Crise Existencial – Ontem, Hoje e Sempre – Importância da constante revisão em Terapia

A cada dia, uma pessoa se depara com perguntas em seu interior, seja no âmbito familiar, social ou profissional. Todo indivíduo questiona sobre si mesmo ou sobre seu entorno em algum momento de sua Jornada.

2 MAI 2023 · Leitura: min.
Crise Existencial – Ontem, Hoje e Sempre – Importância da constante revisão em Terapia

Toda pessoa vivencia crises existenciais ao longo da vida. O problema consiste em, quando o grau e nível destes questionamentos são exacerbados, capazes de promover danos à saúde física e mental do indivíduo.

A esses momentos de questionamentos sobre diversos aspectos da vida, dá-se o nome de Crise Existencial. Exemplos práticos de tais questionamentos são: qual lugar que ocupo no mundo; qual meu propósito de vida; como funciono a partir do que me envolvo; qual a razão de estar por aqui, entre outros. São questões que resultam de muitas dúvidas, incertezas e angústias.

O termo "crise", extraído da "Publicação Reflexões sobre atendimento psicológico em situações de crise no contexto da pandemia, em 9/04/ descrito 2020", é como:

"A crise pode ser compreendida como um momento de sofrimento muito intenso, no qual há uma desestruturação da vida psíquica e social da pessoa. Em geral, as crises são caracterizadas por distúrbios do pensamento, emoções e comportamentos." (CRP-PR 9/04/202)

O termo "existencial", extraído do livro "Em busca de sentido", do Viktor Frankl , aparece da seguinte forma:

"O termo "existencial" pode ser usado de três maneiras: referindo-se (1) à existência em si mesma, isto é, ao modo especificamente humano de ser; (2) ao sentido de existência; (3) à busca por um sentido concreto na existência pessoal, ou seja, à vontade de sentido." (pag.126)

Constata-se então que, a Crise Existencial desdobra-se de um conflito interno, a partir do sentimento de descontentamento de um indivíduo, em que ele passa a questionar sobre o intuito de sua existência. Isto pode ocorrer em diversos momentos e por variados motivos na vida de uma pessoa e causa danos emocionais e sofrimento.

Embora seja difícil direcionar uma causa específica, é sabido que alguns fatores precisam ser considerados, tais como: insatisfação consigo próprio; sentimento de culpa; emoção e sentimentos reprimidos; frustração com a carreira. Existem várias providências a serem tomadas para o enfrentamento de uma Crise Existencial, já que a mesma promove prejuízos emocionais ao indivíduo.

No que se refere aos sintomas, os mais frequentes na Crise Existencial são: ansiedade, insatisfação, insônia, estafa mental, vontade de se isolar, pessimismo, pensamentos recorrentes sobre a morte, alterações no apetite. Tais sintomas determinam padrões comportamentais dissonantes ao indivíduo, tornando-se necessário buscar apoio psicológico, já que a Psicologia possui ferramentas que capacita a pessoa a lidar melhor com seus pensamentos, sentimentos e ações resolutivas.

O manejo eficaz para a Crise Existencial consiste em acompanhar o paciente por meio de sessões psicoterapêuticas individuais, em geral uma vez por semana, onde aplica-se técnicas diversas, tais como, anamnese, questionários projetivos, tarefas em TCC (Terapia Cognitiva Comportamental),sugestão de leituras, que provoquem na pessoa o desejo de revisar e ressignificar seus questionamentos , além de atenuar a ansiedade em busca de respostas imediatas.

