Jogos de poder

A busca pela produtividade associada a incapacidade de lidar com o lugar de mando pode levar pessoas a opressão sobre seus subordinados, promovendo quadros patológicos diversos.

29 JUL 2018 · Última alteração: 9 AGO 2018 · Leitura: min.
Jogos de poder

Durante muito tempo se pode ver uma grande opressão dentro da disputa de sobreposição de classes no campo do trabalho, cujo objetivo final se dava na busca de prevalência de poder entre patrões e empregados em torno de questões como lucratividade versus reivindicações de direitos. Na atualidade, não se mudou muito no que se refere a dilemas em termos de opressão, dentro das estruturas de trabalho, haja visto o número elevado de assédio moral e sexual com cobranças por resultados aos quais os funcionários acabam por alcançar um estágio de stress laboral ou até mesmo de burnout. Nesse caso, há ainda a questão dos gatilhos de sofrimentos psicológicos que derivam para agravamento de diversos quadros patológicos.

Infelizmente, muitos desses casos ainda fazem parte da nossa realidade, pois algumas pessoas quando assumem um lugar de comando, cuja competência de destaque pode residir numa certa capacidade de buscar resultados a qualquer custo, acabam lidando de forma autoritária com essa posição, vindo a produzir no grupo de colaboradores um conjunto de efeitos de opressão que deriva para uma condição de adoecimento severo.

Ao longo da história a tirania acabou, em muitos casos, sendo vista como sinônimo de eficiência e autoridade no lugar de mando, mas na atualidade já pode ser vista como abuso. Para tanto, quando submetidos a esse tipo de opressão no campo laboral, devemos buscar manter nossa naturalidade e personalidade sem nos deixar mover por completo pelas investidas de um chefe ou por uma filosofia de empresa que, muitas vezes, acaba por tentar anular nossa identidade. Quando assumirmos um lugar de liderança, por sua vez, precisamos igualmente aprender a dosar empatia com autoridade sem acabar por nos tornarmos um abusador em nome da produtividade ou de um narcisismo que busca compensar uma ausente autoestima. Buscar equilibrar aquilo que temos de fazer, numa posição de cumprimento de regras, com aquilo que somos é mesmo um desafio, mas que pode ser alcançado num caminhar analítico e de autocuidado como uma forma de não adoecer.

O trabalho representa uma fatia expressiva de nossas vivências na vida diária na qual a perda da nossa identidade e naturalidade torna-se algo desastroso. No entanto, quando fazemos aquilo que gostamos com a preservação de identidades e estipulando uma relação de respeito entre os demais agentes de trabalho, isso poderá resultar num ambiente profissional bem mais proveitoso, de modo geral, para todos.

Contudo, a ajuda profissional da psicologia e da psiquiatria pode tornar-se um auxiliar significativo na busca de uma melhora e de uma saída para recomposição psicológica e emocional que, por sua vez, pode resultar em ganhos sociais.

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Escrito por

Adriano Andrade Barboza

Graduado em Psicologia pela PUCPR e pós-graduado em Psicologia Clínica: Abordagem Psicanalítica pela mesma universidade. direciono-me para a grande área da Psicologia e da Filosofia e ao viés psicanalítico. Formação complementar na área de uso abusivo de substâncias pela UNIFESP e USP. Atua como psicólogo clínico em consultório particular.

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