Olá!
Bem, sempre fui uma pessoa muito sozinha e sempre preferi fazer minhas coisas de forma isolada. Cresci num ambiente que meus pais, os 2, possuíam depressão diagnosticada e tomavam medicações (tomam até hoje inclusive). Minha mãe tende a ser uma pessoa carinhosa, mas ela passa dos limites as vezes. Ela é rígida e eu cresci com medo dela, de chegar para conversar ou coisa do tipo. Ela não me batia na infância, porém já teve casos dela dizer coisas do tipo: "Quando eu morrer, você não vai derramar uma lágrima no meu túmulo.". Entre outras atitudes dela, hoje em dia o único sentimento que ela me traz é uma raiva que, por ela ser minha mãe, eu não gostaria de ter. Ontem eu decidi conversar com a minha mãe sobre o que eu sinto vontade de fazer com o meu futuro, meus sonhos etc. Um dos meus sonhos é conseguir comprar um apartamento, morar sozinho, construir minha própria vida, etc. Decidi falar que eu tenho investimentos para daqui a 5 anos poder sair da casa dos meus pais. Porém minha mãe, que é super depressiva, disse que estava decepcionada por eu pensar em deixar ela sozinha um dia, sendo que isso faz parte da vida... E eu não iria deixar ela sozinha, eu só não iria mais morar com ela. Mas ela não aceita que eu anseio minha privacidade e independência. Na cabeça dela, ela não enxerga como alguém gostaria se sentir "livre dos pais" pois ela mesma é frustrada de ter se casado e saído da casa dos pais dela. Estou chateado pois eu começo a enxergar um certo egoísmo nela... Ela me cria para ser um adulto responsável e independente, mas quer se intrometer no meu futuro a ponto de me privar dos meus sonhos. Egoísmo pois ela acha que eu existo apenas para fazer companhia a ela e não deixar ela sozinha.
Minha pergunta, com base nesse pequeno relato que eu dei, é: o nosso relacionamento entre mãe e filho, seria tóxico??? O que eu poderia fazer para contornar essa situação? Agradeço desde já pela atenção.
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3 JUN 2020
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Vinícius, eu não diria tóxico pois com certeza existe amor da parte dela e gratidão da sua parte. Duas coisas muito importantes para uma boa convivência. Provavelmente as dificuldades surgem mesmo pelo histórico de frustrações e à depressão de sua mãe. A depressão mesmo com controle medicamentoso pode causar muita ansiedade, irritabilidade, pensamentos de menos valia, tristeza, solidão entre outros.
Mas se você já disse à eles que está se preparando para sair de casa, está dito.
Que assim seja feito. Porém não precisa tornar esse assunto constante entre você e seus pais. Toque sua vida normalmente e economize para realizar o seu sonho. Seja doce e amável com seus pais, agradeça sempre pelo que eles fizeram e quando chegar a hora de sair, simplesmente saia.
Visite-os sempre e apoie no que puder.
Seja feliz.
Espero ter ajudado.
Se sentir que está com dificuldade para passar por essa fase da sua vida, procure ajuda psicológica.
Psic. Maria Nair
Vinicius,
Parabéns pela compreensão e condução que tens tido até agora.
Voce está correto. Voce precisa focar o teu desenvolvimento, a tua realização.
Provavelmente, depois que estiver morando sozinho, alguns conflitos vais enfrentar, que adquiriste enquanto junto aos pais, mas isto se trata quando aparecerem...
O relacionamento com a mãe somente é tóxico se tu permitir que ela te use e te submeta ao comando dela. Por ser depressiva ela tem uma visão das coisas que não corresponde com a realidade e isto acaba te influenciando.
Estás muito correto em ter falado com ela e comunicado da tua decisão.
Permaneça de bem com eles mas não desista dos teus sonhos.
Tu veio através deles mas não és deles... precisa concretizar teu projeto de vida.
Olá Vinícius! Grato por participar. Há duas questões importantes a ponderar no caso de seu relato: o conceito de "tóxico", é uma ideia que está sendo utilizada, na atualidade, de forma generalizada, mas não situa o conteúdo específico de cada relação. Outro aspecto importante: quase a totalidade das interações pais/filhos, envolvem esse tipo de luta (luta desconfortável, mas necessária), isto é (colocando seu caso específico) sua mãe quer que você seja responsável e independente, desde que, segundo os critérios dela. Isso é comum, nas convivências de gerações. Complementando esse raciocínio, não podemos perder de vista, que o ser humano é contraditório, que nos convívios intensos, as incoerências, se destacam gerando desconforto. Logo, a relação não é, por isso, tóxica. O diálogo, a paciência, a conversação, sem perder a firmeza em busca da construção da essência da tua identidade, conduzirão vocês a um novo patamar de trocas, de forma que as necessidades tuas (razoáveis) e as dela, também razoáveis, sejam dimensionadas e negociadas. Lembre-se: toda mãe tem experiência de vida e quer o bem dos seus filhos, com as limitações e jeitos delas. Toda mãe, porque passou pela adolescência e juventude, supõe ter experiência nessa passagem. Tem experiência, mas em outra cultura, outros hábitos, outras épocas. Mesmo assim não despreze os alertas dela. De outro lado, todo adolescente, acha que os pais estão ultrapassados, que não sabem das coisas. Cuidado: sabem muito e amam. Não há como passar pela adolescência sem essas dores. Há caminhos que não apresentam volta (AIDS, sequelas de acidente de carro, gravidez) e há caminhos de dificil recuperação ( estudos insuficientes, crack, isolamento social,etc.). Observação: adolescência, do ponto de vista da Psicologia, em sociedade complexa, costuma demorar muito mais do que os anos de idade. Precisa envolver maturidade, autonomia e independência. Espero ter ajudado. Estou à disposição. Abraços virtuais (em tempos de pandemia, saia de casa, somente para o que for necessário, com máscara, higiene e distanciamento físico: uma morte a mais evitada, vale toda a vida preservada!) Ary Donizete Machado - psicólogo clínico.