Vale ressaltar que Crise Existencial se trata de algo muito subjetivo e cada indivíduo apresenta suas singularidades. Embora não seja tão fácil a resolução de uma Crise Existencial, é possível remodelar e modificar as perspectivas sobre a mesma, além de propor um novo propósito de vida. Averigue as pistas:

  • Enfrentar o medo de mudanças;
  • Listar as prioridades em sua jornada;
  • Amplificar o nível de pressões internas;
  • Aceitar dúvidas como algo promissor;
  • Deixar de cobrar respostas imediatas;
  • Investir na terapia;

Rita Emmett, em seu livro "Não deixe para depois o que você pode fazer agora", afirma:

MEDO DO DESCONHECIDO – "Esse medo é provavelmente o mais comum. As circunstâncias comuns podem ser horríveis, dolorosas e assustadoras, mas ainda assim são mais fáceis de lidar que os terrores do desconhecido". (pag. 61)

Existem diversas vertentes na Psicologia que dão suporte e estruturam a maneira de tratar a Crise Existencial.

Uma delas é a Logoterapia, escola psicológica conhecida como a Psicoterapia do Sentido da Vida, que tem Victor Frankl como seu precursor. Frankl, afirma:

"Precisamos aprender e também ensinar às pessoas em desespero que a rigor nunca e jamais importa o que nós temos a esperar da vida, mas sim exclusivamente o que a vida espera de nós." (pag.101)

"Em suma, cada pessoa é questionada pela vida; e ela somente pode responder à vida respondendo por sua própria vida; à vida ela somente pode responder sendo responsável." (pag.133)

Já James Hollis, famoso psicanalista junguiano, em seu livro "A Passagem Do Meio", muito conceituado sobre crises na chamada meia-idade, declara:

"Invariavelmente, muito antes de a pessoa tornar-se consciente de uma crise, os indícios e os sintomas já estão presentes: a depressão reprimida, o abuso do álcool, casos amorosos, constantes mudanças de emprego, e assim por diante – esforços de anular, desprezar ou deixar para trás as pressões interiores." (pag.23)

Outra importante citação de J. Hollis, a partir da visão junguiana, em sua obra "A Passagem Do Meio", vem contextualizar o destaque da presença da neurose, como fator decisivo para a crise existencial:

Jung observou que uma neurose "precisa em última análise ser compreendida como o sofrimento de uma alma que não descobriu seu significado." (pag.23)

É ainda Jung quem afirma em suas Obras Completas

"O principal objetivo da terapia psicológica, não é transportar o paciente para um impossível estado de felicidade, mas sim ajudá-lo a adquirir firmeza e paciência diante do sofrimento. A vida acontece num equilíbrio entre a alegria e a dor." (OC. As obras completas de C. J. Jung – Editora Vozes)

De acordo com o Artigo "A terapia cognitiva de Aaron Beck (criador da Terapia, Cognitiva Comportamental) como reflexividade na alta modernidade: uma sociologia do conhecimento":

"Fica claro também que a terapia cognitiva se apresenta como um sistema especializado de conhecimento, cuja função é oferecer possibilidades de superação para dilemas e conflitos para os quais, em uma sociedade destradicionalizada, muitas vezes o indivíduo não encontra respostas nas fórmulas tradicionais anteriormente úteis." (Psicologia: Teoria e Pesquisa 25 (4) Dez 2009)

Finalizando, a intenção ao escrever esse artigo é aguçar o interesse do leitor para a busca do apoio e orientação psicoterapêuticos, junto as questões inerentes à Crise Existencial, tendo comoreferência renomados estudiosos, além da prática em minha área de atuação.Estou inteira à disposição para o início desta jornada. Lembrem-se que 'Amor, Cuidado e Cobrança' (de ordens analíticas) compõem o verdadeiro processo psicoterapêutico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

  • 1.Hollis, James. A passagem do meio: da miséria ao significado na meia-idade / James Hollis; [tradução Cláudia Gerpe Duarte] – São Paulo: Paulus, 1995 – (Amor e Psique)
  • 2.Frankl, Viktor E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração / Viktor Hollis Frankl. Traduzido por Walter O.Schlupp e Carlos C. Aveline, 48. Ed. – São Leopoldo: Sinodal: Petrópolis ; Vozes, 2019.
  • 3.Emment, Rita. Não deixe para depois o que você pode fazer agora / Rita Emment : tradução de Vera Maria Whately. – Rio de Janeirio. Sextante, 2003
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Escrito por

Anamaria Barros de Almeida

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