Estou sendo precipitado em querer ficar com minha amante?
Tenho 40 anos e sou casado há 12. Já passei por um divórcio há 6 anos atrás mas pouco tempo depois acabei reatando com a minha esposa.
Depois desse 'tropeço' algumas coisas melhoraram mas outras não. Sinto que hoje somos como dois bons amigos, nos respeitamos e admiramos, mas o romance definitivamente esfriou (isso inclusive foi uma das causas do divórcio que ocorreu). Nas próprias palavras dela na ocasião do divórcio, 'parece que apenas nos acostumamos um com o outro'. E um casamento não pode ser apenas isso. Um costume, chegando, no máximo, a uma amizade.
Não temos filhos. Se tivesse acredito que não teria me permitido acontecer o que aconteceu.
Sempre fui fiel e nunca olhei para o lado. Talvez muitos digam isso da boca pra fora, mas honestidade é algo pelo qual eu prezo muito. Sei que, para quem está apenas lendo este relato, essa afirmação seja bastante contraditória e duvidosa, mas sempre fui bastante correto.
Há um ano atrás comecei a me corresponder com uma mulher mais nova que eu, 20 anos mais nova do que eu. Ela sabe que sou casado.
Como existe uma distância física entre a gente (somos de estados diferentes), trocávamos mensagens carinhosas e aos poucos nos conhecemos um pouco melhor. Mas nunca havia passado disso.
Há cerca de 3 ou 4 meses, numa de nossas conversas, enxerguei uma 'deixa' e acabei me abrindo com ela e revelando alguns sentimentos que estavam aflorando em mim e sinto que fui correspondido.
Nesse momento decidi aceitar o convite que ela sempre fazia para mim (muitas vezes em tom de 'provocação') de conhecê-la pessoalmente.
Foi um encontro incrível, uma sensação mágica. Depois de tanto tempo reviver um primeiro encontro, um primeiro beijo, o início de um romance.
Estamos prestes a nos ver pessoalmente novamente. Desta vez por alguns dias seguidos fazendo programas como um casal de namorados.
Deixei bem claro para ela que o meu desejo não é encontrá-la e ficarmos escondido num quarto, não é somente a atração física e sexual. Se fosse apenas isso, não teria embarcado nessa, pois, por mais que eu sinta que meu casamento esteja longe de ser ideal e falte o romantismo, eu ainda sou casado e portanto, devo respeito.
Essa situação toda está me deixando bastante dividido.
Parece precipitado pensar em acabar com um casamento por algo tão recente. Mas por outro lado, será que é correto eu me acomodar e ficar casado com uma 'amiga' e deixar de viver essa nova experiência?
E eu também sinto que não posso deixar essa situação perdurar. Não é correto com ninguém. Não é correto com a minha atual esposa estar sendo traída; não é correto com esse meu novo amor deixá-la nessa situação de ser minha amante; e não é correto comigo mesmo viver assim dividido, me sentindo preso enquanto eu sinto que alguém com quem eu posso ser feliz está ao meu alcance, está me correspondendo e, por mais incerto que seja o futuro, alguém com quem eu sinto que tenho chances de uma relação duradoura.
Acredito que, dentro de mim, a 'divisão' é muito mais por querer evitar o embate e o conflito do que pelo sentimento. No quesito sentimento parece que não resta dúvida dentro de mim. Em vários momentos, quando estou próximo da minha esposa e ela esboça algum ato carinhoso eu me sinto na obrigação de retribuir, como um ato de educação mas vazio. E, dentro de mim fico com uma angústia, uma culpa, como se estivesse traindo a confiança desse novo amor.
E essa ansiedade de não querer deixar essa situação perdurar é porque eu sei que conheci essa pessoa nova numa situação completamente adversa de uma traição. E quanto mais eu demorar para me posicionar, mais isso pesará contra mim, pois sei que, caso fiquemos juntos, passará pela cabeça dela "quem me garante que ele não fará o mesmo comigo?".
Sei que a diferença de idade é relevante e que, assumindo um relacionamento firme, sofreremos preconceitos. Mas meu sentimento é que, dos dois lados, o que tem brotado é sincero e verdadeiro. Disso eu não tenho a menor dúvida. Embora muitos que leiam possam pensar que estou me iludindo, tenho motivos concretos para dizer que é uma opinião errada, simplista e preconceituosa.
Estou correto em pensar assim? Em querer resolver essa questão o quanto antes. Sei que traí e isso é moralmente errado, mas gostaria de botar as coisas nos eixos o quanto antes, enquanto sinto que existe possibilidade de diálogo de alguma forma amistoso, antes que toda essa situação acabe gerando animosidade em casa, pois sei que meu comportamento tem mudado gradualmente e uma hora se tornará insustentável.
