Nunca vi sentido nenhum em viver e acerco meu fim.
Não estou vivendo um momento; estou nele desde que nasci. Não me considero um fracassado, nem desistente, nem pessimista: sou um realista, aceitei para mim mesmo que não me apetece viver.
Tenho 19 anos. Fui ótimo aluno na escola e logo no primeiro exame fui aprovado para o curso que queria na universidade federal. Saí rapidamente pela péssima socialização e desânimo com o funcionamento de lá.
Precocemente perdi minha genitora, estopim para que eu passasse por te psicólogo e psiquiatra e tentasse medicação, mas nada funcionou.
Não costumo me adaptar e ser "mais um dentro da caixa": não gosto de socializar, nem de encontros que terminem em álcool, detesto estar rodeado de gente e sempre tive, desde criança, a morte como um alívio, uma vanguarda para quem está no iminente desespero de se ver preso à vida. Hoje irreligioso, lembro como aos 7 anos me assustava rigorosamente a ideia de ter uma vida eterna como minha instrutora cristã me ensinava.
Não trato mais de suicídio com amigos, minhas tentativas e pensamentos que dominam minha mente de alguma forma ou outra afetavam a charla, hoje guardo pra mim.
Dizem-me insistentemente para não desistir, que terei uma carreira brilhante, mas não desisto ou insisto em nada. Este ano fervorosamente aguardo minha conclusão pra decidir se parto ou prolongo um pouco mais minha vida aqui — mas, honestamente, por que eu deveria ponderar esta última opção? Será que, depois de 19 anos convicto das minhas ganas de abandonar este mundo, devo (re)pensar em viver?