Como conviver com TDAH e TAG?
Olá! Moro no interior de Minas gerais, mais especificamente no triângulo mineiro. E venho aqui, como uma das minhas últimas tentativas de entender o por que das coisas, serem como são.
Enfim, as coisas parecem nunca dar certo para mim, claro que observo as pequenas conquistas do meu dia a dia, mas elas são irrelevantes perto a tanto fracasso e desistência da minha parte. Eu moro com o meu pai, um idoso que enfrente alguns problemas de saúde, ah! como eu queria poder fazer algo para dar uma vida melhor para ele, mas tudo que eu faço é me entupir de expectativas que logo logo são frustradas.
Bom, sempre tive uma lar modesto, nunca me faltou comida, afeto e sempre tive amigos ao meu redor. Sempre trabalhei desde cedo, conseguia ter minhas coisas com meu esforço, me lembro que comecei a vender picolé comissionado aos 10 anos de idade, não por necessidades de ajudar em casa, mas para ter meu games, que meus pais não podiam me oferecer. E sobre isso, sempre tive a noção de que éramos de classe baixa e era normal. Então, sempre conciliava escola, trabalho e amigos. Até que aos meus 14 anos decidi abandonar a escola e trabalhar em tempo integral. Trabalhei em um mercado por 2 anos, das 7 da manhã às 20 da noite de segunda à segunda, tendo apenas 2 folgas no mês, na época ganhava menos de meio salário, mas eu queria ter minhas coisas, e a escola estava impossibilitando isso, por isso a abandonei na 7° ano para dedicar tempo integral a trabalhar.
Lembro até que consegui comprar meu primeiro vídeo game com meu próprio dinheiro, o qual eu não conseguia jogar, pois ficava mais tempo no trabalho que em casa, e quando chegava cansado e ligava o videogame, acabava dormindo antes do jogo começar.
Aos 16 decidi abandonar o trabalho com pretexto de encontrar algo melhor, mas com a aquela idade não era fácil arrumar emprego, pois as empresas da minha cidade possuíam um medo enorme de que aos meus 18 fosse servir o exército e eles terem que arcar com despesas. Enfim, foram 2 anos sabaticos, sem escola, sem trabalho e com bastante tempo livre pra fazer as merdas que eu fiz. Fui usuário de cannabis nesse período, usei até os 18 anos de idade, até que um infeliz colocou uma pedra de crack junto ao cigarro de cannabis sem avisar. Fiquei sabendo disso tempos depois, mas o relato que quero que saibam, foi a partir deste acontecimento, logo após fumar esse "baseado", batizado com crack, a primeira coisa que eu senti foi pânico, mesmo sem saber do que se tratava. "Eu apenas pensava que era uma cannabis diferente". Lembro que não conseguia ter um raciocínio lógico, tudo estava me assustando e o medo constante daquilo não passar me fez, ficar dando voltas na porta do hospital por algumas horas.
Após esse incidente reduzi o uso da cannabis, pois não sabia o que tinha acontecido até então, mas a partir daí foi só ladeira a baixo.
Crises de ansiedade, ataques de pânico, tudo preocupações em excesso o tempo todo, mente em hiperatividade constante, um verdadeiro inferno em vida, mas mediante a isso nunca tive desejos mórbidos de me tirar a vida, pelo contrário o meu medo de morrer era imensamente por conta da ansiedade, e como eu amava minha vida, minha família, onde me agarrei com unhas e dentes para poder superar aquela fase complicada.
Com o tempo, fui aprendendo a lidar com a situação, a controlar as crises de pânico e a voltar viver socialmente, voltei conciliar estudos com trabalho, mas aquela ansiedade e preocupação excessiva não me abandonava. Na escola, já não conseguia mais nutrir os conhecimentos como na espécie de um TDAH.
Procurei ajuda, me tratei com uma psiquiatra tão legal, ela me receitou medicamentos e consegui por um momento segurar a barra dessa ansiedade, mas a hiperatividade mental e a falta de atenção continuou.
Com o passar do tempo, as não progrediram para mim, é surreal a maneira como as coisas pareciam que iam dar certo, mas no último minuto algo me frustrava. Veio o adoecimento de meu pai, que sofreu AVC, as preocupações excessivas voltaram, ele perdeu o emprego, eu e minha mãe fazíamos as despesas, logo as despesas caíram sobre mim. Mas longe disso, ser um problema para mim, pois as coisas mais importantes que possuo nessa vida são eles, pai e mãe. E agora três sobrinhos também entram nessa conta. Enfim, agora meus pais se separaram, moro sozinho com meu pai, que tem consequentes ataques de ansiedade e paralisia do braço esquerdo decorrente ao AVC. Tento conciliar um trabalho noturno de vigilante e minha faculdade, viajo todos dias para ir a faculdade que fica em outra cidade, as crises de ansiedade voltaram, mas procurei ajuda profissional outra vez, estou me tratando com outro psiquiatra, mas com outros medicamentos, se eu escrevesse tudo aqui sobre mim, garanto que daria um livro. Mas não quero ficar enchendo-os.
E o fato, de estar na faculdade se trata de eu me cobrar mais e mais para melhorar as coisas, mas não consigo me mudar para outra cidade para tentar seguir minha vida, e deixar meu velho aqui sozinho. Enfim, é isso me desculpe tomar o tempo de vocês. Com algo tão, (costumo a chamar de estranho). Só queria, ter uma vida normal. Mas isso é só um desabafo. Obrigado.