Qual o limite da intervenção que o psicólogo pode fazer?

Bom dia para que ler e/ou responder isso. Eu queria escrever resumidamente, mas não vai dar, então senta que lá vem textão.

Antes de tudo acho legal dizer que a abordagem usada pelo meu psicólogo é a TCC.

Eu talvez esteja vendo a terapia como algo mágico que vai mudar minha vida sem muito esforço, talvez esperando algo ser dito que pode mudar meu jeito, ou talvez eu esteja com a expectativa errada sobre o processo. Estou entrando no quarto ou quinto mês de terapia, e a minha sensação é que tudo que o meu psicólogo me diz é que eu preciso fazer o que tenho/quero fazer mesmo se eu não estiver animado, e que ele não pode fazer nada além disso por mim, porém eu não sei o que de fato ele, ou qualquer outro psicólogo, pode fazer de fato por mim. Talvez meu erro seja esse: pensar no que ele pode fazer por mim ao invés de pensar no que eu tenho que fazer por mim. Eu até mantenho uma rotina por umas semanas, mas depois canso de tudo, só quero ficar deitado, assistir ou jogar pro dia acabar logo. Até começo a fazer coisas por mim por um tempo, como caminhar e estudar, mas depois de umas semanas volto a sentir como se tudo isso fosse impossível.

Em algum momento ele me ofereceu um produto natureba que segundo ele iria estimular a produção de dopamina no meu cérebro e por consequência me ajudar com a regulação de humor, uma coisa com L-Triptofano. Por dentro eu gritei "Placebo!", mas aceitei porque a emoção fala mais forte nessas horas. Óbviamente não houve efeito algum, e depois de um mês e meio eu parei de tomar esse "suplemento".

Também vejo um discurso individualista muito forte, falar que absolutamente tudo na minha vida só aconteceu porque eu deixei que fosse assim, que a situação que eu me encontro hoje é única e exclusiva minha culpa. Talvez ele esteja certo, mas o tipo de analogia que ele usa é uma droga. Um exemplo que ele usa é de manipulador: que só existe o manipulador porque existe a pessoa que se deixa manipular, e isso me parece tão bom argumento quando dizer que só existem homicídios porque existem as pessoas que se deixam ser assassinadas.

Pra complementar isso um dado interessante:

"O distrito em que as pessoas vivem mais é Alto de Pinheiros, no qual a idade média ao morrer é 80,9. Enquanto o distrito em que as pessoas vivem menos é Cidade Tiradentes, no qual a idade média ao morrer é 58,3. A média da cidade de São Paulo é 68,2."

Falando da posição de paciente e leigo, acho impossível a psicologia não considerar o ambiente no qual o sujeito está inserido, e falar que nada disso afeta a minha vida é desonestidade ou ignorância. Ainda mais considerando um possível TDAH que ele tem a suspeita desde o primeiro dia de sessão, mas até agora sem confirmação alguma. Não quero me apegar a diagnósticos, muito menos um que não foi dado, mas se for verdade, como isso não afetaria a minha vida?

Vejo também uma certa comparação ou talvez espelhamento, ele me contou por cima como a vida dele foi sofrida e que mesmo assim ele conseguiu sair por cima de tudo no final (minhas palavras), eu sinto que quando ele fala disso está querendo dizer "Olha como eu era um fodido e consegui, você também consegue". Juntando com isso, acho relevante dizer que em uns dois ou três momentos ao longo desses meses ele tentou usar de motivação algo como "Se eu não ver você ir pra frente ou se desenvolver, vou ficar muito frustrado como profissional", novamente em minhas palavras pois eu não lembro direito como ele falou.

Esse é um resumo bem resumido de tudo e dado esse contexto eu queria levantar algumas coisas

Eu Sei que eu preciso me exercitar, sair na rua e ver o mundo e não ficar só trancado o dia todo na frente de uma TV esperando a minha vida passar, eu Sei que eu preciso estudar pra conseguir a bolsa ou vaga no curso que eu quero, a minha questão é que desde a adolescência eu não consigo me manter fazendo nada por menor e mais simples que seja. Então eu pergunto:

1) Uma pessoa estuda cinco anos de psicologia pra simplesmente ficar repetindo pra um paciente que ele precisa se esforçar? Tudo que pode ser feito nesse caso é isso?

2) Se ele suspeita de um TDAH porque isso não está sendo mapeado e testado? Ao meu ver isso pode influenciar em muita coisa em como eu lido com a vida, em como o terapeuta lida comigo.

3) Se ele me ofereceu L-triptofano para regular meu humor, me faz entender que ele enxerga alguma necessidade nisso. Por quê então não me encaminhar para um psiquiatra e eu talvez testar uma medicação de verdade, algo que comprovadamente funcione.

E por último,

4) Qual exatamente é o papel do paciente? O que eu preciso fazer pra tirar o máximo dessa terapia?

Pra quem leu até aqui, obrigado pela atenção e eu sinto muito por esse ar de arrogância ou presunção, não é minha ideia querer pagar de quem sabe mais do que uma pessoa formada na área ou desrespeitar sua profissão nem seus pares nela.