Fui abusada sexualmente e isso me causou traumas

Feita por >Cristina · 5 dez 2016 Violência sexual

Eu fui abusada sexualmente quando eu tinha 15 anos. Foi num ônibus de viagem. O cara devia ter uns 45 ou 50 anos. Ele não tirou minha virgindade, mas tocou intensamente nos meus seios e no meu clitóris. Eu não gritei (me arrependo), mas eu senti medo. Eu tive medo de chamar a atenção pra mim e ser chamada de puta, também achei que fui eu que provoquei o cara e também fiquei com curiosidade, porque nunca nenhum cara tinha falado daquele jeito carinhoso comigo. Eu era extremamente tímida e não falava no colégio, eu acho que eu já tinha problemas psicológicos naquela época e acabei piorando depois do que aconteceu. Eu lembro que o cara pediu para eu descer do ônibus com ele numa das paradas, mas eu não desci porque fiquei com medo dele me estuprar. Eu sabia que era errado um cara de quase 50 anos ficar me estimulando no ônibus, mas eu deixei. Eu nem conhecia o cara, foi muito estranho. Ele ficou mexendo em mim e eu fiquei quieta sem falar uma palavra. Quando ele tentou me beijar eu virei o rosto, porque eu nunca tinha beijado ninguém e seria estranho. Eu nunca tinha tido um namoradinho, aliás eu nem tinha amigos na escola. As outras crianças me chamavam de mudinha, porque eu não falava. Eu me sentia mais criança do que adolescente naquela época. Aí de repente eu já não era mais criança. De um dia pro outro, depois daquele cara, eu comecei a me estimular, apareci nua na janela, tentei seduzir um professor, abusei levemente do meu irmão (às pessoas até perguntavam se ele era meu namorado), comecei a atender a porta de camisola, a seduzir os adultos que iam fazer algum serviço em casa e comecei a escrever uma novela erótica onde vários adolecentes e crianças eram estupradas das formas mais cruéis possíveis. Escrevi bastante sobre incesto também. Um dia tava andando no centro e vi o homem que iniciou essa loucura em mim, aí eu saí correndo. Passei um ano evitando aquela rua. Quando entrei pra faculdade eu ainda não tinha namorado ninguém. Eu morria de medo dos homens, mas sei lá porque diabos eu ficava me insinuando pra eles em festas, mas quando eles começavam a ficar animados eu ficava com medo e parava. No dia que aquilo aconteceu no ônibus eu contei pro meu pai e ele ficou muito bravo comigo e disse que era minha culpa, que eu me insinuei pro cara, que era óbvio que eu queria. Ele me acusou de ter gostado e eu não falei nada, porque queria morrer naquele momento, mas eu realmente senti prazer com ele me tocando. Só que eu não queria ter sentido. Como eu iria querer isso se eu nem sabia que era assim que se sentia quando alguém tocava em você. Aí me senti culpada durante anos por ter gostado. E me sinto culpada por adorar escrever contos onde adolescentes são estuprados. Eu não quero que ninguém seja estuprado. Eu não quero ser estuprada apesar de gostar de imaginar isso, pois me parece que completaria o que aquele cara não terminou. Teve uma hora que eu tava tão quieta e apavorada que ele perguntou se eu gostaria que ele parasse e eu disse sim. Então ele saiu do meu lado e eu fugi pra outro banco e fiquei quieta encolhida e escondida no meu agasalho. Ele ficava me olhando. Na verdade, eu tenho certeza que outros adultos viram o que ele fez, apesar dele tirar a mão quando alguém passava. As pessoas olhavam e não falavam nada, eu tive essa impressão. Hoje eu tenho 29 anos, sou casada (só namorei um homem durante 9 anos e agora moro com ele.. e ele é bem mais velho do que eu), mas continuo escrevendo essas porcarias de estupros desde os 15 anos e tenho fantasia de ser estuprada. Eu fico perplexa comigo mesma. Eu já saí do banho diversas vezes com a janela aberta, já me toquei com a porta da casa entreaberta. Eu tenho medo de algum dia acontecer alguma coisa de verdade aí vai ser culpa minha, mas eu não consigo parar de provocar os homens desconhecidos e mais velhos. Eu provoco até os caras que eu acho feios. Eu sei lá. E por causa dos meus escritos eu acho que eu sou pior até do que o cara que tocou em mim. Como eu faço para tirar isso da minha vida?

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A melhor resposta 5 DEZ 2016

Olá Cristina!
É evidente que o abuso deixou marcas muito severas em sua personalidade e você precisa de ajuda o quanto antes.
É fundamental que você procure ajuda de um psicólogo para que seja possível elaborar este trauma e a culpa que sente por ele.
O prazer em escrever os contos é um reflexo de todas estas marcas que ainda são muito vivas em você.
Não deixe de procurar ajuda, o processo de autoconhecimento e fortalecimento emocional irá auxiliar a minimizar tamanhos conflitos e viabilizar uma nova maneira de ser e existir dentro de si mesma.

