Cuidar da minha mãe está acabando com a minha vida.

Feita por >ANA PAULA · 23 set 2023 Abordagem psicológica

Olá, pessoal! Tudo bem?

Estou cuidando da minha mãe cinco meses de maneira integral. Tenho dois filhos, um de sete anos e uma de três. O fato é que eu estou deixando de lado as necessidades dos meus filhos por ela.

Vou começar do início.

Minha mãe veio de uma família de onze irmãos, onde três eram doentes mentais. A vida toda ela e os irmãos ajudaram a cuidar das irmãs e da minha avó doente. Ela me arrastou para esse mundo sempre, me obrigando a fazer unha, dar banho, ir ao banco, ficar na casa da minha avó quando eu não queria.

Na época eu não percebia que ela me obrigava a fazer isso, mas hoje eu vejo.

Ela sempre me disse que jamais iria criar netos, que "quem pariu aos teus que embale." E também sempre pôs na minha cabeça que a minha vó não gostava de mim, nem dela. Me dizia também que nunca quis ter filhos, mas que um dia resolver ter eu porque ela não queria ficar sozinha na velhice.

Minha avó morreu e ela pegou uma das minhas tias para morar conosco e ela cuidar. Sempre ajudei dando banho, comida, limpando cocô, vômito...

Me casei e tive meu filho. Nesse período de tempo minha tia, que cuidava de outra tia doente, morreu e minha mãe, prontamente, assumiu a responsabilidade de cuidar de duas pessoas doentes. Uma delas paralisada do pescoço pra baixo. Eu, como sempre, ajudei.

Inclusive, um dia eu fui pra casa da minha mãe estando grávida do meu primeiro filho e sangrando, usando remédio para segurar. A intenção era eu ficar de resguardo e não subir as escadas minha casa. Nesse tempo, minha mãe comeu algo que não fez bem e eu fui obrigada a cuidar dela, das minhas tias e pegar minha tia pesada e levantar, mesmo sangrando. Na época, minha mãe disse "você vai ter que pegar porque eu se pegar vomito". Eu não percebi, mas ali ela não se importou com o neto no meu ventre. Hoje eu vejo.

Meu filho nasceu bem e minha mãe sempre que me ajudava no resguardo fazia cara feia. Deixando claro que não queria. Eu fui para meu apartamento, passei fome, tudo sozinha com meu marido e bebê. Minha mãe continuou cuidando das irmãs.

Nesse período a irmã paralisada morreu e ela ficou só com uma para cuidar.

Aí ela passou a frequentar a minha casa, fazer almoço pra mim e brincar com meu filho. Foi um tempo mais feliz.

Engravidei de novo, meu marido foi transferido e eu resolvi que não iria para a outra cidade com ele enquanto minha filha não nascesse. Vim para a casa da minha mãe e passei a morar com ela.

Nesse tempo, ela me disse que estaria ao meu lado para ajudar com minha filha. Que eu podia contar com ela.

Ela já estava com problemas gravíssimos na coluna, paguei exames caros para ela, comprei remédios e parou o tratamento. Não quis continuar.

Quando grávida, ela sempre ficava emburrada sem conversar comigo por dia - coisa que ela fez com muita frequência durante toda minha vida - e eu chorava de madrugada por isso.

Ela emburrava por razões idiotas. Por exemplo, que eu dormi depois do almoço e ela ficou vigiando meu filho. Coisas assim. Ou eu não passei o pano na casa. Por aí vai.

O fato é que minha filha nasceu e ela rejeitou. Cheguei do hospital e nem na cara da minha filha ela olhou. Eu precisava buscar meu filho na escola, ela se negava vigiar minha filha dormindo. Eu tinha que acordar a menina e levar junto.

Nesse tempo ela parou de fumar, e começou ter crises de falta de ar. Eu tinha que ajudar ela em tudo. Tomar banho, comer, eu dava comida e banho na minha tia. Dava remédio. Cuidei de quatro pessoas e de mim. Além do meu trabalho em home office que sempre tive e da casa. Aí eu até perdi uma viagem que ia fazer com meus filhos porque minha mãe não podia ficar sozinha. Não tive reembolso.

Daí para frente, toda vez que ela adoecia, sentava a bunda no sofá e me via cuidando de todos sozinha. Sendo que ela não era irmã única das minhas tias. Ela nunca cobrou ajuda dos irmãos dela. Meu filho quase foi picado por uma cobra porque eu estava cuidando de tudo sozinha. Não fui para a cidade do meu marido porque ela não podia mais ficar sozinha.

Engraçado que, quando cheguei do hospital com minha filha recém nascida, a primeira coisa que ela me disse foi que não faria mais almoço, que era para eu dar um jeito que ela não dava mais conta.

Dei um jeito.

Aí ela teve Covid, nervo ciático vários vezes e eu cuidando de tudo.

Recentemente ela caiu, quebrou o fêmur e a vértebra da cervical, ficou tetraplégica. Eu cuidei dela, dos meus filhos e da minha tia por meses. Até que ela se tocou e chamou os irmãos para levar a irmã e cuidarem.

Agora estou sozinha com ela, com meus dois filhos, meu marido longe trabalhando. Cuidando de tudo.

Não posso sair porque ela não pode mais ficar sozinha, não posso levar meu filho no treino de futsal, na natação, não posso ir em festinha na escola. Me sinto numa prisão.

Tenho pensamento suicidas, quero que minha mãe morra também. Sinto culpa por não ter tempo para os meus filhos, por eles estarem perdendo tudo que poderiam ter. Meu nome está sujo porque gastei muito dinheiro com remédio e com gente para ficar com ela no hospital. Ela não tem renda. Nunca pensou em te e nunca quis procurar um benefício porque tinha vergonha de assinar o nome na frente dos outros.

Olho meus primos e todos foram prioridades na vida dos pais. Tiveram presença, ajuda financeira. Meus tios pensaram no futuro financeiro deles com intuito de não sobrecarregar meus primos. Ajudaram criar os netos. Eu não tive/tenho nada disso.

Por quê? O que faço? Me matar seria a solução correta.

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