Última vez que me senti amado
Tenho 18 anos e trauma é coisa que não me falta.
Meus pais são separados desde que eu tinha 9 anos, morava com meu pai desde então.
Minha mãe já fez vários abusos psicológicos. Toda vez que eu ia para casa dela, ela ficava dizendo para mim de 9 anos que eu comia muito e que não tinha dinheiro para essa quantidade de comida. Ficava me ameaçando de processar meu pai, invés de ir falar com ele diretamente e me fazia me sentir culpado por coisas fora do meu controle! Toda vez que eu visitava minha mãe e a minha irmã se irritava comigo, minha irmã me batia até deixar roxo nas minhas pernas. Ela sempre agiu com manipulação.
Meu pai por outro lado é um fanático político. Nós dois somos cabeças duras, então a gente sempre brigou ao longo dos anos. Sempre que a gente brigava, ele dizia que eu era igual a minha mãe e que eu deveria ir morar com ela, ele só falava isso porque sabe como isso me afeta. Nunca fui uma pessoa que sai muito de casa, então meu assuntos eram limitados. Sempre me concentrei nos meus cachorros e coisas como vídeo game. Então por causa disso, eu acabava falando muito sobre os cachorros com o meu pai e tudo que ele dizia era como eu era repetitivo; sem assunto e muito chato. Ele também já fez ameaças do tipo que se eu me vacinasse para o Covid, eu seria expulso de casa.
Diferente da minha mãe, meu pai nunca me deixou faltar nada em questões materiais. Sempre comprava tudo que eu pedia (dentro do limite, claro).
Esse ano nos mudamos de Estado e eu havia começado a fazer terapia, por causa de muita ansiedade, depressão e raiva. A Raiva sumiu completamente depois do tratamento e não é mais um problema na minha vida, e a ansiedade e depressão estavam controladas também. Minha ansiedade vem muito de relacionamentos, eu estava "bem" mas não estava realmente me importando com ninguém. Um pouquinho de bloqueio emocional eu diria. Isso mudou nos últimos tempos, conheci pessoas que eu realmente amo e sei que elas me amam. Eles me ajudam a passar pelos meus "surtos" e me ajudam a acalmar. Nos últimos meses estou morando sozinho, pois meu pai voltou para o nosso Estado e me deixou aqui terminando o Ensino Médio (escolha minha). Eu realmente me importo com cada um dessas pessoas, porque todos tem família disfuncional e mesmo assim me apoiam. Minha casa estava um lixo, completamente podre. Eles vieram me ajudaram a limpar tudo, eles me cobram para eu não deixar a casa voltar a ficar suja. Eles me cobram para eu comer melhor e não ter falta de vitaminas no corpo. Eles são incríveis, essa semana eles fizeram eu me sentir amado e acolhido. Coisa que eu literalmente não lembro a última vez que eu senti isso antes. Meu problema é: Graças a todas experiências da minha infância, (que infelizmente eu não falei nem da metade) eu me sinto um peso para eles. Eles falam que eu sou um ótimo amigo e bem lá no fundo eu sei que eu sou. Eu faço tudo que eu posso por eles, e isso não me dói em nada. A pessoa que eu sou, vai ajudar eles em todas as situações que eu puder. Mas os pensamentos intrusivos sempre invadem minha mente, que eu sou só um peso pra eles; que eles estariam melhor sem mim; que eu sou irritante; que eu mando muita mensagem para eles. Coisas do tipo, que seria mais fácil para todos se eu morresse. Sempre que eu acabo tendo um desses episódios, eu acabo me odiando ainda mais por fazer eles se preocuparem comigo. Me sinto ainda mais culpado por fazer eles terem que ficar preocupados sobre como estou. Junto a tudo isso, morro de medo de me sentir sozinho novamente. Medo de ficar sem nenhum deles, que um dia vamos todos nos afastar e eu vou voltar a ficar na minha eterna escuridão. Eu não posso lidar com esse sentimento de solidão novamente, me senti sozinho por muitos anos e não consigo mais lidar com esse sentimento. Não consigo suportar nem a ideia de voltar a me sentir assim. Apesar de como eu disse, no fundo saber que eu sou um ótimo amigo. Não consigo acreditar nisso por muito tempo e queria que eles me abandonassem para eles terem menos um problema na vida e ao mesmo tempo, não iria suportar ficar sem eles. Meu pai pode bancar onde eu moro, mas eu considero eles a família mais próxima que eu tenho...