Olá, boa tarde!
Tenho percebido que, de uns tempos pra cá, parei de me preocupar com as pessoas. Sempre fui muito, extremamente empatica e isso me fazia muito mal. Qualquer coisa que soubesse ou visse na TV, me fazia chorar por dias e sofria como se fosse comigo. De uns tempos pra cá, percebi que, dia a dia, tenho "perdido" esse sentimento. Não sei bem quando começou mas percebi com mais certeza depois da catástrofe do RS e quando minha mal passou muito mal numa manhã e na noite anterior minha filha não estava muito bem e fiquei assustada por não sentir preocupação. Tenho alguns problemas com minha mãe que até explicaria, teoricamente, essa falta de preocupação mas com minha filha??? Com o que aconteceu com as pessoas do RS??? Decididamente não sou mais eu. Tenho consciência de que trabalhei muito em mim esse estado de sofrimento mas tenho receio de ter ficado fria demais. Tenho 53 anos e terminei a pouco tempo um curso de psicoterapeuta integrativa. Será que pode ter alguma relação?
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3 JUN 2024
· Esta resposta foi útil a 2 pessoas
Olá, Sandra, bom dia!
Obrigada por compartilhar suas preocupações conosco. É realmente interessante o que você está descrevendo, e acredito que podemos explorar isso de uma maneira que faça sentido para você. Lembrando que nada substitui o processo de psicoterapia, tá?
Você mencionou que sempre foi muito empática, a ponto de sofrer intensamente com as situações dos outros. Esse tipo de empatia pode ser extremamente desgastante. Às vezes, nosso sistema emocional encontra maneiras de se proteger desse sofrimento contínuo, resultando em um distanciamento emocional. Esse distanciamento pode parecer estranho ou até preocupante, mas pode ser uma forma de autopreservação.
O fato de você ter concluído recentemente um curso de psicoterapeuta integrativa é relevante. Esse processo de aprendizado e autodescoberta pode ter levado você a desenvolver mecanismos para lidar melhor com suas emoções, reduzindo sua reatividade emocional. É comum, ao aprender mais sobre si mesma e sobre como lidar com as emoções, experimentar mudanças em como nos sentimos e reagimos.
Também precisamos considerar a fadiga empática. Após anos de intensa empatia, é possível que você esteja experimentando um tipo de entorpecimento emocional. Isso não significa que você tenha perdido sua capacidade de se importar, mas sim que seu sistema emocional pode estar buscando um equilíbrio para não se sobrecarregar.
Vamos pensar um pouco sobre o que essas mudanças significam para você. É importante diferenciar entre uma autoproteção saudável e uma frieza excessiva. Se a falta de preocupação está afetando negativamente suas relações ou causando desconforto, é algo que precisamos explorar mais.
Autoproteção vs. Frieza: entender se essa falta de preocupação é uma resposta saudável para proteger suas emoções ou se está se tornando um problema é crucial.
Relação com sua mãe: você mencionou ter problemas com sua mãe, o que poderia explicar um certo distanciamento emocional. Vamos explorar isso para entender melhor a dinâmica dessa relação.
Preocupação com sua filha: a falta de preocupação com sua filha e com eventos trágicos, como a catástrofe no RS, parece ser o que mais te incomoda. Vamos ver se essa mudança é temporária, talvez ligada a um período de estresse elevado, ou se indica uma mudança mais profunda na maneira como você lida com suas emoções.
Caso você decida entrar no processo de psicoterapia, seria interessante explorarmos esses seguintes passos:
Exploração das emoções: usaremos técnicas da Gestalt-terapia para focar no presente e explorar suas emoções. Isso nos ajudará a entender como você está se sentindo agora e identificar qualquer bloqueio emocional ou padrão de pensamento.
Focalização em sentimentos e comportamentos: nas sessões de psicoterapia breve e focal, trabalharemos diretamente nas áreas que mais te preocupam, como sua relação com sua filha e sua resposta a eventos externos. Vamos investigar se houve algum evento específico que desencadeou essa mudança.
Estratégias de reequilíbrio: desenvolveremos estratégias para encontrar um equilíbrio entre uma empatia saudável e a autoproteção. Isso pode incluir técnicas de autocuidado, para ajudar você a se reconectar com suas emoções de forma equilibrada.
