Burnout: sintomas, causas e tratamento

O burnout se desenvolve devido ao estresse crônico do mundo laboral, quando as exigências do trabalho e a percepção das capacidades do trabalhador não coincidem.

29 ABR 2019 · Leitura: min.
Burnout: sintomas, causas e tratamento

Para iniciarmos este texto, é importante que o leitor saiba do que vamos falar, afinal em muitas das vezes utilizamos nomenclaturas pouco claras a toda a gente. Por isso, a idéia aqui é facilitar a compreensão em prol de sermos claro e de fácil acesso. Nos últimos anos tenho recebido inúmeros casos de pacientes que apresentam sinais e consequentemente diagnóstico do conhecido burnout. É engraçado pensar que para muitos, há poucos anos, nem teríamos ideia do que esta palavra estrangeira significa.

Então vamos lá... Por acaso você alguma fez já se sentiu "sugado" ou "esgotado" daquilo que está fazendo? Ah, pois aí está, podemos então começar a falar aqui da definição desta "coisinha" com nome estranho chamada burnout.

Quando o trabalho é prazer, a vida é uma grande alegria. Quando o trabalho é dever, a vida é uma escravidão. Máximo Gorki

Acredito que para todos nós o trabalho, ou aquela atividade que exercemos no dia a dia é não só uma fonte de renda, como também é um meio através do qual estabelecemos a maior parte dos nossos contatos sociais. Mas, para além disso, em certos momentos, o trabalho pode ser uma fonte de estresse, se exercermos uma atividade que não gostamos, se há excesso de horas de trabalho, se conflitos interpessoais como má comunicação com colegas e chefias, entre tantos outros.

Assim o burnout define-se como sendo o esgotamento, exaustão ou desgaste que a pessoa sente devido às exigências excessivas de energia, força ou recursos profissionais. É quando uma pessoa se encontra em um estado emocional e de ânimo ruim e de extremo cansaço proveniente do seu trabalho. O burnout se desenvolve devido ao estresse crônico do mundo laboral, quando as exigências do trabalho e a percepção das capacidades do trabalhador não coincidem.

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Portanto, é comum que o burnout ocorra quando se trabalha demasiado (muitas horas por dia), com poucos descansos, má alimentação, má qualidade do sono e pouco autocuidado (tanto a nível físico – prática de atividades físicas - como a nível emocional – cuidados com a mente). É comum ainda que ocorra com pessoas que dedicam tempo e pensamentos ao trabalho mesmo fora do horário laboral, ou seja, aquelas pessoas que levam o trabalho para casa. Ou também aquelas pessoas que não encontram-se envolvidas em atividades que promovam prazer e momentos de lazer, ou seja, momentos estes que reduziriam significativamente os níveis de estresse, ansiedade e demais sintomas.

Sintomas 

Ok, entendemos então quais as definições e causas do burnout, então agora vamos tratar de falar aqui dos sinais/sintomas e como tratá-los /preveni-los, certo?

Os sintomas comumente observados nos casos de burnout são, primeiramente, físicos. Nós na prática clínica comumente os chamamos de sintomas psicossomáticos, pois sabemos que eles aparecem quando o sistema emocional já se encontra tão sobrecarregado que ele dá sinais ao corpo de que as coisas na mente já não andam bem há algum tempo.

Sendo assim, vale aqui colocarmos um adendo muito importante, que é você leitor, estar cada vez mais atento aos sintomas afetivos, cognitivos e comportamentais. Por que assim conseguirá buscar ajuda antecipadamente e terá grande chances de evitar os sintomas físicos.

Mas vamos voltar lá nos sintomas físicos. São eles:

  • falta de ar e/ou aperto no peito;
  • dores de cabeça; insônia;
  • coração acelerado e/ou taquicardia;
  • dores de barriga, diarreia e/ou cólicas intestinais;
  • problemas cutâneos como alergias e/ou irritações;
  • queixas musculares;
  • fadiga; 
  • hipertensão arterial;
  • lentidão ao realizar as tarefas simples;
  • mudança no apetite – perda ou ganho de peso, entre outros.

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Como mencionei acima, os sinais físicos são os últimos a aparecer, por tanto vou pontuar aqui os sinais que falei acima, que são aqueles que devemos ter maior atenção no dia a dia, visando prevenir o desenvolvimento dos sintomas físicos.

Temos, então, os sintomas cognitivos e comportamentais, que são:

  • tristeza; irritabilidade;
  • dificuldade em gerir os seus sentimentos e a facilidade em chorar;
  • desânimo; apatia;
  • preocupação;
  • sensação de inutilidade, como se nada estivesse suficientemente bem feito;
  • agressividade; isolamento;
  • abuso de substâncias como álcool e/ou drogas;
  • comportamentos de risco como apostas em jogos e propensão a acidentes;
  • dificuldades de atenção e de concentração;
  • perda e/ou lapsos de memória; diminuição da autoconfiança, do autoconceito, da autoestima e da autoimagem.

Tratamento 

Por fim, vamos então falar sobre como tratar o burnout, visando a melhoria da qualidade de vida da pessoa. Onde serão realizadas mudanças a nível profissional e pessoal, com o intuito de trazer a esta pessoa melhores condições de trabalho e das relações profissionais.

O primeiro passo é ir em busca de um profissional da psicologia, é aquilo que chamamos de "tenha um psicólogo(a) para chamar de seu". Onde você irá relatar os eventos ocorridos e este profissional poderá, através do seu histórico, envolvimento e realização pessoal no trabalho, fechar o diagnóstico e dar início ao seu tratamento. Tratamento este, que na maioria dos casos inclui psicoterapia, atividade física e exercícios de relaxamento e quando for necessário o uso de medicamentos para lidar com os sintomas, dados por um psiquiatra indicado por alguém ou pelo seu psicólogo, para os casos de presença de sintomas como a depressão, a ansiedade e que justificam farmacoterapia.

Vale ressaltar aqui que a psicoterapia pode ajudá-la a compreender melhor as razões que o levaram a desenvolver o burnout e a evitar procedimentos semelhantes no futuro.

Por Tatiane Fidelis, psicóloga inscrita no Conselho Regional de Psicologia do Paraná 

Fotos: MundoPsicólogos.com

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