Vocação para quê, afinal?

Vocação. Palavra de sonoridade simpática, até, mas ou falar uma coisa, vocação pra que? Me parece mais papo de padre (com todo amor, carinho e respeito).

A questão é que o termo é usado para falarmos de trabalho. Qual é a minha vocação nesse mundo? O que escolher para fazer quando crescer? Essa era a pergunta que passava pela minha cabeça e de muitos dos meus amigos dos tempos de escola.

Desde aqueles tempos já me questionei uma duas ou três vezes sobre essa dita "vocação" e minhas escolhas profissionais, de como me apresentar para o mundo, o que fazer em troca de reconhecimento, dinheiro e satisfação.

Porém, descobri que dificilmente temos certeza de nossa vocação. É algo que vamos confirmando com o tempo. No momento de escolher um curso para o vestibular, passei por um processo de orientação vocacional, que me levou para a psicologia com o objetivo de trabalhar em empresas. Caso raro, no primeiro dia de aula e em uma sala de mais de 80 pessoas, apenas eu e mais uma tínhamos essa expectativa na formação. Com o tempo vieram as crises quanto à minha escolha – e que só me fizeram confirmar o caminho que venho trilhando.

A primeira das minhas "crises" foi ocasionada pela falta de foco mesmo. Formada em Psicologia para trabalhar em RH, acabei caindo em Gestão de projetos, e trabalhei para os números por exatos 2 anos. Sentia falta de algo, e esse algo era o chamado para voltar à área de Gestão de Pessoas.

A segunda crise, veio em um encerramento de ciclo e o chamado para viver um período sabático, e a vontade de viver sem saber o que me esperasse no dia seguinte, na possibilidade de explorar outras versões de mim mesma. No final do dia, descobri que o caminho seguia sendo o mesmo, viver movendo as pessoas, mas percebi meu interesse genuíno em conectar as pessoas, entre si ou com conhecimento mesmo, sabe? Uma dica, uma curiosidade, a apresentação de um livro ou contato. É a vontade (ou vocação?) genuína de ajudar as pessoas a se construírem.

Na última e derradeira das crises, atendendo a um desejo pessoal de continuar morando em uma cidade pequena, em que as oportunidades em grandes empresas seriam escassas... Descobri um futuro de trabalho sem fronteiras. Por que não trabalhar à distância, de onde quero, para onde quero?

Precisei me reinventar e resgatar aquela essência da minha formação (ou vocação?) e trabalhar para ajudar as pessoas a se transformarem também, resgatando a essência da Psicóloga por formação que sou.

Nesse caminho nem tudo são flores. Nem na transição nem sem a transição. Temos no ambiente de trabalho situações que podem ser austeras – "Isso é uma selva", já dizia um colega estagiário lá no comecinho da minha jornada. Nessa selva não me saio como a melhor das caçadoras.

Não foram poucas as conversas que tive usando o chapéu de RH para ajudar as pessoas a entenderem os caminhos que trilharam em suas carreiras e escolherem os próximos passos que dariam.

Sim, tive minhas noites sem dormir, meus dias sem coragem de sair do carro para mais um dia de labuta, mas também tive muitas conquistas e meu trabalho foi viabilizador de conquistas pessoais também, e isso é fundamental lembrar!

Agora, se você está passando por um desses momentos de se questionar sobre sua "vocação", sobre o que faz, os caminhos que escolheu para sua carreira, fique tranquilo, você não está sozinho, nem precisa estar. É aí que entra o processo de Orientação Profissional e de Carreira (ou, como diriam antigamente, vocacional). Trabalhamos para ajudá-lo a descobrir aonde estão os seus talentos e como potencializá-los no seu dia a dia.

Renata Almeida

Psicologa especializada em orientação profissional e de carreira em um contexto de futuro do trabalho.

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