O perinatal representa um importante momento, tanto para a gestante, como na nova vida que está sendo formada, no relacionamento conjugal, e além disso, em toda a estrutura familiar. É no perinatal que deverão ser tomados todos os cuidados e providências para que os impactos de todas as fases em torno do nascimento sejam positivos e contribuam para o nascimento saudável da criança e para um ajuste adequado de todo o núcleo familiar à sua nova estrutura.
Perinatal: o que é?
É chamado de perinatal o período relacionado às etapas da gravidez, que englobam as fases de concepção, gestação, parto e pós-parto, e também no puerpério. O perinatal tem início na preparação da mulher para a gestação, ou seja, no auxílio a quem deseja engravidar, no preparo das novas mães e suas novas experiências. Vai continuar até mesmo depois do parto, quando a mãe está se familiarizando com suas novas responsabilidades e a família está se ajustando à sua nova formação.
Por que realizar uma consulta perinatal?
Os benefícios da consulta perinatal são muitos e vão desde o manejo das mudanças emocionais, até o cuidado como um todo com a saúde mental, sempre visando o bem-estar e o relacionamento saudável do bebê, da mãe e dos familiares. Entre os benefícios de realizar uma consulta perinatal, podemos citar os seguintes:
- Apoio na decisão de conceber: Tomar a decisão de engravidar é bastante importante e pode causar diversos sentimentos, como medos, sensação de incapacidade e inseguranças, ao se pensar em todas as consequências que isso pode trazer. A consulta perinatal pode facilitar essa tomada de decisão para que se tenha mais claro o que se deseja no momento da concepção, esclarecendo possíveis incertezas diante desta fase. Além disso, vai oferecer todo o acolhimento profissional necessário para que esse momento seja tranquilo e se saiba lidar de forma adequada com os receios, deixando de lado os medos relacionados à gestação e o período pós-parto.
- Auxílio na gestação: A gestação é um momento de transição, tanto física como psicológica. Neste momento, também podem surgir medos relacionados ao nascimento prematuro, à perda do bebê, etc. O apoio psicológico nesta fase é muito importante, atuando no controle da ansiedade e para manter a tranquilidade da gestante, pois estas questões podem impactar na formação do feto. Uma gestação emocionalmente estável contribuirá posteriormente para um melhor vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.
- Suporte no ato de amamentar: Para muitas mães, a etapa de amamentação pode se tornar um momento bastante difícil, de impotência, insegurança e baixa autoestima. Neste sentido, a consulta perinatal também contribuirá muito, criando ou aprofundando o vínculo materno e também para o restabelecimento emocional da mãe.
- Compreensão do papel de mãe: Com a chegada do bebê, a mulher assume um novo papel, o de ser mãe. Esta etapa pode trazer ansiedade, angústia e um sentimento de impotência. A psicologia perinatal ajuda a preparar a mãe para enfrentar esse momento de maneira saudável, a manter o equilíbrio emocional diante das dificuldades e a lidar melhor com as questões do cotidiano, compreendendo e desfrutando da maternidade. Também vai aprimorar a autoestima da mulher, reforçando a sua autoimagem depois das mudanças físicas enfrentadas na gestação. Além disso, em situações específicas, contribui para o tratamento de casos de depressão pós-parto ou outros tipos de transtornos que podem surgir da gestação.
- Entendimento da nova estrutura familiar: Ter um filho é um momento de grande alegria. No entanto, muitas vezes, o núcleo familiar pode se ver afetado por essa nova situação. A relação familiar pode sofrer uma drástica mudança se as pessoas não estiverem em sintonia e preparados para esta nova responsabilidade. Da mesma maneira, é importante que os demais integrantes, como avós ou outros filhos do casal, se ajustem às novas rotinas em consequência do novo bebê. A psicologia perinatal vai ajudar a fortalecer os laços familiares e a entender melhor os relacionamentos entre todos os integrantes, para que todos atuem de maneira saudável na nova estrutura familiar.
- Reforço do vínculo com o bebê: A psicologia perinatal também contribui para o aperfeiçoamento de habilidades dos pais, relacionadas ao vínculo com o bebê. Essas ferramentas ajudarão no período de desenvolvimento da criança, reforçando aspectos de vínculo com segurança, afeto e acolhimento.
Qual a diferença entre pré-natal e perinatal?
Se você chegou até aqui, deve estar se perguntando: realmente existe uma diferença entre pré-natal e perinatal? O que distingue esses períodos tão importantes na vida de uma mulher?
Pois conceitualmente, se buscamos a definição em um dicionário, perinatal diz respeito à perinatalidade. Significa “o período imediatamente antes do parto e o período imediatamente depois do parto”. Por isso, a nível temporal seria bastante mais reduzido.