Sandra, suas mudanças emocionais são significativas e merecem atenção e acompanhamento cuidadoso que você poderá encontrar no processo de psicoterapia. Estou aqui para te apoiar e ajudar a encontrar um caminho que equilibre sua empatia natural com um cuidado saudável consigo mesma. Vamos trabalhar juntas para entender melhor o que está acontecendo e encontrar formas para você se sentir mais conectada com sua existência, experimentando novas formas de ser e estar no mundo.
Faz sentido pra você? Se sim, entre em contato comigo para agendarmos uma sessão.
4 JUN 2024
· Esta resposta foi útil a 1 pessoas
É compreensível que você esteja preocupada com essa mudança em sua forma de sentir e reagir às situações. Na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), examinamos como nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos interagem e como mudanças em um desses aspectos podem influenciar os outros.
Sua descrição sugere que você era extremamente empática, a ponto de sofrer intensamente com as dores dos outros. É possível que, ao longo do tempo, seu sistema de defesa emocional tenha se ajustado para proteger você de um sofrimento tão intenso e constante. Essa mudança pode ser um mecanismo de autopreservação.
Considere alguns pontos importantes:
A exposição prolongada ao sofrimento dos outros pode levar ao desgaste emocional ou à fadiga por compaixão. Seu sistema emocional pode estar se ajustando para evitar um sofrimento muito grande.
Trabalhar intensamente em seu próprio estado emocional pode ter ajudado você a desenvolver uma resiliência maior. Isso não significa que você se tornou fria, mas que seu nível de resposta emocional pode ter se equilibrado.
O curso de psicoterapeuta integrativa pode ter influenciado sua percepção e manejo das emoções, ajudando-a a estabelecer limites mais saudáveis entre suas emoções e as dos outros.
Problemas específicos, como os que você mencionou com sua mãe, podem contribuir para uma mudança na forma como você se preocupa com os outros. Esses conflitos podem ter levado você a desenvolver mecanismos de defesa emocional para se proteger.
Para abordar essas preocupações, algumas estratégias podem ser úteis:
Refletir sobre quando e como essas mudanças começaram. Identificar eventos ou períodos específicos pode ajudar a entender melhor essa transição.
Examinar e reestruturar pensamentos sobre a falta de preocupação. Pergunte-se se essa mudança é realmente negativa ou se é uma forma de autocuidado.
Trabalhar para encontrar um equilíbrio entre empatia e autoproteção. Praticar a empatia de forma saudável sem se sobrecarregar emocionalmente.
Práticas de mindfulness podem ajudar a manter a consciência dos seus sentimentos e a reagir de maneira mais equilibrada às situações.
Se você continuar preocupada com essa mudança, pode ser útil consultar um terapeuta para explorar essas questões mais profundamente e desenvolver estratégias personalizadas para lidar com suas preocupações.
1 JUN 2024
· Esta resposta foi útil a 0 pessoas
Bom dia, Sandra! Obrigado por escrever. Sandra, para construir resposta cientificamente consistente, teremos que organizar pesquisa e procedimento metodológico adequado. Somente assim te ajudaremos. Você conta com cinquenta e três anos, sabe que as coisas que envolvem a complexidade, diversidade e profundidade humana, precisam de construções explicativas que sejam profundamente consistentes e convincentes. Estarei a disposição para maiores aprofundamentos.
Abraços! A Covid e a Dengue estão vigentes: sejamos cuidadosos. A maior parte dos políticos não são confiáveis. Dentre os religiosos, há muitos que se dizem religiosos, mas na verdade, são falsos: querem é dinheiro. Fazem teatro para enganar os descuidados. Os meios de comunicação não são neutros, mas aqueles que apresentam tradição de muitos anos ou recebem o selo educativo/cultural, e não estão a serviço de alguma seita religiosa, são razoáveis. Tenha sabedoria para filtrar. A Ciência não é perfeita, mas como fez o avião, a geladeira, o rádio, o celular, faz as vacinas. Confie na Ciência! Vacine-se, vacina as crianças.
Ary Donizete Machado - psicólogo clínico e orientador ocupacional.
1 JUN 2024
· Esta resposta foi útil a 1 pessoas
O conhecimento é um caminho a se considerar para entender melhor nós mesmos, e isso pode levar a uma melhor estrutura emocional para lidar com as coisas da vida, mas o mais importante é não comparar o que se sente, com o sentimento do outro, pois cada um sente e expressa de formas diferentes, e não tem nada de errado com isso.