Psicoterapia como recurso para o crescimento pessoal

A espiral é uma imagem que muito se aproxima do significado de um processo psicoterápico, já que se caracteriza por uma curva que tem origem em um ponto móvel de um ponto fixo.

22 NOV 2016 · Leitura: min.
Psicoterapia como recurso para o crescimento pessoal

Dois dos principais objetivos da psicoterapia é o autoconhecimento, o autodesenvolvimento, a partir dos quais a pessoa encontrará e recriará recursos, e suporte interno para gerir a própria existência, atendendo as suas necessidades e às demandas externas, através de uma interação criativa entre essa pessoa e o seu contexto de vida.

Entende-se também que esses objetivos não são alcançados de forma linear e fragmentada, uma vez que, a cada encontro entre terapeuta e cliente, histórias são contadas, situações são re-vivenciadas, experiências novas são significadas... De modo que, em primeiro momento, grande parte das informações que se tem da pessoa em atendimento precisam ser guardadas para que, aos poucos, à medida que se percorre a espiral, elas venham a compor um sentido e um significado para o cliente, ampliando sua percepção.

Como na espiral, o percurso do cliente é sempre em direção ao crescimento, a alvos mais distantes. Contudo, juntamente com os avanços, o sujeito também fará retornos nessa caminhada, que podem ser, aparentemente, incompatíveis com a ideia de progresso e mudança.

O encontro do cliente com ele mesmo, com suas "feiúras" e limitações, o levará à experiência de um confronto com um ser inaceitável, indesejado, não amado. Nesse contexto, a postura do terapeuta é de acolhimento, escuta atenciosa e respeitosa. Ao mesmo tempo em que o acompanha, oferecendo o suporte necessário para esse enfrentamento, procura apontar ao cliente outras perspectivas sob as quais poderá vivenciar a proposta do encontro, compreendendo, então, que este ser indesejado e limitado não é tão feio assim e que ele mora e integra o seu próprio eu.

É como se, a cada aproximação do problema / fenômeno, ocorresse uma significação ou configuração de uma nova perspectiva da situação vivida, tornando possível o fechamento de um ciclo – uma gestalt.

Na passagem do confronto para o encontro, é possível perceber a postura dialógica do psicoterapeuta (no que se refere à presença autêntica, a inclusão, percebendo e respeitando o cliente coma pessoa única e diferente) e a utilização do método fenomenológico (descrição das experiências, aproximação do fenômeno tal qual se apresenta para o sujeito, facilitando a significação do mesmo).

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A forma de trabalhar na Gestalt terapia

O trabalho em Gestalt é descrito pela autora com uma arte, referindo-se à criatividade, espontaneidade e expressão do mundo interno de forma autêntica, em consonância com a percepção subjetiva de si, do outro e da realidade contextual. Em termos de prática psicoterápica, significa dizer que, embora existam diretrizes teóricas, técnicas e éticas comuns aos gestalt-terapeutas, não se pode encontrar dois profissionais cujo fazer seja igual.

Seja de que modo for – dentro dos parâmetros ético-científicos – o que se pretende é "aprimorar" o contato criativo do cliente, avaliando, juntamente com ele, as possíveis interrupções, as limitações perceptivas, as ações que, no momento, não estão promovendo satisfação, crescimento, felicidade.

Isto se operacionaliza pelo que o cliente sente e percebe que o "terreno" da relação terapêutica é confiável, que será aceito e confirmado naquilo que constitui a sua vivência mais íntima e valiosa. Quando experiência a realidade e as suas relações a partir de uma perspectiva diferente, aprendendo a estabelecer outras formas de comunicar suas necessidades e, também, de compreender o que lhe é demandado.

Assim, a relação terapeuta-cliente caracteriza-se pela noção de sistema, cuja complexidade implica mutua influência entre as partes constituintes. Nessa afirmativa está implícita a proposta fenomenológica de construção do conhecimento, que é a definição de sujeito e objeto mediante a relação estabelecida ente eles. Isso posto, entende-se a ênfase da abordagem gestáltica dada à relação terapêutica como um – se não o – recurso fundamental para o tratamento psicológico.

Por esse mesmo fundamento é que se justiça a prioridade sobre o como o cliente fala e/ou se comporta em detrimento do conteúdo e dos porquês de seu modo de existir. Logo, tudo o possível deve ser observado no cliente: pontualidade ou atraso, tom de voz, postura corporal, gestos, modo de se vestir, cuidados com a higiene pessoal, lugar que escolhe para sentar. Procuram-se relações, conexões entre o que o cliente está falando e como isso repercute ou faz variar algum dos aspectos citados.

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Escrito por

Consultório Sandra Menezes

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