Minha mãe com 85 anos cansou de viver. Vive desanimada, só fala que quer morrer, que já cansou de viver. Ela faz acompanhamento médico, passa com geriatra, toma antidepressivo, mas por mais que façamos, somos 3 filhos, 4 netos e 1 bisneta a caminho, ela não tem motivação. Não quer mais fazer as atividades físicas que fazia com grupo da melhor idade, não quer sair para lugar algum e quando a levamos a passeios que nós escolhemos também fica desanimada.Tem muita saúde, só o cansaço de viver mesmo. Como devemos agir?
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18 AGO 2023
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Olá Atanacia, obrigado por trazer sua dúvida, tentarei ser objetivo e te ajudar a entender melhor. Depressão na terceira idade é um quadro bem complexo. Primeiro porque na velhice características da personalidade tendem a se intensificar (pessoas mais gentis e calmas tendem a ficar ainda mais fáceis de lidar enquanto que aqueles que já apresentavam comportamento hostil se tornarão idosos mal-humorados e de difícil convivência). A depressão por si é uma diminuição ou rebaixamento de tudo: menos energia, menos disposição, menos vontade, menos libido, a atividade cerebral diminui bastante. Outro ponto é que na depressão, em qualquer idade, o indivíduo tem pensamentos negativos constantes, não consegue sentir prazer em nada. Na velhice, isso se intensifica por conta da condição física do indivíduo. Vocês enquanto família podem mostrar presença, estimular ela a fazer essas atividades, a socializar, mas sem forçar. Em algumas situações devem insistir, em outras não, tem que ter tato nesse momento. Importante também saber o que ela gosta e o que era interesse dela durante a vida e antes desse quadro se estabelecer e trazer as coisas que ela gosta para o presente, seja o que for. Podem ser atividades, passeios, passatempos, pessoas. O tratamento deve ser feito com medicação e terapia, quando o paciente rejeita a terapia e só toma medicação está fazendo 50% do tratamento. E é mais comum na terceira idade aderir ao tratamento. Não sei qual a condição clínica da sua mãe, mas a depressão na terceira idade está associada às dificuldades resultantes das mudanças do envelhecimento. Pode haver perda da autonomia, problemas ligados às funções cognitivas e quadros demenciais devem ser considerados. Também é preciso avaliar as limitações geradas por alguma doença física. Resumindo, tudo afeta e influencia em maior e menor grau o surgimento e a manutenção do quadro depressivo, e o tratamento é psicoterapia e medicamentos. Tem outras terapias que pode ser usadas em casos mais graves, como EMT na qual utiliza-se um campo magnético para estimular determinadas áreas do cérebro e equilibrar esse fluxo de neurotransmissores, sendo esse um tratamento não invasivo e com bons resultados clínicos. Espero ter ajudado e boa sorte.
Olá Atanacia, como vai?
Imagino o quão angustiante que está sendo para você e sua família acompanharem esse momento de sua mãe e lidarem com o não reconhecimento dela em alguns aspectos que antes faziam sentido para ela na vida (e por vezes a mostrava ativa diante de vocês não?).
Acredito que o primeiro ponto a se pensar é: o que está causando esse desânimo em sua mãe? É a depressão? Uma falta de vitamina no corpo? É a falta de sentido na vida? A perda de algo significativo (saúde, amigos, parentes, atividades ou etc)? Quando e como esse quadro se iniciou? Sua mãe realiza alguma atividade de vida significativa que a dê prazer?
Muitos idosos começam a demonstrar uma desesperança na vida e se veem vivendo uma vida diferente totalmente da qual estavam acostumados antes. É uma vida que pode ser limitada fisicamente e socialmente; despertando uma angústia por vezes insuportável em pessoas que como você são familiares cuidadosos.
No entanto, cabe investigar os potenciais influenciadores nesse processo e prover o suporte talvez psicoterápico a ela (caso seja o desejo dela e de vocês) para auxiliar ela e vocês nesse processo.
Fico a disposição para demais conversas e esclarecimentos!
Olá,
Que bom que ela está cheia de cuidados da família. A medicação é importante no quadro depressivo, mas a psicoterapia trabalhando em parceria e o apoio famíliar é importante para a evolução como um todo. Sua mãe pode estar pensando que não tem mais nada pra viver, mas pode descobrir muitas coisas com um bom acompanhamento. Fico a disposição para falar mais sobre o acompanhamento, abraços
Oi Atanácia
Tua mãe com 85 anos pode realmente estar cansada de viver e fazer o que os outros impunham. Ela percebe que muitas vezes teve que se adaptar à vontade dos outros e isso gera cansaço, esgotamento e tristeza.
Ela precisa começar a ser grata por tudo o que a vida deu para ela: 3 filhos, 4 netos, uma bisneta e mais todas as outras pessoas que a admiram, amigos, amigas... cada dia que ela acorda é uma oportunidade de agradecer por tudo isso... claro que também sofreu, mas com certeza muita alegria e felicidade também.
A cada dia, solicitem para ela como ela quer viver este dia e aquilo que ela escolher, que seja isso mesmo, respeitem a escolha dela. Não há nada de errado em ela se sentir cansada de viver, de ela voltar para casa, a casa dela é em outro lugar.
Somos pouco inteligentes em entender o que é a vida e normalmente temos uma ideia errônea da morte.
Abraços
Olá, podemos conversar em terapia sobre isso e dar uma atenção maior à sua mãe, visto que ela tem 85 anos e algumas coisas podem mudar nessa idade.
Em terapia, se vc ou sua mãe quiser fazer, podemos trabalhar os limites da sua mãe, podemos ver as qualidades, talentos e atividades que ela mais gosta para ela poder interagir melhor ....Aprender a respeitar quais atividades ela não quer fazer e quais ela está pronta para realizar.
É importante entender que, as vezes nem sempre estamos dispostos a fazer algo, e está tudo bem, agora se isso for frequente, podemos conversar.
Entendendo sempre que tudo tem um limite e dentro desse limite podemos ver o que é saudável para ela.
Olá Atanacia! Obrigado por perguntar. É sempre prudente avaliar com maior profundidade cada situação. Ponderando: aos oitenta e cinco anos de idade, com esse quadro e essa mudança, parece que algumas coisas podem aproximar de construção de melhoras: Direcionar e estimular ela a fazer coisas, especialmente movimentos físicos ou outras coisas que pode ser que um filho, neto ou bisneto goste, que represente motivação, por exemplo: um prato que reviva momentos da história de vocês. Também será recomendável que ela possa, com regularidade, conversar com um de nós, psicólogos. Ao mesmo tempo, será interessante ver um endocrinologista para verificar possível explicação metabólica para essa modificação de estado.
Estarei a disposição para aprofundamentos.
Abraços! A Covid e a Dengue estão vigentes: sejamos cuidadosos. A maior parte dos políticos não são confiáveis. Dentre os religiosos, há muitos que se dizem religiosos, mas na verdade, são falsos: querem é dinheiro. Fazem teatro para enganar os descuidados. Os meios de comunicação não são neutros, mas aqueles que apresentam tradição de muitos anos ou recebem o selo educativo/cultural, e não estão a serviço de alguma seita religiosa, são razoáveis. Tenha sabedoria para filtrar. A Ciência não é perfeita, mas como fez o avião, a geladeira, o rádio, o celular, faz as vacinas. Confie na Ciência! Vacine-se, vacina as crianças.
Ary Donizete Machado - psicólogo clínico e orientador ocupacional.
