Como não deixar o passado me sugar?
Olá. Sou casada há 17 anos. Depois que engravidei, virei dona de casa, ou seja, me dedico integralmente a ser doméstica e mãe (faço tudo dentro de casa, desde manutenção simples a faxina pesada, lavo, passo, cozinho, administro casa nunca deixando faltar nada, agendo com profissionais e fico à frente de manutenções como aquecedor, hidráulica etc) e também me dedico integralmente a ser mãe como levar e buscar escola, levar para passear etc. Sempre fui parceira de meu marido, sempre ajudei ele, mas sempre fiquei triste por me dedicar tanto e não ter nenhum retorno. Quando me vi, estava sem amigos, engordei e comecei a ser uma pessoa triste, mesmo sorrindo. Nunca tenho tempo para mim, pois meu marido não me ajuda em nada, nada mesmo! Nem fazer compras de itens pesados! Já conversei dizendo que estou cansada e sobrecarregada, pois até para ir em uma consulta médica não tenho com quem deixar meu filho. Meu marido diz não ter condições financeiras de contratar uma pessoa para me ajudar, mas outra coisa que me entristece é que me sinto como uma doméstica sem salário. Eu já me abri com ele mais de uma vez com muito cuidado nas palavras dizendo o quanto estou cansada e triste com a situação, que eu me sinto doméstica, babá, cuidadora de idosos (também ajudo pais dele), sou tudo, menos esposa dele, pois ele não me conta nada da vida dele, tudo que eu sei é o que todo mundo sabe. Eu não sei quanto ele ganha, quais nossas despesas e receitas, nada! Se algum dia acontece algo com ele, ficarei desamparada junto de nossos filhos, pois nem sei como agir. Sou dependente dele financeiramente. Mesmo eu tendo conversado e exposto o que sinto falta, ele nunca responde minhas perguntas e ainda me faz sentir culpada, dizendo que não falta nada em casa e que ele trabalha muito pra isso. Eu me sinto péssima em ter que ficar pedindo o óbvio: parceria, respeito, confiança, cumplicidade, amizade. Há quase 10 anos, fui diagnosticada com uma doença neurodegenerativa e ele nunca me acompanhou em uma consulta, nem nesse momento difícil para mim. Mesmo após diagnóstico, continuo trabalhando muito, tem dias que fico em pé mais de 10 horas por dia para dar conta de tudo. O mais difícil é que eu sempre tentei conversar para dizer o quão sobrecarregada estou com tudo e que preciso de ajuda e ele diz não ter tempo e nem condições financeiras. Não tenho ninguém para me ajudar, dependo financeiramente dele e por ele sempre dizer que não tem dinheiro, nem salão de beleza para cortar cabelo eu vou, faço tudo em casa. No mesmo ano em que estava investigando a doença, ele começou ficar mais distante e me torturar psicologicamente a tal ponto de eu odiar a minha própria pessoa (acabei desenvolvendo duas doenças autoimunes), pois eu me sentia inferior e que não fazia nada direito. Como isso só ocorria quando estava sozinha e na frente das pessoas ele era homem perfeito, ninguém acreditaria em mim caso eu contasse. Descobri que além de todas as tarefas, de passar por uma investigação e todos exames dando positivo para uma doença neurodegenerativa e também doença dos pais dele que eu também ajudava, eu me sentia muito triste e sozinha, o amor pelos meus filhos me deu forças. Os abusos psicológicos e indiferença que tanto me machucavam cada vez mais frequentes, ele me feria, me dava silêncio e depois pedia desculpas dizendo que minha fala desestabiliza ele. Descobri que no período de minha vida em que mais precisei dele, ele começou a me trair com uma colega de trabalho. Me traiu com ela há 6 anos e só parou porque eu descobri. Eu perdi o chão, pedi para ele sair da minha vida, pois eu só sabia que era casada quando fazia comida, lavava e passava as roupas dele. Ele pediu perdão, implorou, mesmo muito machucada decidi deixar ele em minha vida, mas com o passar do tempo a única coisa que mudou é que ele parou com os abusos psicológicos. Ele não me trata como esposa, como parceira, não divide a intimidade dele comigo, não sei de nada da vida dele. Parece que ele ama minha utilidade, mas depois de tantos anos me dedicando para casa e os outros, eu não consigo nem nomear meus sentimentos e me sinto perdida. Não tenho apoio de ninguém. Ele diz que me ama e que eu fico trazendo o passado à tona, talvez se ele me tratasse como eu mereço ser tratada, o passado ficaria mais fácil de ficar lá trás. Já tive várias oportunidades de trair ele, homens fisicamente melhores, mas não o fiz e ele me traiu e tratava a amante como rainha e eu, como empregada. É muito difícil ter que pedir o óbvio e isso dói muito. Ele não quer separar, mas também não me trata como esposa, pois enquanto eu economizava dinheiro, ele gastava com amante. Me sinto uma idiota por ter abandonado minha profissão para virar uma dona de casa e babá sem valor nenhum. Quero esquecer passado e quero viver como mereço, mas nem sei como, ainda mais sem apoio e com uma doença neurodegenerativa. Eu tenho vida normal, mas minha pouca energia é para manter casa em ordem, como disse, meu marido não quer separar e nem me trata como mulher. Enquanto ele frequentava restaurante e motel com amante, eu nem sei mais o que é isso. Meu marido não investe em mim, nem com tempo e nem como homem, nem como amigo, sinto que vou morrer nesta vida sem não fizer nada. Odeio não saber o que fazer de minha vida! Muito difícil sem dinheiro, sem saúde, sem apoio e com filhos.
