Me sinto um lobo solitário, um gato preto.

Oii, bom dia, boa tarde ou boa noite, meu nome Pedro, tenho vinte anos e possuo autismo nível de suporte um.

Eu havia lido um relato de uma garota cujo qual se sentia solitária, incompreendida; era uma pergunta de 2018 mas ainda sim, ela potencialmente é portadora de autismo ao meu ver, especialmente em sinais clássicos.

Porém, vamos por partes, a primeira é que apesar de eu ter o transtorno, eu me sinto bastante diferente de boa parte dos autistas, aqui vão algumas ações minhas incomuns no espectro:

1) Faço contato visual e olho para a câmera quando sou fotografado.

2) Adoro humor negro e sou um dos primeiros a entender piadas desse tipo.

3) Adoro escutar músicas estridentes, com muitos instrumentos e boa masterização.

4) Não tenho uma seletividade alimentar tão rígida.

5) Gosto de praticar exercícios físicos, diferente de grande parte dos meninos/homens autistas que apreciam estar em casa jogando jogos digitais.

A segunda é de que eu sou alguém que valoriza bastante a cultura e essência brasileira, apreciando cantores como Antônio Carlos Jobim e Rosa de Saron, a agradabilidade dos brasileiros, o jeito carinhoso que nossas professoras fornecem aos seus alunos, a socialização grandiosa, o visagismo, o gosto por tomar bons banhos todos os dias e sentir a sensação da água tocando nossos corpos.

Lembro também de ter visto um comentário no canal do Paul Cabannes de uma mulher que era mãe e morava na Itália, porém a mesma era a única mãe que se agachava para consolar a filha na porta do colégio ou na reunião de pais, outro comentário era de uma mulher casada com um europeu que havia "Nunca encontrou alguém como ela", mesmo tendo várias namoradas no passado.

Eu também fico com enorme raiva quando alguém desmerece ou subestima meu país.

Também vejo que na comunidade onde estou, não há quaisquer culto à tradição intelectual brasileira, com bares somente pondo sertanejo universitário, funk ou pagode.

Eu adoraria socializar mais, apreciar mais o mundo externo, porém só consigo apreciar sozinho se criar expectativa para determinado evento ou estiver com alguém ao meu lado.

A terceira é de que eu possuo uma parte racional muito forte, com bom desempenho logico-matemático, apesar de desejar ter uma ficante, ter um lado emocional também forte e querer desfrutar melhor da minha sexualidade, que foi muito escanteada por conta dos meus medicamentos, feitos para dar suporte ao meu autismo, especialmente no quesito da raiva e socialização posso dizer.

A parte racional é tão forte que, nos últimos doze meses, concluí treze cursos extracurriculares, a maioria pagos, e os coloquei no meu currículo, entre eles estão os cursos de Microsoft Word da Veduca, Como gastar conscientemente da FGV, meu curso de inglês fluente, dentre outros, pois acredito que a educação formal é capaz de empoderar um indivíduo, seja em quesito de influência ou no quesito financeiro.

Quarto tópico, vamos lá; outrossim quero dizer que me considero relativamente bem mais formal do que jovens da minha idade no geral, certos momentos vejo perfis e stories de garotas da minha cidade e percebo que as mesmas tem um método de socialização tradicionalmente neurotípico, com as mesmas apreciando músicas, pondo faixas stories e músicas principais de perfil, com as de cantores com uma atmosfera mais urbana como Orochi, Filipe Ret, Cabelinho, dentre outros.

Eu já sou alguém que prefere Bossa Nova, rock, eletrônica, certos funks proibidão e música pop das mais variadas.

Vale ressaltar, não sou do tipo de usar camisa de time, ter tatuagens, correntes de ouro ou ter um iPhone só para causar uma boa impressão entre os jovens. Eu adoto um outfit/visual mais neutro e um tanto quanto formal, já que aprecio tênis branco, bota chelsea ou tratorada, calça jeans ou chino, camiseta lisa ou camisa social por cima de uma regata, relógio de couro, pingente de prata e bolsa transversal.

Não me considero necessariamente superior aos mesmos cultural e intelectualmente dizendo, só não gosto de trazer a mim uma imagem tão informal quanto o jovem médio.

Com isso, vejo que no geral, mulheres da minha idade preferem homens com abordagem mais informal querendo ou não, até no quesito vocabulário mesmo elas preferem garotos que exclamam gírias, eu sou mais de usar neologismos.

Quinto, tenho dificuldade em flertar, já que não sou um homem de abordar tanto mulheres as quais considero interessantes, o certo seria eu participar de uma academia, terapia coletiva para autistas, mas já estou pretendendo.

Um muito obrigado para quem leu, agradeço de coração, pois o texto foi longo, espero respostas.

Faloooooou!