possível listar em um resumo, mas eu sou sincera ao máximo sobre as coisas que estou sentindo porque eu quero me entender, eu quero tentar me ajudar. Muitas vezes eu não vejo saída e tô desesperada demais pra enxergar solução, mas eu não quero desistir de tentar ser feliz. Eu quero viver uma vida feliz e ter uma família, talvez esse seja meu maior sonho. Mas não quero construir uma família estando desestruturada mentalmente, eu quero me sentir livre desses pensamentos negativos. Às vezes até dói pra mim dizer isso, dizer que quero ser feliz, porque no fundo eu não acredito que vai funcionar e que vou conseguir me sentir bem comigo mesma, isso dói demais. Dói, mas ao mesmo tempo, me parece natural porque eu tô acostumada com esse sentimento a minha vida toda, entende o que eu quero dizer? Eu não sei explicar direito, mas o sentimento de tristeza é tão comum que parece ser meu Eu de verdade, meu natural é ser melancólica e depressiva. E se desfazer disso é esquisito... Por que eu me sinto triste e confortável na tristeza? Eu sei que é falsa sensação de conforto porque no fundo tá ardendo meu peito.

Resposta enviada

Em breve, comprovaremos a sua resposta para publicá-la posteriormente

Algo falhou

Por favor, tente outra vez mais tarde.

Psicólogos especializados em Abordagem psicológica

Ver mais psicólogos especializados em Abordagem psicológica

Outras perguntas sobre Abordagem psicológica

Explique seu caso aos nossos psicólogos

Publique a sua pergunta de forma anônima e receba orientação psicológica em 48h.

50 Você precisa escrever mais 19200 caracteres

Sua pergunta e as respectivas respostas serão publicadas no site. Este serviço é gratuito e não substitui uma sessão de terapia.

Enviaremos a sua pergunta a especialistas no tema, que se oferecerão para acompanhar o seu caso pessoalmente.

A sessão de terapia não é grátis e o preço estará sujeito às tarifas do profissional.

A sessão de terapia não é grátis e o preço estará sujeito às tarifas do profissional.

Coloque um apelido para manter o seu anonimato

Sua pergunta está sendo revisada

Te avisaremos por e-mail quando for publicada

Esta pergunta já existe

Por favor, use o buscador para conferir as respostas

Psicólogos 20050

Psicólogos

perguntas 19200

perguntas

respostas 67400

respostas