Com a covid-19 houve o isolamento social, o que me obriga a conviver com minha família. Antes disso eu evitava a qualquer custo ficar em casa. Somos 4, eu, minha mãe, irmã mais velha e irmã mais nova.
Sempre sentir problemas na relação com elas, sempre sentir o tratamento da minha mãe diferente por mim. Quando ela compra algo pra mim, ela diz pra eu não dizer as outras que foi ela que deu.
Eu e minha irmã mais velha sempre brigamos muito. Desde quando éramos crianças, agr tenho 18 e ela 23.
Minha mãe nunca se meteu em brigas de nós duas, sempre deixa o "pau comer" e agora que que estamos maiores isso acontece também.
Minha irmã mais velha me humilha frequentemente por eu está desempregada, me humilha falando que sou adotada(coisa que não sei, minha mãe diz que não), que é melhor que eu, que tem isso, que tem aquilo e minha mãe assiste isso tudo e não fala nada, não diz nada. Não me defende, não toma partido de nenhum dos lados. Mas depois sou eu que fico sozinha, sou eu que fico isolada enquanto ela continua lá com minha irmã mais velha rindo, assistindo junto com ela.
Eu perguntei a ela pq ela não falava nada, ela disse que não queria se meter e se estressa comigo quando cobro que ela faça algo.
Sei que está sendo muito insuportável viver aqui dentro, tenho que estudar pro vestibular e não consigo, pq vivo triste, vivo chorando.
O que faço? Como lido com isso?
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8 MAI 2020
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Oi Laura,
De graças por ser assim na tua família. Isto facilita o processo de separação.
Laura, você veio através do teu pai e da tua mãe, mas você não é deles.
Você escolheu esta família para vir ao mundo e teu compromisso é identificar teu Projeto de Vida e ser independente.
Família não é a consanguínea necessariamente. Família você escolhe depois, no decorrer da vida.
Talvez a vida esteja colocando a tua irmã em briga contigo para te auxiliar a tomar a decisão: daqui a pouco, vai sair de casa para fazer a tua vida. Não fique triste não. Está tudo dando certo, saiba ler e interpretar as mensagens da vida através das relações que tens com a tua família. À mãe, deve ser grata porque ela proporcionou a tua existência física, te cuidou e te nutriu até agora.
De agora em diante, ela poderá ser amiga sua, mas você tem que ser mãe de ti mesma.
Aos poucos vai se independizando afetivamente e financeiramente para se autosustentar, para não depender de ninguém.
Aí você se torna construtora de si mesma e vai sentir orgulho de ser você.
Olá Laura! Obrigado por participar. Cada ser humano é único, complexo, com potenciais intermináveis a explorar. Você pode desenvolver muitas habilidades, muitos caminhos. Como cada ser humano é único e complexo, acaba por estar sempre buscando se conhecer, posto que é social, espera reconhecimento; acontece que o outro está, também, em busca de se conhecer. Estude, estabeleça metas claras, exequíveis, flexíveis, planos que contemplem referências para a ocupação de todo o seu tempo, incluindo tempo para dormir, para descansar, estudar, divertir-se. Respeite seu planejamento, mas saiba que você não pode ser perfeita e infalível, mas pode ponderar quando falhou, se foi por desleixo ou falhou por limitação humana justificável. Lembre-se: cursos universitários precisam ser bem feitos, com amor e persistência, durante o curso inteiro, desde o primeiro dia até o último. Depois precisa continuidade de estudos, muitas vezes, trabalho fora da área, para viabilizar a entrada na área. Seja sempre persistente. Quanto à configuração familiar, o primeiro filho nasce único, o último é o menor e indefeso, logo, organiza-se um pouco de realidade e um pouco de estado psicológico, de que o filho do meio fica um pouco menos assistido. De outro lado, lembre-se: do jeito dela, com as limitações e contradições dela (todos os seres humanos são contraditórios e limitados, sua mãe não seria diferente), certamente sua mãe quer muito o seu bem. Harmonize-se internamente. Sendo possível, passe por um trabalho técnico-científico com um psicólogo. Abraços virtuais (em tempos de pandemia, saia de casa, somente para o que for necessário, com máscara, higiene e distanciamento físico: uma morte a mais evitada, será toda uma vida a mais, preservada!) Ary Donizete Machado - psicólogo clínico.