Fico a disposição,

Maitê Hammoud

Maitê Hammoud Psicólogo em São Paulo

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17 JUN 2018

Oi Cristina, é comum que situação de abuso gere sentimentos variados e contraditórios: medo, culpa, prazer, nojo. Vejo muito no meu trabalho pessoas que foram vítimas de abuso se colocarem em situação de risco como forma de se punirem pela situação vivida pois sentem muita culpa.
Seria importante que pudesse falar com um profissional de psicologia especializado nesse tipo de questão, para poder elaborar e conseguir lidar com a situação vivenciada .
Um grande abraço.

Vanessa Isola Psicóloga Psicólogo em Ribeirão Preto

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24 ABR 2018

Cristina,
Há muitas questões para você se comportar como se comportou. Você foi abusada sexualmente sim e da forma como você lembra da história e narra, você não tem culpa. Pode até ser que você já tivesse algum problema sim, mas ficar estabilizada diante do evento que te chocou é uma reação sobre a qual cada um tem uma. A sequência dos fatos produz a culpa com a qual você convive dentro de você. Sugiro que você busque uma psicoterapia o mais breve. Sua necessidade de falar sobre o tema é um ótimo sinal de que talvez esteja pronta para trabalhar o tema com profissionais que possam te ajudar de forma presencial.
É o que te recomendo.

Wládia Morais Psicólogo em Rio de Janeiro

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7 DEZ 2016

Boa tarde Cristina, um abuso sexual sempre será um tipo de agressão, pelo seu relato percebo que o abuso deixou marcas muito profundas em você, leva muito tempo para que esse trauma seja elaborado pois para o inconsciente o tempo não conta,para ele o tempo esta como que parado, o aparecimento de sintomas como depressão ou perturbações sexuais são naturais nesse caso, São importantes os recursos de apoio como a família, amigos, grupos de auto-ajuda, materiais informativos e psicoterapia. Crianças e adolescentes são sempre vítimas sendo as mais atingidas do ponto de vista psicológico, pois se trata de fases em que a personalidade ainda está sendo formada e não há maturidade o suficiente para lidar com os efeitos devastadores que o abuso sexual causa, sugiro que você procure um psicólogo, a psicoterapia poderá auxiliar no processo de resgate da auto-estima, confiança e no desenvolvimentos de condutas e comportamentos resiliente, na psicoterapia serão utilizadas técnicas cognitivas que auxiliam na correção das crenças distorcidas e pensamentos automáticos disfuncionais, bem como os comportamentos que resultam no reforço das seqüelas do trauma. A própria relação terapêutica é um canal que possibilita através do acolhimento, aceitação, empatia e validação um novo modelo de relacionamento seguro, capaz de resignificar a internalizarão de desconfiança e abuso. É um espaço em que o paciente conta com a possibilidade de expor seu sofrimento de forma segura, sob o olhar de um profissional capacitado em ajudá-lo na elaboração e organização do trauma. Coloco-me a sua disposição, um abraço.

Branca Marques Thome Psicólogo em Manaus

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7 DEZ 2016

Boa Noite Cristina! Acolho sua angústia e imagino o sofrimento que os sentimentos conflituosos te trazem! Primeiramente não sinta se culpada! Você foi vítima e pode agora resignificar o que viveu em um processo terapêutico . Não deixe de buscar ajuda profissional e viver melhor! Abraços

Maria Cláudia Jusmin Psicólogo em Viamão

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6 DEZ 2016

Todos têm potencial inexplorado!

Atendimento e acompanhamento psicológico.
Destinado a todo aquele que:
* necessita de diagnóstico quanto ao nível de alterações no comportamento, na personalidade e na cognição, bem como o nível de gravidade de determinadas lesões cerebrais e transtornos de aprendizagem; 

* deseja identificar potencialidade e dificuldades cognitivas;

* busque expressar seus conflitos e dificuldades, ultrapassar os obstáculos que o impedem de integrar-se e adaptar-se adequadamente ao meio social;

* busque otimizar desempenhos em concursos, provas e processos seletivos.

As sessões podem ser em grupo ou individuais. 

Atenciosamente,
Aline M. S. De Coster

Aline De Coster Psicólogo em Rio de Janeiro

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6 DEZ 2016

Olá Cristina,

Pelo tanto que você descreveu, parece ter uma boa consciência sobre como esses eventos podem estar interligados. É importante ressaltar que você passou uma situação muito intensa e não teve, pelo que contou, algum adulto que pudesse orientá-la devidamente quanto ao que ocorreu. Isso tende a fazer com que você não consiga se sentir dona do que faz com as coisas relacionadas. Ao perguntar como fazer para tirar isso da sua vida, indico psicoterapia.
Ao poder conversar sobre estas coisas com um profissional, este processo fará com que você crie novos significados para as experiências que teve, e assim possa vir a ter novos comportamentos.

att.

Bruno Aquino

Anônimo-300912 Psicólogo em São Paulo

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