Terapia de casal: entenda por que não é infalível
Trazemos depoimentos de especialistas e pesquisas de expertos na área para mostrar o que você deve esperar de uma terapia de casal.
Muitas coisas podem influenciar na relação de um casal, desde problemas sexuais ou de infidelidade, até fatores externos como dificuldades financeiras, filhos adolescentes e tantos outros desafios da vida. E é cada vez mais comum recorrer a um psicólogo quando se percebe que não é possível lidar com os conflitos a dois. Mas será que a terapia de casal realmente funciona?
Trazemos depoimentos de especialistas e pesquisas de expertos na área para mostrar o que você pode esperar de uma terapia de casal.
Como funciona a terapia de casal?
Primeiro, vamos entender como uma terapia conjugal funciona e como ela pode ajudar a melhorar um relacionamento. A psicóloga Cristina Vasconcelos, especializada em terapia Gestalt ,explica qual é o objetivo desse tipo de acompanhamento:
"A terapia de casal faz com que os cônjuges parem tudo e dediquem uma a duas horas semanais para olhar para si, para sua vida, suas relações, repensar atitudes e dificuldades, e enfrentar sentimentos difíceis de se lidar (...). É um momento em que o casal revê sua relação para melhorá-la".
Cristina ressalta que esse processo deve ser realizado por um profissional especializado, que aplique técnicas e abordagens apropriadas para ajudar ambos a refletirem e descobrirem novas possibilidades de ação e solução de conflitos.
Dependendo do tipo de problema que o casal esteja enfrentando, é comum também realizar psicoterapias individuais em paralelo à terapia de casal. Essa dinâmica ajuda o psicólogo a fazer uma avaliação inicial e um melhor diagnóstico.
Abordagens e estudos sobre a terapia de casal
Assim como nas psicoterapias individuais, existem diversas abordagens utilizadas na terapia a dois. A mais conhecida é a terapia comportamental tradicional de casal, com foco em mudar a mecânica de comunicação, em recuperar experiências positivas entre os parceiros e em buscar a resolução de problemas no "aqui e agora".
Outra abordagem, que busca novos caminhos e maneiras mais profundas de resolver conflitos, é a chamada terapia comportamental integrativa de casais. Esta tem como objetivo tornar os argumentos menos dolorosos, ajudando parceiros a aceitar suas diferenças. Ao invés de evitar brigas e focar na mudança de comunicação, esta terapia concentra-se em valorizar os pontos fortes da relação.
Andrew Christensen, professor de psicologia na Universidade da Califórnia e um dos principais pesquisadores em terapia de casal, desenvolveu um estudo ao longo de cinco anos comparando estes dois tipos de tratamento.
Os resultados foram, talvez, surpreendentes. Christensen constatou que as duas abordagens funcionaram igualmente bem. Casais nos dois grupos apresentaram a mesma taxa de divórcio, entre 26 a 28%. Ainda no mesmo estudo, 16% dos casais reportaram uma melhora no relacionamento e 32% afirmaram uma recuperação total.
Por que uma terapia de casal pode não dar certo?
As pesquisas mostram que uma terapia de casal pode ser eficiente e evitar uma separação, mas com certeza não é infalível. As particularidades de cada casal e outras questões que um psicólogo só poderá avaliar de perto vão influir no sucesso de um tratamento psicológico.
Mas existem outros fatores que podem atrapalhar o processo. Especialistas afirmam que boa parte das pessoas buscam ajuda quando a relação já se encontra em estado crítico e que eles poderiam "salvar" mais casamentos se a terapia fosse aplicada em uma fase mais inicial.
Em casos de casais recém-casados, por exemplo, a psicóloga Edna Sandra Rocha explica que se trata de uma fase com muitas adaptações e recomenda um acompanhamento antes mesmo da união conjugal:
"Com isso poderiam falar sobre as expectativas de um em relação ao outro e estarem mais preparados para as dificuldades previsíveis na vida a dois".
Se você busca aconselhamento sobre casamento ou relações afetivas, é possível encontrar especialistas em sua região e agendar uma consulta por aqui. Você também pode tirar suas dúvidas sobre o tema em nossa sessão de "Perguntas".
As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.
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Preciso de ajuda. Não sei se ainda dá para salvar meu casamento, mas gostaria de tentar.
Outra abordagem que podemos nos referir é a abordagem sistêmica. A abordagem sistêmica é comumente utilizada por psicoterapeuta de casais, justamente porque é uma das abordagens teóricas que se debruça sobre a dinâmica dos relacionamentos amorosos, dos problemas de comunicação, buscando estratégias para melhor convivência. Existem várias abordagens sistêmicas. Algumas delas consideram que alguns comportamentos são transgeracionais, são padrões de comportamento que se repetem ou que são melhor entendidos na história familiar de cada um. Como o artigo aponta, quando as relações estão mais desgastadas, nem sempre a psicoterapia de casal resolve. Já atendi casos em que não se aplicava a psicoterapia de casal porque o vínculo amoroso estava desgastado e nenhum dos dois aceitava a opinião do outro. As ofensas, mágoas eram irredutíveis. Em outros casos, ela ajudou a conduzir processos de separação de forma mais dialógica, menos conflitiva. Mas atendo constantemente casais que se disponibilizam, apesar dos conflitos, a rever suas posturas, a se comunicar melhor com o(a) companheiro(a). Como os psicólogos costumam dizem, cada caso é um caso. A questão principal da psicoterapia de casal é buscar aprender a se relacionar com alguém que é diferente de mim, que pensa diferente, que tem outros valores que nem sempre são como os meus. Como exemplo, está o modo como cada um quer educar os filhos. Aprender a lidar com quem é diferente de mim e que me questiona é algo que pode me ajudar a rever meus próprios posicionamentos na vida. Buscar compreender o seu próprio comportamento e não julgar o comportamento do companheiro como um erro é um dos principais resultados de um processo psicoterapêutico. Psicóloga Cristina Aparecida da Silva Salvador, Bahia.