O pré-natal, por sua vez, se refere a todo o período da gestação que antecede o nascimento da criança. Também é sinônimo da assistência médica recebida pela gestante durante gravidez, que inclui uma série de exames para acompanhar o desenvolvimento do bebê e assegurar a saúde da mamãe.
Durante o pré-natal, a futura mamãe tem a possibilidade de expor suas dúvidas e receios à equipe de profissionais da saúde que a acompanha, e receber informações sobre hábitos saudáveis, direitos enquanto gestante, sobre a importância da construção de uma rede de apoio e, também, sobre a saúde emocional.
Para a psicologia, o perinatal é muito mais abrangente que o conceito de perinatalidade que consta no dicionário, porque reconhece o impacto psíquico que as mudanças trazidas pela maternidade/paternidade podem gerar na rotina e na individualidade da pessoa. É por isso que a psicologia perinatal diz respeito a todo o período da concepção, gestação, parto, pós-parto e puerpério.
Principais problemas perinatais
Ter um filho, passar pela gestão e pelo parto, lidar com os primeiros dias de vida da criança, assimilar as mudanças na rotina, lidar com as expectativas da família… tudo isso pode ser muito difícil para a mãe. Não é só no Brasil que os problemas de saúde emocional no perinatal são considerados uma questão de saúde pública. Ainda falta muita informação sobre os principais problemas perinatais, falta muito acolhimento às pessoas envolvidas. Daí a importância da psicologia perinatal, que apoia não só a mulher durante esse processo, mas também o seu companheiro/a.
A lista dos problemas perinatais pode ser vasta, mas os problemas mais frequentes tratados pelo psicólogo perinatal costumam ser os seguintes:
- Ansiedade: a mulher experimenta muitas mudanças físicas e emocionais durante a gravidez e a falta de recursos para canalizar as emoções e manter o equilíbrio emocional acaba acentuando a ansiedade, que se transforma na resposta direta ao medo, às dúvidas, ao não saber como será o parto, etc.
- Problemas de fertilidade: o apoio de um psicólogo especializado em perinatal pode ser decisivo na hora de enfrentar problemas de fertilidade e abortos espontâneos. Esse tipo de acompanhamento serve para lidar com a ansiedade e a frustração, que são intensas nos casos de repetidas tentativas e nenhuma gestação viável.
- Problemas com o comportamento alimentar: não são raros os casos em que a gravidez vem acompanhada por alterações significativas no comportamento alimentar, tanto com quadros de compulsão como de privação de comida. Além de impactar de forma direta a saúde do bebê, esse tipo de problema tem consequências importantes na saúde psicológica da mãe, especialmente porque muitas vezes vem associado com problemas de percepção da imagem corporal.
- Baby blues: o que caracteriza o baby blues é um excesso de sensibilidade, uma vontade constante de chorar, especialmente por haver um sentimento de sobrecarga (física, mental e emocional). Está relacionado às alterações hormonais experimentadas pelo organismo. Não o confunda com a depressão pós-parto, já que os sintomas do baby blues costumam aparecer logo nos primeiros dias após o parto e desaparecem algumas semanas depois, ou seja, não são prolongados como no caso da depressão.
- Depressão pós-parto: quando a tristeza, os problemas para dormir, a dificuldade para interagir com o bebê, a sensação de isolamento e solidão e os problemas de concentração aparecem e persistem por muitas semanas, é importante buscar ajuda porque esses são os sintomas mais comuns da depressão pós-parto. Este transtorno afeta pelo menos 13% das mulheres que acabaram de ter um bebê.
- Estrés pós-traumático: comum especialmente em casos de partos difíceis e problemáticos, o estrés pós-traumatico é desencadeado quando a mulher experimenta uma grave ameaça à vida e à integridade do bebê. O fato de ter uma experiência negativa do parto e de revivê-la, desencadeia sintomas que vão da falta de sono à dificuldade de consolidar um vínculo emocional com o bebê.
- Luto perinatal: lidar com a perda de um ser querido é difícil e doloroso. No caso do luto perinatal, pode ser ainda mais complicado, ao envolver as expectativas e os sentimentos da mãe, do pai e de toda a família. Poder passar por todas as etapas desse processo sendo guiada por um profissional de perinatal ajuda a enfrentar a dor, e não a fugir dela, um fator fundamental para começar a curar as feridas emocionais.
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Bibliografia
- Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, Governo Brasileiro. https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/principais-questoes-saude-mental-perinatal/
- Revista Científica BSSP. Atuação da Psicologia em Obstetrícia e Perinatalidade. https://www.revistacientificabssp.com.br/journal/rcbssp/article/6204553ba953955801721ab4