Mulher, 35 anos, virgem e humilhada.
Tenho 35 anos, nunca beijei na boca e sou virgem. Sempre fui fora dos padrões de beleza: sou preta retinta, baixinha, gorda (nasci com quase 6 kg, já tentei de tudo pra emagrecer com saúde), cabelo crespo, nariz muito largo e chato, lábios grandes e grossos, rosto redondo, testa gigante e pra frente, olhos grandes e profundos, enfim, de traços negroides marcantes. Na adolescência, começou o inferno: a 1ª coisa que era evidenciada em mim pelos garotos e até por garotas menos retintas era a minha feiura. Me apaixonei pela 1ª vez aos 14 anos e quando contei pras pessoas, o garoto ficou tão ofendido que ameaçou me bater, pois todos zoaram dele por minha causa. Desde então não expus mais sentimento por homem nenhum. Não por vergonha, apenas pra me resguardar de ser humilhada, e tenho certeza que teria sido, pois aonde eu pisei, minha feiura era pautada. Não me importava com os apelidos maldosos, nem ligava, me blindei contra isso. Mas algo que doía na alma era quando faziam brincadeiras com os garotos dizendo que eram meus namorados, e eles demonstravam nojo de tal dimensão que eu chorava por dias. Só isso me machucava de fato. Lidei com a rejeição me afundando nos estudos. Cada vez que eu me apaixonava, eu driblava os pensamentos estudando muito, o que ajudou bastante. Passei em 1° lugar no vestibular e no concurso no qual hoje sou servidora e, mesmo cuidando da saúde, da aparência, sendo culta (sou fluente em 3 idiomas) e educada com todos, ouvi do homem por quem estou apaixonada algo torturante: 'nem se me pagasse todo o dinheiro do mundo, é feia demais, sem condições'. Eu recém tinha confessado pra uma colega e ela sequer assegurou que eu estava longe pra falar pra ele dos meus sentimentos em tom de deboche. Isso despertou em mim novamente a dor da humilhação, da rejeição, mesmo eu já conformada em estar sozinha. Por isso estou aqui abrindo meu coração. Desculpem o texto longo, pois é com lágrimas nos olhos que digito essas palavras. Ser humilhada afetivamente dói na alma..